Boa Midia

Barra e o anel viário que tem obra crônica

A drenagem no anel
Noite e dia, dia e noite, todos os dias, mais de duas mil carretas, bitrens, ônibus e outros carros pesados, além de automóveis, utilitários e motos que trafegam nas rodovias federais 070 e 158 cruzam Barra do Garças, Pontal do Araguaia e Aragarças (GO) – no Vale do Araguaia – rumo Norte e Sul, num vaivém sem fim mantendo o caos no tráfego nas três cidades. Isso acontece por falta de conclusão do anel viário, condição esta que criou uma espécie de Corredor do Inferno, com 12 quilômetros de extensão, que desafia a capacidade administrativa do governo federal e ao mesmo tempo demonstra a falta de influência por parte dos políticos que vestem a camisa da construção daquele caminho alternativo para desafogar a conurbação que se espalha por dois estados no encontro das águas do rio Garças com o Araguaia. O anel é uma obra quase anciã, que se arrasta há duas décadas. Em mais uma promessa de término da construção o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) trabalha com a possibilidade de cortar a fita em 2021.

 

Nas cidades de Aragarças, Pontal e Barra as rodovias federais 070 e 158 misturam o tráfego de longa distância com a movimentação dos veículos locais deixando a população permanentemente sob risco, tumultuam o trânsito e dificultam o vaivém das pessoas entre as três cidades. A essa movimentação se juntam os veículos que circulam pela MT-100, que atravessa as duas cidades mato-grossenses

A população de Barra perdeu a esperança na conclusão do anel e faz piada com a situação, que aparentemente não será revertida em curto espaço de tempo, porque a região – nas duas margens do Araguaia – não tem poder de fogo político.

O FUZUÊ – O Corredor do inferno tem 12 quilômetros  numa conurbação com 88 mil habitantes sendo que a Barra tem 61.012  residentes.

Por ele passa rumo às indústrias goianas de esmagamento de soja e aos portos, parte da produção agrícola dos municípios do Vale do Araguaia mato-grossense. Ele também é a principal rota rodoviária entre Cuiabá e Brasília.

Sem anel o trânsito pesado invade a Barra

As três cidades mantém entre si permanente movimentação de motos, carros, ônibus, bicicletas e até mesmo de moradores a pé. Na área são comuns os casos de pessoas que residem numa, estudam noutra e trabalham numa outra cidade.

Apesar do intenso tráfego, o índice de acidentes no Corredor é considerado baixo. Isso tem que ser creditado à morosidade do trânsito, o que impede a alta velocidade, e ao condicionamento dos moradores, que aprendem desde cedo a arte de sobreviver.

O anel é uma obra sem fim e não se sabe sequer quantos milhões já consumiu. Sua extensão é de 9,9 quilômetros, com duas pontes: uma sobre o Araguaia, com 241 metros, e outra, sobre o Garças, com 168 metros. As pontes consumiram R$ 80 milhões, recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no governo da presidente Dilma Rousseff.  Atualmente está em curso a drenagem urbana do trajeto na Barra, para a qual o Dnit canaliza R$ 17 milhões.

Em seu último boletim, divulgado no final de julho deste 2020 o Dnit sonha com a possibilidade de conclusão da obra no próximo ano, mas na Barra, em Pontal e Aragarças quem tem juízo não acredita em prazo sobre o anel.

PS – PONTAL DO ARAGUAIA – Município desmembrado de Torixoréu e Guiratinga, em 21 de dezembro de 1991, por uma lei do deputado Roberto Cruz sancionada pelo governador Jayme Campos, Pontal do Araguaia tem 2.736,619 km², 6.711 habitantes, seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é 0,734 e a renda per capita R$ 13.417,79. A cidade forma conubração com Barra do Garças  e a goiana Aragarças. Além da BR-070, a MT-100 cruza a área urbana fazendo a ligação ainda não totalmente pavimentada entre Barra e Alto Taquari via Torixoréu, Ribeirãozinho, Ponte Branca, Araguainha e Alto Araguaia.

Pontal é uma das sedes do câmpus Araguaia da Universidade Federal de Mato Grosos (UFMT); a outra é Barra. A pecuária é a principal atividade econômica. O município tem belas praias no rio Garças. A sede da comarca é a Barra.

FOTOS:

1 – Assessoria do Dnit – Divulgação

2 – blogdoeduardogomes

 

 

Um golpe municipal em Araguaiana

 

Araguaiana sofreu golpe municipal
Araguaiana foi a primeira cidade do Vale do Araguaia, mas sofreu um golpe municipal que lhe tomou a autonomia administrativa em 1948, e somente a reconquistou em 13 de maio de 1986, quando se emancipou de Barra do Garças por uma lei das bancadas do PDS e PMDB sancionada pelo governador Júlio Cmpos. O município tem 6.422,966 km², 3.100 habitantes, o IDH é 0,687, a renda per capita R$ 22.734,83 e a economia é calcada na pecuária.

 

A incompetência do ex-governador Pedro Taques e de seu sucessor o democrata Mauro Mendes impede a conclusão da pavimentação da MT-100 no trajeto de 54 quilômetros entre Araguaiana e Barra, obra iniciada no governo de Silval Barbosa (2010/14). O governo não consegue construir duas pontes de concreto e o acesso a elas.

GOLPE – Em 14 de maio de 1774 o governador Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres instalou um posto policial onde surigiria Araguaiana. Pouco antes desse posto havia no local uma hospedaria chamada de Pensão da Ana, da qual resultou a denominação Araguaiana – fusão de Araguaia com Ana. Na época da guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai (1864 a 1870 ) o governo passou a alistar combatentes naquele posto. Em 8 de julho de 1913 a vila virou cidade com o nome de Araguayana e três anos depois passou a se chamar Registro do Araguaya, Em 1932 nova mudança de nome: o município virou Araguayana,

Barra era distrito de Araguayana e crescia com a movimentação da Marcha para o Oeste da Fundação Brasil Central, com o garimpo, a pecuária e a precária estrada que a ligava a Goiás,  enquanto a sede do município encolhia. Em 1948 o prefeito era Antônio Paulo da Costa Bilego, o político que deu o golpe municipal em Araguayana.

Bilego encostou um carro de boi na porta da prefeitura, juntou o que foi possível e transferiu a sede do município para Barra. Aliado de Bilego, o deputado Heronides Araújo apresentou e aprovou na Assembleia um projeto oficializando a mudança da sede e do nome do município para Barra do Garças – isso em 15 de setembro de 1948, com a sanção do governador Arnaldo Estévão de Figueiredo.

A autonomia foi restituída e o nome atualizado para Araguaiana, em 13 de maio de 1986 por uma lei da bancada do PDS e PMDB sancionada pelo governador Júlio Campos.  O município pertence a comarca da Barra. A MT-100 cruza a cidade, e além da Barra, ela também interliga Araguaiana com Cocalinho num trajeto que quase sempre é interrompido no período das chuvas na região – de novembro a março.

A antiga cidade murchou. Em 2000, numa entrevista que me concedeu naquela cidade, o professor José Lima disse que ao transferir a prefeitura, o prefeito Bilego jogou no Araguaia todos os livros que registravam o passado político do município. E ele sustenou que Araguaiana somente não acabou, por causa de sua escola, que à época se chamava Instituto Nossa Senhora de Piedade, e do Instituto Nossa Senhora Auxiliadora. “Para assegurar o ensino dos filhos, muitas famílias permaneceram no local”,

Eduardo Gomes com foto

 

 

 

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