HUJM 40 anos depois
Júlio Campos*
Cuiabá
Em 1983 quando assumi o governo de Mato Grosso havia demandas reprimidas nos principais setores da administração e um deles era a Saúde Pública. Os poucos hospitais da época se desdobravam, mas não era possível atender a todos, o que obrigava moradores em Cuiabá e nos demais municípios a buscar socorro médico em Mineiros (GO), Campo Grande e outros centros. Nós tínhamos a Universidade Federal (UFMT) com seu curso de Medicina, que, no entanto, não contava com um hospital universitário. Aquela situação, no entanto, mudou na terça-feira, 31 de julho de 1984 – há 40 anos – quando descerrei a placa de inauguração do Hospital Universitário Júlio Müller, da UFMT, que nasceu no meu governo.
Havia um forte movimento na UFMT pela criação de um hospital universitário e enquanto governador o acompanhava. Para atender àquela demanda, decidi reformar, modernizar e adequar a unidade hospitalar então chamada pela sabedoria popular de Hospital dos Tuberculosos, no HUJM, e a UFMT o assumiu por cessão do Estado. Por sorte, o secretário de Saúde do meu governo era o médico cuiabano e primeiro reitor da UFMT, Gabriel Novis Neves, que abraçou a ideia e ajudou a transformá-la num audacioso projeto de Saúde Pública, com apoio do reitor da UFMT, Professor Benedito Pedro Dorileo; do professor Eduardo Delamonica Freire, que chefiava o Departamento de Medicina da UFMT; e da Assembleia Legislativa representada por seu presidente Ubiratan Spinelli.
A inauguração do HUJM foi um marco temporal em Mato Grosso, pois o mesmo seria um importante núcleo de residência médica e estágio para alunos dos cursos de enfermagem, nutrição, serviços sociais e fisioterapia, e paralelamente a isso, ou o inverso, se transformaria no porto seguro para o atendimento médico a algumas especialidades, a exemplo dos portadores do vírus HIV.
Quando o HUJM entrou em funcionamento a Saúde Pública tinha poucos leitos e centros cirúrgicos. Paralelamente a isso, Mato Grosso era hiperendêmico em hanseníase, tinha alta incidência de malária, leishmaniose e tuberculose. Senti que além do HUJM seria preciso a criação de outro grande hospital, e de imediato determinei a construção do Hospital Central em Cuiabá, que ao término de meu governo tinha mais de metade das obras concluídas, mas que lamentavelmente permaneceu paralisado e somente agora, no governo de Mauro Mendes foi retomado e está próximo de ser entregue aos usuários do SUS.
Com o HUJM a UFMT passou a contar com ofertas de vagas para o Internato (os dois últimos anos do curso de Medicina) e Residência Médica, o que até então era limitado e obrigada alunos a se deslocarem para outros estados, e mais: esse deslocamento costumava resultar na mudança do aluno para a cidade onde fazia o Internato ou Residência, causando esvaziamento precoce na classe médica mato-grossense.
¨Se o tempo houvesse parado
e hoje fosse 31 de julho de
1984. novamente lhe daria a
estrutura onde funciona”
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