Boa Midia

O jornalismo que falta

Eduardo Gomes

@andradeeduardogomes

O alinhamento editorial em Mato Grosso chegou a um patamar deplorável e não há o menor sinal de que essa situação vexatória seja revertida estando nos polos da mesma a classe política, com as exceções de praxe, e o jornalismo, também com as devidas ressalvas. Esse casamento de interesse é um apunhalamento na população, mas interessa muito aos seus personagens, sobretudo aqueles que chafurdaram em escândalos prontamente abafados e que estão atrás de votos para continuarem ou chegarem ao poder nos municípios, em outubro.

Observo bem a linha editorial das postagens em Mato Grosso.  A cada dia o noticiário policial é maior. Site do Vale do Araguaia abre manchete sobre crime em Aripuanã, como se o mesmo tivesse ocorrido em sua porta, e vice-versa. Nada contra a notícia com cor e cheiro de sangue, mas a forma massificada da mesma evidencia que um pacto ao estilo omertá leva o jornalismo Mato Grosso afora a desviar o foco dos assuntos que realmente interessam ao mato-grossense, mas que ele não pode abordar.

Enquanto o sangue do noticiário corre pelo imaginário das páginas dos sites, a caravana passa. Paralelamente a isso, o leitor/internauta é entupido com notícias melosas de Suas Excelências prometendo ‘isso’, ‘aquilo’ e ‘aquilo mais’. Assim, em nome de polpudos empenhos feitos por ordenadores de despesas para os cofres públicos, o jornalismo mergulha mais e mais na prostituição editorial.

É isso o que temos. Isso é o que eles – jornalistas e políticos são. Diante dessa aberração, e enquanto aguardo pela minha aposentadoria por idade e tempo de serviço, decidi recriar o blogdoeduardogomes que mesmo em sua modesta tentará prestar serviço editorial de qualidade a Mato Grosso.

A submissão pelos empenhos manterá intocáveis as figuras públicas denunciadas por suposta improbidade administrativa, crimes eleitorais, promoção pessoal e misoginia, também. Esse grupo é formado por prefeitos que querem mais um mandato, ex-prefeitos que tentam voltar ao poder, outros políticos em busca de prefeituras e de cadeiras de vereador, e seus apoiadores mais próximos.

O silêncio sobre o passado de figuras públicas permanecerá sobre pré-candidaturas a prefeito, vice-prefeito e vereador. Enumerá-las exige espaço editorial muito acima do suportável para um editorial. Espero focalizá-las na Série Perfil, que mostrará quem é quem na disputa em Cuiabá e nas principais cidades, onde o passado dos mesmos, na vida pública, voltará à tona pelos conteúdos do blog, sem excluir um sequer.. Mesmo assim, por amostragem elenco alguns nomes:

Mariano Kolankiewicz, prefeito de Água Boa e pré-candidato a prefeito começou sua administração em 2021 imprimindo cartilhas escolares que o cultuavam; esse episódio caiu na galeria do esquecimento, não sem antes Mariano jurar a mais cândida inocência.

Em Cuiabá o deputado estadual Lúdio Cabral (PT), é pré-candidato a prefeito. Em delação premiada o então diretor de Infraestrutura da Odebrecht Benedito Barbosa e Silva Júnior, o JB, revelou que Lúdio teria recebido propina de 1 milhão de reais na campanha para governador em 2014, e que seu codinome no esquema desmoronado pela Operação Lava Jato era Ema. Lúdio nega com todas as letras.

Mais materialidade do que as imagens, áudios e depoimentos que apontam para improbidade administrativa do prefeito de Diamantino Manoel Loureiro Neto (MDB), impossível. Dr. Manoel, como o prefeito é conhecido, teria mantido relações nada convencionais com um empreiteiro. O fogaréu das denúncias contra ele se apagou e ele permanece sorridente negando tudo, para todos, a todo o tempo.

Em Rondonópolis o vereador Roni Magnani lançou-se candidato a deputado estadual em 2022, pelo PSB. Tanto Magnani quanto a mulher do prefeito Zé Carlos do Pátio (PSB), Neuma Morais (PSB), que concorria para deputada federal são réus numa ação que julgará os fatos apurados numa operação policial que prendeu um homem que estaria distribuindo dinheiro para eleitores em Cuiabá, em troca de voto para os dois. Magnani e Neuma juram que jamais compraram ou mandaram alguém comprar votos.

As ligações do ex-governador Silval Barbosa com deputados estaduais, aos quais, segundo ele em delação premiada ao STF, pagava propina, estarão no centro das atenções do blog, pois daquele período, Emanuel Pinheiro será carro-chefe de campanhas em Cuiabá, onde é prefeito reeleito, e em Sorriso, onde Jose Zé Domingos Fraga Filho estará nos palanques atrás de votos para prefeito. Em Mato Grosso, quem bebe água assistiu os vídeos que se tornaram famosos com os apelidos jocosos de Paletó e Caixa de sapato. No momento oportuno o blog tratará daqueles vídeos imorais que mostravam a recorrência do esquema entre Silval e seus apoiadores na Assembleia Legislativa. Emanuel Pinheiro e José Domingos negam com veemência qualquer ato ilícito.

Casos de improbidade que teriam sido praticados pelos prefeitos Zé Bueno, em Campinápolis; Pascoal Alberton, em Terra Nova do Norte, à frente do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Peixoto de Azevedo; Luzia Nunes Brandão, em Ribeirão Cascalheira, Hemerson Lourenço Máximo, o Maninho, em Colíder; pelo ex-prefeito de Barra do Garças, Beto Farias; pelo ex-prefeito de Confresa Gaspar Domingos Lazari; pelo ex-vereador por Várzea Grande Walace Guimarães; e pela vereadora Edna Sampaio, em Cuiabá, e outros, reforçam a necessidade do jornalismo sério e que não seja seletivo, porque todos eles estão novamente na estrada pela permanência ou volta ao poder.

Não pensem que o blogdoeduardogomes será perfeito e saibam que seu editor reconhece sua fraqueza, limitação e falta de estrutura para oferecer o jornalismo que Mato Grosso precisa. Porém, tenham certeza que dentro das minhas condições tudo será feito nesse sentido. Aguardem pela Série Perfil, que abordará os pré-candidatos a prefeito em Cuiabá e nas grandes cidades. Estamos no caminho em busca do jornalismo que falta.

Boa leitura. Deus por nós!

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