O tricampeonato de 1970 e o que aconteceu em Mato Grosso desde então
Eduardo Gomes
@andradeeduardogomes
Transcorridos 54 anos da memorável conquista do tricampeonato mundial no México, como estão os craques canarinhos que encantaram o planeta? Como era Mato Grosso em 21 de junho de 1970, quando o capitão Carlos Alberto Torres levantou a Taça Jules Rimet e o que mudou neste período?
“Noventa milhões em ação /
Pra frente Brasil do meu coração /
Todos juntos vamos / pra frente Brasil, salve a Seleção”.
Este refrão foi o DNA da música mais tocada no rádio e cantada pelas multidões nas ruas do país inteiro no começo de 1970. Ele é a alma da canção “Pra frente Brasil”, do compositor Miguel Gustavo, que soava como patriótico grito de apoio aos jogadores canarinhos. Mato Grosso não era exceção e todas as suas vozes também entoavam aquela espécie de hino da pátria de chuteiras, como a definiu Nelson Rodrigues.
A música de Miguel Gustavo fala da população, que naquele ano de conquista da Seleção alcançava 90 milhões de brasileiros. Na área mato-grossense que mais tarde seria remanescente à divisão territorial a população era de 663.625 habitantes e se concentrava em 34 municípios . No território que pertenceria a Mato Grosso do Sul havia 933.465 moradores. No Estado intacto os residentes somavam 1.597.090.
Cuiabá tinha 100.860 moradores; o núcleo das maiores cidades era formado por Cáceres, com 85.699; Rondonópolis, 50.594; Poxoréu, 27.854; e Poconé, 19.278. Na outra ponta, Porto dos Gaúchos, com 1.235; Araguainha, 1.804; Aripuanã, 2.006; Luciara, 3.131; e Ponte Branca, 3.556. Mato Grosso era um grande vazio populacional com 0,73 habitante por quilômetro quadrado. A maior parte da população vivia na zona rural, à exceção do mosaico populacional de Cuiabá, Cáceres, Rondonópolis e Várzea Grande (18.305 habitantes). Hoje, são 141 municípios e Boa Esperança do Norte aguarda para ser instalado em janeiro de 2025. Algumas cidades têm qualidade de vida que se compara às melhores do Brasil.
Corrupção era palavra sem presença na vida da população. Depois houve a massificação do ataque aos cofres públicos.
Fazendo mea culpa em busca de amenizar sua condenação, o ex-deputado José Riva, que por 20 anos mandou na Assembleia Legislativa, assumiu que liderou um rombo de 175 milhões nos cofres públicos. Riva devolveu parte do montante, cumpriu branda pena em prisão domiciliar e está em liberdade.
Vários deputados estaduais da legislatura de 2011/14 foram filmados recebendo maços de dinheiro de Sílvio Corrêa, então chefe do gabinete do à época governador Silval Barbosa; nenhum foi condenado e todos juram inocência. Dentre os filmados, Emanuel Pinheiro (agora prefeito de Cuiabá), José Domingos Fraga, Luciene Bezerra, Alexandre Cesar e Ezequiel Fonseca. A filmagem do recebimento por Emanuel Pinheiro caiu no anedotário, porque ele deixou cair um maço de cédulas do bolso de seu paletó e a sabedoria popular não o poupou e o apelidou de Paletó. Em delação premiada homologada pelo STF Silval sustentou que a dinheirama era pagamento de propina para que os beneficiados fizessem vistas grossas sobre as obras para a Copa do Mundo de 2014 e a prestação de contas das mesmas, além de um projeto rodoviário de integração mato-grossense.
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Silval também delatou que cinco conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) teriam recebido propina pela mesma razão que os deputados. O ex-governador citou os conselheiros Antônio Joaquim, Sérgio Ricardo, Valter Albano, Waldir Teis e José Carlos Novelli – todos foram afastados judicialmente, mas retornaram às funções e permanecem apreciando os balancetes de prestação de contas dos jurisdicionados mato-grossenses. Todos os deputados e conselheiros negam com veemência que tenham recebido propina ou algum outro tipo de vantagem.

Ainda sobre políticos, dentre os que recorriam ao palanque em busca do poder no ano do tricampeonato, somente o advogado Carlos Gomes Bezerra permanece em atividade.
“Trabalhador estamos com você /
Nossa bandeira é o MDB” – dizia o jingle do MDB em 1970
Bezerra é suplente de deputado federal e preside o MDB desde tempos imemoriais e nunca mudou de partido; em sua carreira foi deputado estadual eleito em 1974, mas em 1970 tentou a Assembleia Legislativa, sem sucesso; por duas vezes foi prefeito de Rondonópolis, ao longo de cinco mandatos representou a população mato-grossense na Câmara dos Deputados, elegeu-se senador e governou Mato Grosso no período de 1983 a 1986.
A presença feminina na política é quase simbólica. Somente em 2002, com Serys Slhessarenko (PT), Mato Grosso chegou ao Senado e naquele ano Iraci França (PPS) elegeu-se vice-governadora na chapa do correligionário Blairo Maggi.
Iraci, no entanto, não pode ser considerada somente uma vitória feminina, pois é mulher de Roberto França, que à época era prefeito de Cuiabá e que havia exercido vários mandatos: vereador, deputado estadual e deputado federal, além de ter presidido a Câmara de Cuiabá e a Assembleia Legislativa.

Não havia rodovia pavimentada em Mato Grosso e o aeroporto Marechal Rondon era o único que operava jatos comerciais e voos noturnos. Toda a energia era gerada por conjuntos estacionários. Ponte era raridade. Pela precariedade e a limitação da malha rodoviária, Mato Grosso era administrado à distância, o que resultava no vácuo do Estado sobre imensas áreas.
Em 1970 o governador era Pedro Pedrossian e em Cuiabá, além da prefeitura local, também funcionava a de Aripuanã, município município banhado pelo rio Aripuanã, que lhe empresta o nome, na Amazônia Mato-grossense, na divisa com o Território Federal de Rondônia e o Amazonas, que não tinha acesso por estrada. Hoje, há rodovias paviamentadas para quase todos os municípios e a BR-163 é duplicada no trecho da divisa com Mato Grosso do Sul a Cuiabá cruzando Rondonópolis, Juscimeira, São Pedro da Cipa e Jaciara. No município de Lucas do Rio Verde há estradas municipais pavimentadas e chamadas de agroestradas; Água Boa também parte para a agroestrada..
No ano do tricampeonato o número de municípios de Mato Grosso era reduzido:34 – Aripuanã, Barra do Garças, Chapada dos Guimarães, Diamantino, Luciara, Nobres, Porto dos Gaúchos, Cáceres, Vila Bela da Santíssima Trindade (que se chamava Matto Grosso), Alto Paraguai, Arenápolis, Barra do Bugres, Nortelândia, Acorizal, Barão de Melgaço, Cuiabá, Nossa Senhora do Livramento, Poconé, Rosário Oeste, Santo Antônio de Leverger, Várzea Grande, Dom Aquino, Itiquira, Jaciara, Rondonópolis, Alto Araguaia, Alto Garças, Araguainha, Ponte Branca, General Carneiro, Guiratinga, Poxoréu, Tesouro e Torixoréu.

A população de Mato Grosso subiu para 3.658.649 habitantes, Cuiabá para 650.877, Várzea Grande (300.078), Cáceres (89.681) e Araguainha reduziu o número de moradores para 1.010. Cáceres permaneceu estagnada em razão do desmembramento de vários municípios; Araguainha continua na contramão do crescimento estadual. Cáceres é um dos cinco municípios mato-grossenses que fazem a fronteira de 983 km com a Bolívia – dos quais, 730 km em solo firme. Os demais: Poconé, Porto Esperidião, Vila Bela da Santíssima Trindade e Comodoro.

Quando Carlos Alberto Torres levantou a Taça Jules Rimet não havia os municípios de Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Marcelândia, Alta Floresta, Nova Mutum, Cláudia, Matupá, Santa Carmem, Vera, União do Sul, Nova Santa Helena, Nova Guarita, Novo Mundo, Nova Bandeirantes, Novo Horizonte do Norte, Nova Maringá, Guarantã do Norte, Apiacás, Paranaíta, Nova Monte Verde, Santa Rita do Trivelato, Tabaporã, Peixoto de Azevedo, Itaúba, Itanhangá, Ipiranga do Norte, Carlinda, Nova Canaã do Norte, Terra Nova do Norte, São José do Rio Claro, Novo Horizonte do Norte, Cotriguaçu, Castanheira, Juina, Juara, Juruena, Brasnorte, Campo Novo do Parecis, Sapezal, Campos de Júlio, Feliz Natal, Colíder, Guarantã do Norte, Comodoro, Canarana, Vila Rica, Querência, Água Boa, Alto Taquari, São José do Xingu, Confresa, Ribeirão Cascalheira, Bom Jesus do Araguaia, Alto Boa Vista, Novo Santo Antônio, Serra Nova Dourada, Ribeirãozinho, Pontal do Araguaia, Gaúcha do Norte, Santa Cruz do Xingu, Porto Alegre do Norte, Canabrava do Norte, São Félix do Araguaia, Nova Nazaré, Cocalinho, Araguaiana, Novo São Joaquim, Campinápolis, Nova Xavantina, Santa Terezinha, Araputanga, Mirassol D’Oeste, São José dos Quatro Marcos, Indiavaí, Figueirópolis D’Oeste, Reserva do Cabaçal, Rio Branco, Curvelândia, Pontes e Lacerda, Lambari D’Oeste, Salto do Céu, Vale de São Domingos, Jauru, Conquista D’Oeste, Nova Lacerda, Glória D’Oeste, Porto Esperidião, Porto Estrela, Santo Afonso, Denise, Nova Marilândia, Jangada, Nova Olímpia, Tangará da Serra, Colniza, Rondolândia, Nova Brasilândia, Planalto da Serra, Santo Antônio do Leste, Paranatinga, Juscimeira, São Pedro da Cipa, Pedra Preta, Primavera do Leste, Campo Verde e São José do Povo. Hoje, são 141 municípios e Boa Esperança do Norte aguarda para ser instalado em janeiro de 2025.
Várias cidades têm qualidade de vida que se compara às melhores do Brasil. Alguns municípios eram maiores que países: Chapada dos Guimarães tinha 145.491 km², Aripuanã (140.078 km²) e Diamantino (121.380 km² – essa anomalia persiste em Colniza (27.960 km²), Juína (26.397 km²), Aripuanã (24.678 km²), Cáceres (24.495 km²), Paranatinga (24.166 km²), Juara (22.632 km²), Comodoro (21.485 km²) e Apiacás (20.489 km²).
Logo após a Copa do Mundo que nos deu a terceira estrela dourada, empresários visionários implementaram a colonização de grandes glebas onde surgiram cidades e o Brasil expandiu sua fronteira agrícola. Ênio Pipino fundou Sinop, Santa Carmem, Vera e Cláudia; Ariosto da Riva, Alta Floresta, Apiacás e Paranaíta; Norberto Schwantes, Água Boa, Canarana, Querência, Nova Guarita e Terra Nova do Norte; Claudino Francio, Sorriso; Antônio Domingos Debastiani, Feliz Natal; José Aparecido Ribeiro, Nova Mutum; André Maggi, Sapezal; Daniel Meneghel, Nova Bandeirantes; José Pedro Dias – Zé Paraná, Juara; Isaías Apolinário e Zé Paraná, Tabaporã; Gervásio Azevedo, Nova Monte Verde; Valdir Massuti, Campos de Júlio; Antônio José dos Santos, Nova Maringá; Manoel Pinheiro, Nova Ubiratã; Otávio Eckert, Campo Verde; Rubens Rezende Peres e Alair Álvares Fernandes, Vila Rica; e outros.
Porém, o precursor da colonização foi o empresário gaúcho Guilherme Meyer, o Willy, que em 3 de maio de 1955 fundou Porto dos Gaúchos à margem do rio Arinos, região então pertencente a Diamantino. Meyer construiu a cidade e o acesso rodoviário à mesma. Foi referência nacional em colonização. Por duas vezes o colonizador se elegeu prefeito. Em 11 de novembro de 1963 Porto dos Gaúchos se emancipou e se tornou o primeiro município da região conhecida como Nortão.
No começo dos anos 1980 Mato Grosso tinha vilas, mas faltavam cidades. Para motivar a ocupação do vazio demográfico mato-grossense era imprescindível a criação de municípios em todas as regiões. Assim, em 13 de maio de 1986 o governador Júlio Campos emancipou 21 distritos: Primavera do Leste, Sorriso, Vila Rica, Alto Taquari, Marcelândia, Peixoto de Azevedo, Guarantã do Norte, Porto Alegre do Norte, Porto Esperidião, Nova Olímpia, Campinápolis, Indiavaí, Comodoro, Reserva do Cabaçal, Araguaiana, Novo São Joaquim, Figueirópolis D’Oeste, Novo Horizonte do Norte, Cocalinho, Vera e Paranaíta.
Em 1986, quando da emancipação em massa de distritos, Mato Grosso enfrentava a concorrência do Pará, Maranhão, Goiás, Rondônia e Mato Grosso do Sul pelas levas migratórias sulistas. Era imprescindível criar condições para receber os que sonhavam com o amanhã na Amazônia e na Amazônia Legal. Nos anos anteriores e naquele, o governador Júlio Campos implementou um programa rodoviário, que em alguns casos usurpou no melhor sentido possível, o papel da União na pavimentação de rodovias, o que permitiu interligar Cuiabá por asfalto com Canarana, com a divisa com Rondônia e com Colíder. As obras rodoviárias à época abriram caminho ao desenvolvimento.
Quando a bola rolou no México a Universidade Federal de Mato Grosso ((UFMT) era apenas sonho. Sua concretização aconteceu meses após o tri. Em 10 de dezembro de 1970 o presidente Emílio Garrastazu Médici e o ministro da Educação Jarbas Passarinho a tiraram do papel e o médico cuiabano Gabriel Novis Neves foi nomeado seu reitor. Depois foi criada a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), em Cáceres, e a Universidade Federal de Rondonópolis, em Rondonópolis.
Quando a bola rolou no México, Mato Grosso não era assolado pela violência. À tarde as famílias se reuniam às portas para um bate-papo. Agora isso não é mais possível. O crime organizado acumula vitórias sobre o Estado e infiltra seus tentáculos no poder e nas instituições. Em 1970 o tenente da Polícia Militar Adib Massad fazia bandido revirar do túmulo e não foram poucas as viagens que fez de Rondonópolis ao rio Itiquira, na cachoeira que o despeja no Pantanal, levando passageiros sem volta. Agora o jogo inverteu e se o policial reagir, pode até escapar do bandido, mas cai nas garras do Ministério Público. Adib virou lenda em Mato Grosso do Sul, onde alcançou a patente de coronel e chefiou o combate ao tráfico nas fronteiras com o Paraguai e Bolívia.

A receptividade aos novos moradores era muito boa tanto em Cuiabá quanto nos demais municípios. À época não havia a idiota discriminação criada na capital, mas felizmente pouco utilizada ao pé da letra, que define o nativo com raízes cuiabanas de ‘tchapa’ e ‘crux’ e o migrante e o nascido na cidade, mas sem vínculos de ancestralidade com ela, de ‘pau-rodado’.
O conceito discriminatório é incompatível com a localização geográfica de Cuiabá, no centro do continente, condição essa que a faz atrair imigrantes e migrantes. Além disso, é preciso observar que seu fundador, o bandeirante Pascoal Moreira Cabral e seus companheiros que assinaram a ata da fundação da cidade em 8 de abril de 1719 não tinham nas veias o sangue da chamada cuiabania; Moreira Cabral nasceu em Piracicaba, interior de São Paulo.

Hoje, a cuiabania é minoria. No passado, os migrantes e os recém-chegados se sentiam bem em Cuiabá entre a população nativa predominante. Bom exemplo foi a identidade do fotógrafo armênio Lázaro Papazian, o Cháu. Fora da capital também havia boa acolhida e, em alguns casos, os que chegavam se tornavam os primeiros moradores do lugar, como é o caso de Henrique Lopes de Lima, o Gaúcho, que fundou uma vila à margem da BR-163 na divisa do Pará e a mesma recebeu seu nome.
A índole do mato-grossense é boa e sempre funciona como fator de aproximação com as pessoas. O padre Antonino Cândido Paixão – que deixou a batina – nascido em Chapada dos Guimarães, foi o único sacerdote católico eleito prefeito em Mato Grosso e, com seu temperamento sociável, sabia muito bem cativar os fiéis. Padre Antonino administrava São José do Povo (2001/04), mas o bispo de Rondonópolis, Dom Osório Stoffel, não permitia que ele celebrasse missa em seu município.
Para não deixar padre Antonino fora do altar a saída foi botá-la nas celebrações dominicais em Vila Operária, em Rondonópolis, distante 50 quilômetros de São José do Povo. Vascaíno roxo, o celebrante encontrou a forma de descontrair a missa conciliando a religião com sua paixão pelo clube da Cruz de Malta. Na bênção final bradava:
– O SENHOR ESTEJA COM VAAAAAAAAAAASCO!
No ano do tricampeonato Mato Grosso não sabia o que era agronegócio e desconhecia a soja; algodão era cultivado em roças de toco, sobretudo em São José do Povo e Pedra Preta; a aftosa atormentava a pecuária e exportação era conhecido por ouvir dizer. Não havia o parque agroindustrial.
O cerrado, então desqualificado pelas levas de agricutores e pecuaristas que chegavam de todos os cantos do Brasil, virou celeiro de produção, numa revolução agrícola que começou exatamente em 1970, quando as árvores baixas e retorcidas daquele bioma foram arrancadas pela raiz dando lugar ao cultivo do arroz de sequeiro, e mais tarde, em meados daquela década, a uma certa leguminosa chinesa de nome botânico Glycine max, oriunda das barrancas do Yangtsé e que a gauchada por aqui definiu que trata-se de gênero masculino batrizado de o soja.
Mato Grosso sempre foi vanguarda da revolução brasileira no campo, desde 1970. Colhendo duas safras anuais, adotando o plantio direto e lançando mão da mais alta tecnologia a serviço do agronegócio, os produtores rurais e empresários mato-grossenses produzem um leque diversificado que inclui etanol de milho, açúcar, etanol de cana, biodiesel, DDG, carnes, as culturas maiorais da soja, algodão e milho, e desovam seus produtos nos quatro cantos do mundo.
Este gigantismo é sustentável e o ativo ambiental de Mato Grosso é de 62% e para cada um dos biomas – Floresta, Pantanal e Cerrado – o mato-grossense desenvolve atividade compatível com a área.
A harmonia dita o tom do relacionamento dos povos indígenas aldeados com a sociedade envolvente, mas com incidentes. As diferentes etnias ocupam mansa e pacificamente cerca de 16% da superfície territorial. Ainda há povos isolados, o que não permite saber com exatidão quantos povos indígenas vivem em Mato Grosso.
Em 1996, xavantes da Terra Indígena Parabubure em Campinápolis mataram três moradores daquela cidade a golpes de machadinha e bordunas e com flechadas.
Uma das vítimas foi assassinada na aldeia Santa Luzia, na sexta-feira, 19 de fevereiro. Na segunda-feira seguinte, índios foram à cidade, invadiram uma residência e mataram três homens da mesma família. Uma das vítimas foi o líder sem-terra Devair Francisco, o Chicão, que dias antes de ser morto, bloqueou a ponte sobre o rio das Mortes, na BR-158, na zona urbana de Nova Xavantina, protestando contra a política agrária nacional. A ponte foi desobstruída por um efetivo da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Os índios alegaram que cometeram os crimes porque as vítimas estariam extraindo ilegalmente madeiras de suas áreas.
A matança foi abafada judicialmente na esfera federal.

Em 12 de dezembro de 2012 soldados da Força Nacional, policiais rodoviários federais e policiais federais cumpriram a desintrusão da Terra Indígena Marãiwatsédé, de 155 mil hectares em São Félix do Araguaia, Bom Jesus do Araguaia e Alto Boa Vista, despejando no olho da rua mais de três mil trabalhadores e seus familiares, que viviam mansa e pacificamente há décadas na Vila Estrela do Araguaia (conhecida como Posto da Mata) e na zona rural abrindo espaço para o aldeamento de xavantes de várias terras indígenas. O cacique-geral de Marãiwatsédé e Damião Paridzané que arrenda pastagem para pecuaristas da região. Antes aquela área pertencia à fazenda Suiá-Missú, da petrolífera italiana Agip e era conhecida como Fazenda do Papa.
A maior liderança indígena nacional é o cacique Raoni Metuktire, líder do povo Caiapó na Terra Indígena Capoto/Jarina, em Peixoto de Azevedo.
No Chapadão do Parecis o povo Haliti-Paresi cultiva 19.700 hectares de soja, milho e algodão, e cuida de sua comercialização por meio da Cooperativa Agropecuária do Povo Indígena Haliti-Paresi (Coopiparesi), administrada por indivíduos daquela etnia e tem em seus quadros técnicos a médica-veterinára Francisneide Avelino Kanezaquenazokaero, que deixou a aldeia aldeia Katyola Winã em busca da formação acadêmica na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
O povo Haliti-Paresi sempre ensina e aprende com a vizinhança. Porém, nem mesmo no país do futebol eles aprendem a ginga do drible de Jairzinho, o toco como fazia Brito para matar a jogada, os lançamentos em profundidade iguais aos do Gérson, o chute potente ao estilo Rivellino, a ponte imitando Félix, o jogo sem bola de Tostão, a arte de Pelé, as arrancadas de Carlos Alberto, a parada no ar de Dario. Nada disso, bola com eles somente de cabeça, na disputas do Jukanahati.
A derrubada do cerrado não contou com o maquinário moderno e computadorizado de agora. Foi na raça do velho e bom trator CBT-1090, que tinha seu principal local de venda na Somai, a líder nacional de vendas daquela marca, que os empresários João Belmonte Aigner e Dilson Cardozo instaralam na rua Fernando Corrêa da Costa, em Rondonópolis.
Hoje, tudo mudou. Mato Grosso é o maior produtor agrícola nacional, maior exportador de commodities agrícolas, tem o maior rebanho bovino do Brasil e responde por 71% do algodão do país.

A matriz de transporte que em 1970 era exclusivamente rodoviária na ligação com o Centro-Sul, ganhou diversificação. A ferrovia da Rumo Logística liga Rondonópolis ao porto de Santos (1.600 km) com terminais intermediários em Itiquira, Alto Alto Araguaia e Alto Taquari.
Esta ferrovia escoa boa parte a produção agrícola mato-grossense e seu terminal em Rondonópolis é o maior na movimentação de commodities na América Latina. Estão em obras duas ferrovias: a FICO, que ligará Mara Rosa (GO) a Água Boa, e a mesma Rumo no trajeto de 630 km de Rondonópolis a Lucas do Rio Verde, com um ramal para Cuiabá.
Trades e empresários lutam pela construção da Ferrogrão, para ligar Sinop ao porto de Miritituba, no rio Tapajós, em Santarém (PA) num trajeto de 1.000 km, mas este projeto esbarra na pirraça ambiental do PSOL, do Ministério Público Federal, do Ibama e da Funai, e claro, do presidente Lula da Silva.

A Taça Jules Rimet desembarcou no Brasil sob um regime de exceção, que suspendeu a eleição direta para presidente e governadores. Para governador a escolha foi restabelecida em 1982, e para a Presidência em 1989. O primeiro governador mato-grossense eleito pelo voto direto foi Júlio Campos (PDS), que renunciou para disputar e vencer a eleição para deputado federal em 1986; o vice-governador Wilmar Peres de Farias, concluiu o mandato. Em 1986 Carlos Bezerra (PMDB) conquistou o Palácio Paiaguás, renunciou ao cargo para disputar sem sucesso o Senado; o vice Edison de Freitas (PMDB) o sucedeu, mas sofreu acidente aéreo e o presidente da Assembleia, Moisés Feltrin, concluiu os 34 dias restantes do mandato. Jayme Campos (PFL) venceu a eleição em 1990. Dante de Oliveira (PDT) em 1994 e pelo PSDB em 1998 foi governador, mas deixou o cargo para concorrer, sem sucesso, ao Senado, e o vice Rogério Salles (PSDB) o substituiu. Blairo Maggi (PPS) em 2002 e pelo PR em 2006, venceu a disputa ao governo; em março de 2010 Blairo deixou o governo ao vice Silval Barbosa (PMDB), que em outrubro daquele ano seria eleito governador. Pedro Taques (PDT) era senador e em 2014 foi eleito governador, mas não conseguiu a reeleição pelo PSDB. Mauro Mendes pelo DEM em 2014 e sem mudar de partido em 2018 venceu duas vezes a corrida ao poder.
Mato Grosso de futebol periférico no ano do tricampeonato mundial entrou na elite do Brasileirão com o Cuiabá Esporte Clube, o Dourado. Para conseguir este feito o representante mato-grossense teve um fator positivo: a Arena Pantanal, considerada uma das melhores e mais modernas do Brasil, e que foi construída no governo de Silval Barbosa para a Copa do Mundo de 2014.
Antes que esqueçamos a coluna dorsal deste material, passemos aos nossos craques que tiveram o México aos seus pés e deixaram o mundo boquiaberto.
No ano do tricampeonato os 22 jogadores da seleção e a comissão técnica atuavam no Brasil. Além do ímpeto esportivo em campo, havia o sentimento de nacionalidade, o contato diário com a torcida, com o cidadão na rua.
Zagallo, o treinador, convocou um grupo renovado e relação aos bicampeões de 1958 na Suécia, e 1962 no Chile. Zagallo chegou à seleção substituindo João Saldanha, que a classificou para o mundial: Saldanha foi demitido não por maus resultados ou incompetência, mas por imposição da ditadura que não engolia um comunista à frente da principal janela de exposição do Brasil.
Para o gol, Félix, Leão e Ado. A defesa com Carlos Alberto, Zé Maria, Marco Antônio, Everaldo, Brito, Piazza, Baldocchi, Fontana e Joel. O meio-campo com Clodoaldo, Gérson, Rivellino e Paulo Cézar. O ataque com Jairzinho, Tostão, Pelé, Roberto, Edu e Dario.
O time titular era formado por Félix; Carlos Alberto, Piazza, Brito e Everaldo; Clodoaldo e Gérson; Jairzinho, Tostão, Pelé e Rivellino. O excesso de craques deu dor de cabeça para Zagallo montar o time. Rivellino era canhoto, meia e tinha chute muito potente – a solução foi criar um falso ponta-esquerda com ele descendo, mas de olho no meio-campo. Assim, também foi com Piazza, deslocado do meio para a zaga.
O feito da conquista invicta do tricampeonato pelos 11 titulares e seus reservas é de domínio público. O que nem todos sabem é como eles estão 54 anos após a façanha no México. Vejamos:
Mortos:
A Seleção perdeu seis craques, inclusive o maior de todos, o Rei Pelé. Além deles, também nos deixou o comandante da equipe, o técnico Zagallo.
Everaldo, lateral-esquerdo titular da Seleção pertencia ao Grêmio. Everaldo Marques da Silva nasceu em Porto Alegre no dia 11 de setembro de 1944 e morreu em Cachoeira do Sul, em 27 de outubro de 1974, vítima de um acidente rodoviário. Everaldo era candidato a deputado estadual pela Arena e retornava de Cachoeira do Sul para Porto Alegre, quando seu Dodge Dart colidiu frontalmente com um caminhão. No acidente morreram, também, sua mulher Cleci, sua irmã Romilda e sua filha Deise.
O automóvel que vitimou o campeão e parentes foi um presente recebido por ele de uma concessionária em Porto Alegre. Everaldo foi o primeiro jogador de um clube gaúcho a conquistar o Mundial da Fifa e em razão desse feito a bandeira do Grêmio ganhou uma estrela amarela.
Fontana nasceu em 31 de dezembro de 1940 em Santa Teresa, interior do Espírito Santo, e morreu naquela cidade em 9 de setembro de 1980, vítima de um ataque cardíaco quando disputava uma partida amadora com colegas. José Anchieta Fontana era zagueiro. Formou dupla com Brito, no Vasco da Gama, e antes atuou no Vitória e no Rio Branco, ambos da capital capixaba. Quando foi convocado para a Seleção jogava pelo Cruzeiro; chegou ao México com dores no joelho e perdeu a titularidade para Piazza, mas enfrentou a Romênia na fase de grupos (Brasil 3 a 2). Parou de jogar em 1972.
Félix, o goleiro que defendeu o Fluminense, por ser magro e ‘voar’ fazendo defesas ganhou o apelido de Papel.
Félix Miélli Venerando nasceu na capital paulista em 24 de dezembro de 1937. Após a seleção permaneceu atuando, foi treinador e diretor de futebol; gerenciou uma loja de automóveis. Sofria de enfisema pulmonar e lutando contra essa doença permaneceu internado por seis dias no Hospital Vitória, em São Paulo, onde morreu às 7 horas do dia 24 de agosto de 2012. Félix surgiu para o futebol na Portuguesa de Desportos e ganhou fama pelo Fluminense, onde atuava quando foi convocado para a Seleção.
Joel foi um excelente zagueiro que ganhou destaque no Santos da era Pelé. Joel Santana nasceu em Santos, no dia 18 de setembro de 1946 e morreu naquela cidade em 25 de maio de 1914, vítima de insuficiência renal causada pelo diabetes, doença que causou a amputação de um dos dedos do pé.
Na Seleção Joel jogou 28 partidas, mas não no Mundial do México. Seu nome surgiu para o futebol na adolescência, jogou na Portuguesa Santista e depois no Santos, e mais tarde no Paris Saint-Germain, CRB e Saad. Após o futebol enfrentou o vício do alcoolismo e sua situação ficou tão difícil, que vendeu a medalha de campeão mundial. Sem dinheiro, trabalhou como estivador no porto de Santos até os 55 anos, quando se aposentou. Foi um dos primeiros jogadores a luta contra o racismo no Brasil.
Carlos Alberto, lateral-direito, autor do quarto e último gol do Brasil sobre a Itália (4 a 1) na final e capitão da equipe. Carlos Alberto Torres nasceu no Rio de Janeiro em 17 de julho de 1944 e morreu na mesma cidade, em 25 de outubro de 2016, vítima de um infarto.
Dos colegas e da Imprensa Carlos Alberto recebeu o apelido de Capita – por seu papel na Seleção. Além de jogador foi treinador, comentarista esportivo e político. Em 1988 elegeu-se vereador pelo PDT do Rio e foi vice-presidente e primeiro-secretário da Câmara; em 2008 concorreu pela chapa partidária do PDT para vice-prefeito de Paulo Ramos, mas não foi eleito.
Carlos Alberto atuava pelo Santos, quando foi convocado para a Seleção, mas quem o revelou para o futebol foi o Fluminense; em 1971 teve uma curta passagem pelo Botafogo, por empréstimo.

Pelé, melhor Rei Pelé era o título do Edson Arantes do Nascimento, mineiro de Três Corações nascido em 23 de outubro de 1940. Vítima de um câncer de cólon, morreu na capital paulista em 29 de dezembro de 2022.
No futebol o Rei Pelé foi tudo. Se demorasse um pouco mais para nascer, dona Celeste e seo Dondinho seriam pais de uma bola. Atleta do Século (XX), tricampeão mundial pela Seleção em 1958, 1962 e 1960; bicampeão mundial pelo Santos formando o quinteto ofensivo Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe; primeiro jogador a marcar mil gols; o Rei Pelé foi o maior garoto propaganda do Brasil e seu carisma era tanto, que até uma guerra ele parou.
Revelado ao mundo pelo Santos, era o camisa 10, meia-esquerda, mas tinha autoridade para se deslocar pelo campo inteiro. Foi acima de tudo um gênio. O Rei Pelé dominava a bola como ninguém, mas também foi empresário, cantor, compositor, violonista e ator. Nunca aceitou proposta para anunciar bebida alcóolica e cigarro.
Zagallo nasceu em Atalaia, ao lado da área do Quilombo dos Palmares, perto de Maceió, nas Alagoas, no dia 9 de agosto de 1931, mas a exemplo de incontáveis nordestinos virou pau de arara e foi para o Rio de Janeiro, então capital da República. Mário Jorge Lobo Zagallo Jogou no América e Flamengo, mas somente brilhou no Botafogo,pelo qual foi convocado para a Seleção em 1958 e 1962, tendo sido campeão mundial em ambas oportunidades, jogando de ponta-esquerda – daqueles bons, que buscavam a bola na defesa e corriam no ataque, o que lhe rendeu o apelido de Formiguinha.
Em 1970 foi o treinador da Seleção do tricampeonato; em 1994 voltou a conquistar título do Mundial, na campanha do tetra, no cargo de coordenador técnico.
Fora das quatro linhas, mas ao lado delas, além do Brasil, treinou os quatro grande clubes do Rio e diversos outros Brasil e exterior a fora. Recebeu a Ordem do Mérito da Fifa. Na terceira idade passou a ser chamado de Velho Lobo – Lobo era um de seus sobrenomes.
Vencido pela idade Zagallo fechou os olhos para sempre em 5 de janeiro deste ano de 2024, no Rio de Janeiro.
Heróis entre nós
Da Seleção Tricampeã estão entre nós:
Goleiros:
Leão, reserva de Félix. Emerson Leão nasceu em Ribeirão Preto, no interior paulista, em 11 de julho de 1949. Ganhou destaque no Palmeiras, mas jogou também pelo Vasco da Gama, Grêmio, Corinthians e no Sport Club Recife. Pela Seleção atuou 105 vezes, mas não na conquista do tricampeonato.
Ao dependurar as chuteiras Leão treinou o Sport Club Recife, Atlético Mineiro, Corinthians, Santos, Cruzeiro, São Paulo, Vissel Kobe (Japão), São Caetano e a Seleção Brasileira.

Leão conheceu Mato Grosso nos anos 1980 e descobriu a pecuária, quando comprou a fazenda Três Rodas, no distrito de Espigão do Leste, de São Félix do Araguaia. Depois a vendeu e adquiriu a fazenda Bonita, em Barra do Garças, onde em 2001 teve outras duas fazendas em sociedade com Josefina Zampietro Farah, mulher do presidente da Federação Paulista de Futebol, Eduardo José Farah. O dirigente Farah queria fortalecer o Barra do Garças Futebol Clube, que era presidido por Alencar Soares, mas que na prática era dirigido pelo vice-presidente Farah Filho, seu herdeiro. No auge do Barra do Garças, os Farah contrataram o ex-jogador Biro Biro para treiná-lo.
Leão e os Farah tornaram-se figuras importantes em Barra, mas o projeto futebolístico do cartola foi deixado de lado. O ex-goleiro vendeu as fazendas que tinha em sociedade, e em 2022 também vendeu a fazenda Bonita. A Estância Bahia, do empresário Maurício Tonhá, leiloou seu rebanho que pastava na fazenda Bonita e, agora, Leão é pecuarista em São Paulo.
Ado, nascido no dia 4 de julho de 1946 em Jaraguá do Sul (SC) tem o nome civil de Eduardo Roberto Stinghen, foi o segundo goleiro reserva da Seleção Tricampeã e em sua trajetória atuou três vezes pelo Brasil, mas não na Copa do México.
Quando convocado Ado defendia o Corinthians, o clube que o projetou, mas na carreira jogou também pelo Londrina, América do Rio de Janeiro, América de Minas Gerais, Portuguesa de Desportos, Ferroviária, Fortaleza, Velo Clube e no Bragantino (agora Red Bull Bragantino).
O ex-goleiro dirige a escola de futebol Ado Soccer, em Barueri (SP).
Zé Maria, o Super Zé nasceu em Botucatu (SP) dia 18 de maio de 1949, Seu nome civil é José Maria Rodrigues Alves. Sua carreira começou no amador atuando pelo Lajeado Atlético Clube, de sua cidade, de onde partiu para a Ferroviária, também de Botucatu. Depois foi para a Portuguesa de Desportos e finalmente para o Corinthians, onde colecionou título e tornou-se o quinto jogador que mais vezes vestiu a camisa do Timão. Zé Maria atuou também por outros clubes, inclusive no Clube Esportivo Dom Bosco, e no Fluminense, Volta Redonda, Internacional e no Santos.
Em 1978 Zé Maria vestiu a camisa do Dom Bosco, numa curta passagem pelos gramados do Verdão disputando o Campeonato Estadual, que naquele ano foi conquistado pelo Operário de Campo Grande, que à época pertencia a Mato Grosso.
Zé Maria foi reserva de Carlos Alberto Torres. De 1968 a 1978 atuou 64 vezes pela Seleção, inclusive na Copa de 1974, quando foi titular. Em 1983, seu último ano no Corinthians, o Super Zé foi escolhido democraticamente por seus colegas para dirigir o clube, e o fez em algumas partidas.
O ex-jogador trabalha na Fundação Casa, em São Paulo, e atua junto a menores infratores ensinando-lhes o futebol.
Piazza foi mestre da bola atuando de volante, mas a Seleção Tricampeã tinha tantas feras, que para mantê-lo em campo foi preciso deslocá-lo para a zaga ao lado de Brito.
Wilson da Silva Piazza nasceu em Ribeirão das Neves, na Grande BH, em 25 de fevereiro de 1943. Foi lançado pelo Renascença, mas alcançou a fama pelo Cruzeiro. Vestiu a camisa da Seleção 59 vezes, das quais 20 em amistosos. Preside a Federação das Associações de Atletas Profissionais (FAA).
Brito foi o xerifão da Seleção. A Organização Mundial de Saúde reconheceu que seu físico era o melhor da Copa de 1970.
Carioca nascido em 9 de agosto de 1939, Hércules Brito Ruas atuou pelo Vasco da Gama, Internacional, Flamengo, Cruzeiro, Botafogo, Corinthians, Athletico Paranaense, Montreal Castors (Canadá), Deportivo Galícia (Venezuela) e pelo River do Piaui.
Quando da convocação Brito jogava pelo Flamengo. Disputou 61 jogos pela Seleção, dos quais, 15 amistosos. No Vasco da Gama Brito formou dupla de zaga com Fontana, que foi seu companheiro na Seleção, e após a conquista dos tri os dois jogaram juntos no Cruzeiro.
Baldocchi foi reserva de Brito na Seleção. José Guilherme Baldochhi nasceu em Batatais, interior paulista, no dia 14 de março de 1946. O zagueiro iniciou a carreira no Batatais e depois defendeu o Botafogo de Ribeirão Preto, Palmeiras, Corinthians e Fortaleza. Aos 23 anos, quando foi convocado para a Seleção, Baldochhi atuava pelo Palmeiras. Baldocchi jogou uma vez pela Seleção, enfrentando a Argentina, num amistoso, no Beira-Rio. Com a aposentadoria passou a administrar os bens de sua família.
Marco Antônio – Lateral esquerdo reserva da Seleção, Marco Antônio Feliciano nasceu em Santos, no dia 6 de fevereiro de 1951 e despontou para o futebol na Portuguesa Santista. Depois, atuou pelo Fluminense – onde ganhou projeção – Vasco da Gama, Bangu e Botafogo. Quando deixou os gramados treinou o juvenil do São Cristóvão, no Rio de Janeiro.
Em 1970, quando foi convocado por Zagallo, Marco Antônio defendia o Fluminense. Não jogou no Mundial no México, mas atuou 52 vezes pela Seleção e marcou um gol.
Clodoaldo, o Corró, é o sergipano de Aracaju Clodoaldo Tavares de Santana, nascido em 25 de dezembro de 1949. Na infância, órfão de pai e mãe foi morar com um irmão e uma irmã em Praia Grande (SP), mas deixou os dois e saiu para sobreviver. Criado pela escola do mundo, aos 13 anos era feirante em Santos, onde morava no Morro de São Bento. Católico, foi coroinha. Passou pelas categorias de base do Santos de Pelé, chegou à equipe principal com a responsabilidade de substituir o bicampeão mundial Zito. Pelo Santos permaneceu em campo em 508 partidas e marcou 14 gols. Em 1980 pelo Fast Clube, de Manaus, num amistoso com o New York Cosmos, depois atuou três vezes pelo Nacional de Manaus
Convocado para a Seleção, foi titular atuando de volante. Atuou 51 vezes pelo Brasil tendo marcado três gols, um deles contra o Uruguai na Copa do México. Aos 29 anos sofreu uma grave lesão no joelho esquerdo e abandonou os gramados.
Clodoaldo após deixar os gramados treinou o Santos numa curta passagem, foi diretor e vice-presidente daquele clube. É assessor Especial da presidência do Santos.
Gérson de Oliveira Nunes nasceu em Niterói no dia 11 de janeiro de 1941. Foi um dos maiores meio-campistas do futebol mundial. Na Seleção foi o grande maestro da conquista do tricampeonato. Seus lançamentos em profundidade era precisos. Gérson atuava no meio-campo numa formação oficial com Clodoaldo e ele, mas o setor era reforçado por Pelé, Revellino e Tostão – não é preciso dizer mais nada. Rebeu o prêmio de segundo melhor jogador da Copa do México – claro que o primeiro foi o Rei Pelé.
Quando convocado Gérson atuava pelo São Paulo, mas também jogou Flamengo, Botafogo e o Fluminense, que é seu time de coração. Pela Seleção atuou em 87 jogos, dos quais 17 não oficiais; marcou 19 gols sendo cinco em amistos. Em campo Gérson gritava muito e seus companheiros não perdoaram: deram-lhe o apelido de Papagaio.
LEI – Gérson fez um comercial para o cigarro Vila Rica, onde dizia o bordão: “Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também” Dai a irreverência popular criou a famosa Lei de Gérson.
Rivellino, meia e ponta-esquerda Roberto Rivellino nasceu na capital paulista em 1º de janeiro de 1946. Adolescente jogou futsal no Clube Atlético Indiano e no Banespa, ambos em São Paulo. Nas quadras aprendeu o famoso elástico. Quando convocado jogava pelo Corinthians – era o Garoto do Parque. Também atuou pelo Fluminense e o El Hilal ao término da carreira em 1981. Foi o convidado especial da Portuguesa em 1972 para inaugurar o Estádio do Canindé contra o Željezničar Sarajevo da Bósnia e Herzegovina, a Lusa venceu por 2 a 0 e ele marcou um gol. Em 1978 jogou um amistoso pelo New York Cosmos com o Atletico de Madrid, marcou um gol, mas seu time foi batido por 3 a 1. Pela Seleção jogou 122 vezes e marcou 43 gols. Foi comentarista esportivo.
Paulo Cézar, o Caju, somente não foi titular porque a definição técnica de Zagallo o deixaria no lugar de Pelé. Mesmo assim, ele atuou os 90 minutos contra a Inglaterra (substituinco Gérson) e contra a Romênia (no lugar de Rivellino) e ainda entrou em campo para enfrentar e vencer a Romênia e a Tchecoslováquia.
Meia e ponta-esquerda, Paulo Cézar Lima ou Paulo Cézar Caju ou simplesmente Caju, foi um dos maiores jogadores do futebol mundial. Antes dos gramados o ex-craque jogou futsal pelo Flamengo, onde aprendeu desmontar zagueiros com dribles curtos e secos. Revelado pelo Botafogo, também atuou pelo Vasco da Gama, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Olympique de Marseille, S. Aix (França) e California Surf. Quando chegou à Seleção, defendia o Botafogo. Com a Amarelinha atuou 78 vezese marcou 17 gols.
Carioca nascido na favela Cachoeira em 16 de junho de 1949, Paulo Cézar Caju quando criança morou em Honduras e na Colômbia, acompanhando o pai adotivo, Marinho Oliveira, que era treinador de futebol.
A passagem de Paulo Cézar Caju pela França teve o reconhecimento oficial do país. O presidente François Hollande o condecorou com a medalha da Legion d’Honneur. O ex-craque escreve sobre futebol no Jornal da Tarde e comenta na Super Rádio Tupi,
TRISTEZA – Ao deixar o futebol Paulo Cézar Caju tornou-se dependente de álcool e cocaína. Perdeu seu patrimônio, mas conseguiu se superar.
Jairzinho o Furacão nasceu no Rio de Janeiro em 25 de dezembro de 1944. Jair Ventura Filho foi o titular da ponta-direita da Seleção, com a difícil missão de substituir Mané Garrincha. O técnico da Inglaterra Sir Alf Ramsey disse numa coletiva que seu time encontrou mais dificuldade em marcar Jairzinho do que Pelé.
Jairzinho jogou 105 partidas pela Seleção sendo 79 amistosas. Atuou na Copa de 1966 na Inglaterra e na Copa de 1974 na Alemanha Ocidental. O Botafogo o projetou, mas após a Copa do México jogou pelo Cruzeiro e o Olympique de Marseille, e por agredir um bandeirante foi punido com dois anos de suspensão. Em 2008, filiado ao PCdoB requereu registro de candidatura a vereador pelo Rio de Janeiro, mas a Justiça Eleitoral o indeferiu.
Tostão é o médico clínico geral Eduardo Gonçalves de Andrade nascido em Belo Horizonte no dia 25de janeiro de 1947. Na Copa do México o Brasil não tinha centro-avante e nem precisava: Tostão estava em campo formando dupla com o Rei Pelé. Tostão era ponta-esquerda, mas jogava no campo inteiro, inclusive sem bola.
Na adolescência jogou futsal pelo Cruzeiro. Logo após trocar a quadra pelo campo o Cruzeiro o emprestou por um ano ao rival América. Em 1969 num jogo-treino com o Millionarios da Colômbia como preparatório para enfrentar a seleção daquele país para as eliminárias da Copa, teve um encontrão com o zagueiro Castaños e machou o olho esquerdo. No mesmo ano o zagueiro Ditão, do Corinthians deu um chutão e a bola acertou o mesmo olho atingido pelo colombiano e sofreu descolamento de retina.
Em 2 de outubro de 1969 Tostão foi operado em Houston, no Texas, pelo brasileiro Roberto Abdalla Moura. Sob críticas foi para o México, onde encantou o mundo. em 1973 o Vasco da Gama o comprou por Cr$ 3,3 milhões – a maior transação pela compra de jogador no Brasil. Teve problema na vista e foi aconselhado a abandonar o futebol.
No México ganhou o apelido de vice-rei. Rei era Pelé. Jogou 65 vezes pelo Brasil e marcou 36 gols. Foi comentarista esportivo na televisão e escreve para jornal.
Roberto Miranda era centro-avante. Roberto Lopes de Miranda, também chamado de Vendaval, nasceu em São Gonçalo (RJ) no dia 31 de julho de 1944. O Botafogo o projetou e abriu seu caminho à Seleção. Também atuou pelo Flamengo e Corinthians. Numa partida Botafogo e Vasco da Gama trocou socos com o zagueiro Fontana, que foi seu colega na conquista do tricampeonato no México.
Roberto Miranda foi reserva de Tostão, mas entrou em duas partidas no México: contra a Inglaterra e o Peru. Disputou 18 partidas oficiais pela Seleção e marcou nove gols; com a mesma camisa jogou duas partidas amistosas e cravou um gol.
Edu, o ponta-esquerda genial, de dribles desconcertantes vestiu a camisa da Seleção Tricampeã do Mundo e do Clube Esportivo Dom Bosco. Edu é Jonas Eduardo Américo, nascido em Jaú (SP) no dia 6 de agosto de 1949 e que integrou a Seleção nas copas de 1966 na Inglaterra, 1970 no México e em 1974 na Alemanha Ocidental.
Edu participou de todos os jogos das eliminatórias para a Copa, mas permaneceu no banco na reserva de Rivellino. Atuou 54 vezes pela Seleção e marcou 12 gols. Além do Santos, de onde saiu para a Seleção, o craque também jogou pelo Corinthians, Monterrey (México), Internacional, São Cristóvão e no Dom Bosco em 1985, ano em que o Operário Várzea-grandense foi o campeão. No Dom Bosco Edu foi dirigido por Roberto Pinto.
Dario: Só beija-flor, helicóptero e Dadá Maravilha param no ar. Esta frase marca o centro-avante Dario José dos Santos nascido no Rio de Janeiro em 4 de março de 1946, ídolo do Clube Atlético Mineiro e que teve uma infância difícil em Marechal Hermes. Órfão, Dario foi internado na Fundação Estadual para o bem-estar do Menor (Febem), onde aprendeu a praticar pequenos furtos. Jovem iniciou a carreira no Campo Grande (RJ) onde o Galo o encontrou e contratou. Dario conquistou vários títulos em Mina; é o quarto maior artilheiro do Brasil, com 926 gols: Arthur Friedenreich (1.329), Pelé (1.284) e Romário (1.002). Marcou o gol da conquista do Campeonato Brasileiro na vitória do Galo sobre o Botafogo (1 a 0), no Maracanã, em 19 de dezembro de 1971.
Convocado para a Seleção Tricampeã permaneceu no banco, mas atuou 11 vezes pelo Brasil e marcou dois gols. Foi um andarilho por clubes, e várias vezes retornou ao Galo. Vestiu a camisa do Flamengo, Sport Clube Recife, Internacional, Ponte Preta, Paysadu, Náutico, Santa Cruz, Bahia, Goiás, Coritiba, Nacional (AM), XV de Piracicaba, Douradense (MS) e Comercial de Registro (SP). É comentarista esportivo e apresenta programa de esporte na televisão em Belo Horizonte.
Continuo sua fá bebendo do saber dos seus textos.
Vou reler pois gostei muito
Texto impecável, história viva Parabéns Brigadeiro!
Coronel Walter de Fátima – Cuiabá – via grupo de WhatsApp Boamidia
Excelente material, traçando uma linha do desenvolvimento de MT nestes 54 anos da conquista do Tri. Parabéns meu amigo!
Hélcio Botelho – Economista e consultor – Brasília e Cuiabá – via grupo de WhatsApp Boamidia
Excelente seu artigo, amigo Eduardo. Muita riqueza de detalhes.
Fernando Tulha – engenheiro agrônomo e pecuarista – São José do Xingu – via grupo de WhatsApp Boamidia
Leitura obrigatória o que não é novidade, pois tudo que o senhor escreve é importante
Ótima história. Jamais poderá ser esquecida.
Professora Márcia do Manoel da Prelazia – São Félix do Araguaia – via WhatsApp
Bela aula de 54 anos de MT.
Jair Mariano – Ex-deputado estadual – Colniza – via WhatsApp
Bom dia Brigadeiro, este texto dos 54 anos está incrível! Ele é heterogêneo e universal. Você colocou tudo que podia, assuntos diferentes e importantes, de tecnologia ao esportivo, de política e políticos, em síntese, não faltou nada. Só um Brigadeiro sabe fazer isso! Ah se eu tivesse pelo menos 10 por cento deste saber! Parabéns pela iniciativa, zelo e dedicação aos seus seguidores. Desejo um bom dia.
Osvaldo Sobrinho – Cuiabá – Professor, advogado, ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ex-vice-governador, ex-secretário estadual de Educação – via grupo de WhatsApp Boamidia