Vale dos Esquecidos é passado; é tempo de ser Estado do Araguaia
Eduardo Gomes
@andradeeduardogomes
eduardogomes.ega@gmail
Cidades novas e modernas, cenários paradisíacos, pecuária que se situa entre as maiores do país; roteiros para o turismo de aventura, de pesca, de contemplação étnica, místico e histórico. Assim é o Vale do Araguaia, região que era chamada de Vale dos Esquecidos e agora sonha em se transformar no Estado do Araguaia.
A região é a maior de Mato Grosso, mas a parte que sonha com a emancipação não inclui os municípios de Santo Antônio de Leverger, Jaciara, Guiratinga, Paranatinga, Primavera do Leste, Campo Verde e outros. Sua base territorial é formada por 36 cidades: Barra do Garças, Alto Taquari, Alto Araguaia, Alto Garças, Araguainha, Ponte Branca, Ribeirãozinho, Torixoréu, Pontal do Araguaia, Araguaiana, General Carneiro, Santo Antônio do Leste, Tesouro, Campinápolis, Novo São Joaquim, Nova Xavantina, Água Boa, Nova Nazaré, Cocalinho, Canarana, Gaúcha do Norte, Ribeirão Cascalheira, Querência, Bom Jesus do Araguaia, Serra Nova Dourada, Novo Santo Antônio, São Félix do Araguaia, Luciara, Alto Boa Vista, Canabrava do Norte, Porto Alegre do Norte, Confresa, Vila Rica, Santa Terezinha, São José do Xingu e Santa Cruz do Xingu.
O Araguaia tem 220.737,807 km² de superfície, com 436.713 habitantes, o que resulta numa taxa de ocupação de 1,97 habitante por km². O Produto Interno Bruto (PIB) é de R$ 89.491,18 e o PIB municipal médio é de R$ 89.491,18. Em razão da pequena população consequentemente as demandas por serviços públicos são menores.
O primeiro passo em busca da criação do Estado do Araguaia foi dado pelo então senador Mozarildo Cavalcanti (PPB/RR), há duas décadas, mas o mesmo hiberna no Congresso Nacional. Independentemente da hibernação, a região clama pelo desmembramento, muito embora alguns pensem o contrário. Focalizando a proposta o blog posta esta matéria, que inclui pensamentos sobre o tema. No desdobramento serão ouvidos os constituintes mato-grossenses.
ARAGUAIA – Ao contrário do que possa parecer, os números modestos do Araguaia são positivos para a emancipação. A mística do nome Araguaia arrastará levas de brasileiros para a região, em busca de oportunidade. A qualidade de vida nas cidades é mais um atrativo. O planejamento urbano de Canarana, Água Boa, Querência e Vila Rica as deixa preparadas para o crescimento. As três primeiras foram criadas pelo colonizador, pastor luterano e político gaúcho Norberto Schwantes; a outra, pelos pecuaristas Rubens Rezende Peres e Alair Álvares Fernandes.
O Araguaia tem exuberantes roteiros turísticos, mas falta política pública para divulgá-los. Uma vez levadas ao públicos, as belezas naturais da região receberão um fluxo muito grande de turistas. O ponto alto é a Temporada de Praia no Araguaia.
Temporada de Praia é a frase que define o período das águas baixas no lendário Araguaia, na região central do Brasil, distante do litoral, mas que tem o seu mar doce mar.
A estiagem que começa em abril aos poucos diminui o volume azulado do grande rio. Em julho as margens revelam incontáveis praias de areia fina e infinitamente branca. Barra do Garças é símbolo desse período de sol, calor, água fresca e abundante vegetação ciliar.
A Temporada acontece em julho, mês de férias e de intensa movimentação turística no Brasil, e se estende até outubro. Seu cenário é o mesmo nas águas e nas praias – muito parecidas nos municípios de Barra do Garças, Torixoréu, Cocalinho, Luciara, Pontal do Araguaia, Araguaiana, São Félix do Araguaia e Santa Terezinha.
A mata ciliar do Araguaia é exuberante. Pássaros de todos os tamanhos e cores dão um toque especial; o atrevido martim-pescador faz sobrevoos sobre os barcos e se exibe num bailado alucinante ao mergulhar em busca de pequenos peixes. Capivaras costumam apresentar espetáculo à parte subindo ou descendo o barranco ribeirinho. Botos surgem aqui e ali com seu balé de deixar os bailarinos do Tchaikovsky de queixos caídos. Cardumes nadam em desespero fugindo de predadores naturais como parte do ciclo da vida na natureza.
A temperatura do período da Temporada é quente e a umidade relativa do ar não é afetada pela adversidade climática do verão amazônico, pois até nisso o rio é generoso e, em sua cumplicidade com o ar, manda lufadas de vento ameno sobre os corpos quase nus em exposição ao sol nas areias.
Lual é música cantada ou instrumental, ao pé da fogueira, sob a areia com o rio passando ao lado em murmúrio e o barulho dos peixes pulando n’água, com a lua por testemunha silenciosa pra não abafar os acordes dos violões, a harmonia das sanfonas, os tinidos dos triângulos, os ritmos dos pandeiros, os sons dos saxofones e as vozes e gemidos lânguidos da brasilidade apaixonada.
Em Luciara, o Araguaia abusa do direito de ser belo. A areia fina da praia, as águas limpas e transparentes e mornas são irresistíveis.
Em Cocalinho a Temporada tem um ingrediente bem apimentado. É o esporte aquático radical feito sobre quatro rodas. Uma oficina na cidade monta geringonças ao estilo das gaiolas da competição cross rodoviária. Esse veículo artesanal desafia as águas do Araguaia em sua parte mais rasa e faz muito sucesso entre os turistas.
Na sedutora São Félix do Araguaia começa a maior ilha fluvial do mundo: a Ilha do Bananal, com quase dois milhões de hectares e que se estende até a tríplice divisa de Mato Grosso, Tocantins e Pará.
Bananal nasce no encontro das águas do rio das Mortes com o Araguaia. Nesse ponto o Araguaia se divide em dois: o rio que corre pela direita ganhou o nome de Javaés e o da esquerda preservou a denominação. A Ilha pertence a Tocantins.
Os roteiros são muitos. O rio das Mortes, que banha Nova Xavantina e Novo Santo Antônio, tem águas limpas e figura entre os mais piscosos do Brasil.
Um dos roteiros turísticos, mas pouco explorado, o cânion do Araguaia, em Ponte Branca, é ideal para a canoagem ao longo de mais de 3 km, onde as águas do grande rio se afunilam e ganham velocidade.
O município de Araguainha está no centro do local onde caiu um asteroide – o Domo de Araguainha – caiu e abriu uma cratera com diâmetro de 40 km – a maior da América do Sul causada por um corpo celeste.
Com o impacto de meteorito, ocorrido no período Triássico, há 245 milhões de anos, afetou-se a formação sedimentar em um raio de 40 km de diâmetro. Esse local é ideal para pesquisas de estudiosos em Geologia, Geografia e outras áreas correlatas.
Um dos roteiros fabulosos na região é a Serra do Roncador, em Barra do Garças. Imponente, com suas formações avermelhadas, nascentes, flora e fauna, a Serra do Roncador é um grande maciço que divide as bacias do Xingu e Araguaia, e que se estende no sentido Sul-Norte de Mato Grosso ao Pará. Cercada por lendas e mistérios, é um interessante roteiro turístico mas pouco explorado.
O aventureiro inglês coronel Percy Harrison Fawcett embrenhou-se pela selva de Roncador e literalmente sumiu do mapa em 1925, acompanhado por seu filho Jack e o amigo desse, Raillegh Rimmell.
Fawcett acreditava que encontraria sob Roncador a Cidade Z onde viveria tal civilização. Até hoje não se sabe se o oficial inglês e seus acompanhantes foram capturados pelos moradores de Z, se foram abduzidos por disco voador ou se viraram banquete canibalizado de índios do Parque Indígena do Xingu.
Do desaparecimento de Fawcett nasceu o barra-garcense mais conhecido no mundo: Indiana Jones, que brotou nas telonas do cinema pela genialidade de Steven Spielberg e Jorge Lucas, baseado no aventureiro Fawcett e personificado por Harrison Ford.
Em razão do desaparecimento de Fawcett, Roncador ganhou ares místicos. Aproveitando-se dessa situação Valdon Varjão criou um discoporto em Barra do Garças. Varjão não tinha esperança que algum marciano pousasse por lá, mas acreditava que sua criação seria um forte atrativo turístico para a região.
O projeto do discoporto leva a chancela do designer da Globo, Hans Doner, Varjão foi tabelião, escritor membro da Academia Mato-grossense de Letras, político e o primeiro senador negro no Brasil.
O esoterismo no Brasil tem um dos pontos altos em Nova Xavantina, por conta de um templo da Eubiose.
O esoterismo no Brasil tem um dos pontos altos em Nova Xavantina, por conta de um templo da Eubiose.
Eubiose é uma instituição esotérica e ocultista fundada em 1921, na cidade mineira de São Lourenço, pelo casal Henrique José de Souza e Helena Jefferson de Souza.
Os eubiotas têm três templos: em São Lourenço, seu berço; em Itaparica, na Boa Terra da Bahia; e em Nova Xavantina, o mais recente, construído em 1976.
Os esotéricos acreditam na existência de uma população evoluída sob a Serra do Roncador, que cruza o município de Nova Xavantina, onde o templo fica à margem do rio das Mortes, numa alameda lateral da rodovia BR-158.
O Parque Indígena do Xingu tem roteiros e eventos turísticos fantástico. O Ritual do Kuarup, no município de Canarana, é o ponto alto das celebrações xinguanas e recebe turistas europeus, japoneses, americanos e de outras regiões, além de brasileiros.
A exuberância da flora Amazônica, e diversidade da fauna e o calor humano dos anfitriões se forem divulgados transformarão aquela terra indígena num grande roteiro turístico proporcionando receita para os indígenas e arrecadação para o Araguaia.
Antes que os leilões bovinos migrassem para o virtual, o empresário Maurício Tonhá realizava anualmente em Água Boa o Megaleilão, que durante duas décadas registrou seguidos aumentos de animais em pista, e que numa só edição vendeu mais de 43 mil cabeças à batida do martelo. Este leilão foi considerado o maior do mundo.
O grande leilão da Estância Bahia aquecia não somente a economia de Água Boa, mas da região. O evento botava dezenas de caminhões boiadeiros nas estradas, aumentava a taxa de ocupação hoteleira na cidade, fervilhava os bares e boates, levava salões de beleza a atender com hora marcada, e muitos aproveitavam para fazer consultas médicas. Em meio ao mercado bovino, montadores apresentavam suas caminhonetes e caminhões, além de tratores e equipamentos agrícolas.
Maurício Tonhá fundou e preside a Estância Bahia. Na vida pública foi vereador e por duas vezes prefeito de Água Boa. Líder ruralista, Maurício Tonhá é também comunicador nato, e na televisão, além de apresentar seus produtos, divulga a pecuária do Araguaia para o Brasil.
Os leilões realizados pela empresa de Maurício Tonhá, não somente em Água Boa, mas em Barra do Garças, Vila Rica e outras cidades contribuem para o fortalecimento da cadeia pecuária no Araguaia, onde várias plantas frigoríficas abatem bovinos, como o frigorífico JBS, em Confresa, que tem capacidade para abate diário de até 1.600 cabeças.
Querência, Canarana, Água Boa, Porto Alegre do Norte, Alto Garças, Alto Araguaia, Alto Taquari e Santo Antônio do Leste estão entre os principais municípios do agronegócio mato-grossense. O insumo básico para o cultivo do solo no cerrado é o calcário. Há grande extração de calcário à margem direita (sentido Água Boa/Cocalinho) da MT-326 – chamada Rodovia do Calcário – próximo à Nova Nazaré. O calcário daquela área atende à demanda dos municípios num raio de 500 km.
O Araguaia cultiva 3,3 milhões de hectares em rotação de cultura: soja e milho ou soja e algodão, e tem potencial para 6 milhões sem necessidade de abertura de áreas – bastando plantar em áreas de pecuária degradadas ou parcialmente degradadas.
A região produz etanol e recebe investimentos de 12 bilhões de reais que estão sendo destinados à instalação de cinco usinas de etanol. Além da matéria-prima para produzir aquele combustível não poluente, o Araguaia tem alternativas para escoar sua produção para o Norte, pelo Pará e Tocantins; Nordeste, via Maranhão; Centro-Oeste e Sudeste via Goiás e pela ferrovia da Rumo Logística em Alto Araguaia e Alto Taquari.
O Araguaia tem terminais ferroviários da Rumo Logística em Alto Taquari e Alto Araguaia, nos quais escoa commodities agrícolas para o porto de Santos e recebe petróleo e insumos agrícolas. O terminal de Alto Araguaia receberá maior fluxo de cargas, em razão da pavimentação da MT-100, paralela ao rio Araguaia, e que começa a se transformar em parte do modal rodoferroviário que liga Barra do Garças e cidades do percurso a Alto Araguaia.
Juntamente com outros terminais operados pela ferrovia da Rumo, que liga Mato Grosso a Santos, os terminais em Alto Taquari e Alto Araguaia são pioneiros no Brasil, no transporte feito por trem double stack (um vagão sobre o outro).
Está em construção a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO) no trecho de 383 km entre Água Boa e Mara Rosa (GO) via Nova Nazaré e Cocalinho. A FICO é mais que um trecho sobre trilhos: é a ligação do Araguaia à Ferrovia Norte-Sul, em Mara Rosa, o que significa uma rota para o porto de Itaqui, no Maranhão.
A previsão é que o trem apite em Água Boa daqui a dois anos. Em razão da chegada, a cidade não teria estrutura hoje, para atender às demandas de habitação, creches, escolas e outras. Porém, o vice-prefeito eleito, Ari Zandoná (União), cita que o calendário joga a favor do município, e a execução de obras enquanto os trilhos avançam, assegurará a oferta dos serviços que serão necessários.
Água Boa será o elo do modal rodoferroviário para escoar commodities para o Maranhão. A produção agrícola num raio de 250 km daquela cidade será embarcada nos vagões da FICO. Haverá ganho logístico e uma vasta região será beneficiada diretamente.
BR-158 – Grande rodovia longitudinal que liga Pontal do Araguaia a Vila Rica, e ao Pará, a BR-158 tem um gargalo que impede a pavimentação de um trecho de 130 km na Terra Indígena Marãiwatsédé dos xavantes. A solução é a construção de um contorno, que além de atender aos interesses da rodovia, também criará uma rota federal interligando as cidades de Bom Jesus do Araguaia, Serra Nova Dourada e Alto Boa Vista; parte dessa obra já foi executada pelo governo estadual.
Com a superação do gargalo na BR-158, o Araguaia terá uma grande rodovia federal em sua malha rodoviária.
CÉUS – A região tem boa infraestrutura para a aviação executiva e os voos regionais.
Barra do Garças, São Félix do Araguaia, Água Boa, Porto Alegre do Norte, Canarana, Querência e Vila Rica têm aeroportos com pistas pavimentadas. O aeroporto de Canarana recebeu o nome de Marta Schönholzer Dunck.
Nos anos 1970, quando do auge das levas migratórias sulistas, não havia rodovia pavimentada no Araguaia. O acesso as glebas è as vilas recém-fundadas era difícil, sobretudo no chamado Inverno Amazônico.
Para superar o problema, Norberto Schwantes fundou a Viação Aérea Canarana (VACA), cuja aeronave principal era um bimotor Douglas DC-3; esse avião transportou famílias pioneiras para o Araguaia e o Nortão (onde Schwantes colonizou Terra Nova do Norte e Nova Guarita). Com a melhoria da rede rodoviária, o DC-3 ganhou merecida aposentadoria e descansa para sempre, em Canarana, sobre um pedestal ao lado do busto de Schwantes, na Praça Sigfreud Roewer, que todos chamam de Praça do Avião.
TOGA – O Araguaia tem boa estrutura física do Poder Judiciário. Sua base territorial tem comarcas em Porto Alegre do Norte, Querência, Alto Taquari, Nova Xavantina, Vila Rica, Barra do Garças, Campinápolis, Alto Garças, São Félix do Araguaia, Água Boa, Canarana, Alto Araguaia e Novo São Joaquim.
XAVANTES – O Araguaia é território imemorial dos 28 mil xavantes em sua grande maioria aldeados, e dos que residem nas cidades. Esta etnia tem a titularidade de 1.536.000 hectares nas terras indígenas Parabubure, Chão Preto, Pimentel Barbosa, Areões, Marãiwatsédé, Wedezé, São Marcos, Sangradouro/Volta Grande e Marechal Rondon. Areões é subdividida em três.
Sangradouro/Volta Grande é partilhada com os bororos; a área é de 100 mil hectares, dos quais, 50 mil em Poxoréu, fora do Araguaia; a outra metade situa-se em General Carneiro e Novo São Joaquim. Marechal Rondon, com 100 mil hectares, pertence à Paranatinga, município vizinho ao Araguaia.
Uma das referências do povo Xavante é o cacique Damião Paridzané, aldeado em Marãiwatsédé, nos municípios de Alto Boa Vista, São Félix do Araguaia e Bom Jesus do Araguaia.
Até dezembro de 2012 Marãiwatsédé era ocupada por possseiros na vila de Estrela do Araguaia, conhecida como Posto da Mata, e na zona rural. Uma desintrusão entregou aquela área aos indígenas e desde então Damião lidera seus aldeados. Marãiwatsédé e antropizada e tem milhares de hectares em pastagem de braquiária. Fazendeiros da região negociaram com Damião, que passou a arrendar os pastos, segundo apurou um inquérito da Polícia Federal, resulta numa receita mensal considerável. Essa realidade é mantida sob o tapete, mas de conhecimento público e inclusive da Funai, Sesai, Ministério da Justiça, Polícia Federal e das autoridades estaduais.
Xisto* – O professor Xisto Tserenhi ru Tserenhimi ra, o Xisto Xavante, defende a criação do Araguaia:
“Então, a gente é muito ligado ao Araguaia. Praticamente a gente vive ali. A gente não é ligada à região de Cuiabá. Nesse sentido eu gostaria que criassem o Estado do Araguaia. Hoje a gente é representada por outros povos, aculturados, enquanto no Araguaia temos nossa língua própria. Eu particularmente sou a favor da criação do Estado do Araguaia. Cai bem no sentido de pertencermos a um Estado que represente nossa terra. Esse território vai ficar chique.
*O professor Xisto Tserenhi ru Tserenhimi ra, o Xisto Xavante, é lotado na Escola Estadual Indígena Hambre, na Terra Indígena São Marcos, na Barra, desde 2007.
Visão do deputado Dr. Eugênio
Único deputado estadual domiciliado no Vale do Araguaia, Dr. Eugênio (PSB) cumpre o segundo mandato consecutivo e foi vereador por Água Boa, onde reside e atua na medicina há mais de 30 anos.
Dr. Eugênio é pela criação do Estado do Araguaia: “Essa discussão vem sendo feita há vários anos e foi travada de forma mais intensa no passado, pelo afastamento do Estado em relação às nossas demandas.
Com o Estado ausente cria-se o desejo de um governo próprio. O Araguaia é a única região de Mato Grosso com horário próprio – adotamos a hora de Brasília e temos uma identidade muito grande com Goiás, mas, também, este desejo de emancipação é fruto do descaso de Mato Grosso com o Araguaia, a tal ponto que passamos a ser chamados de Vale dos Esquecidos.
Somos autossuficientes, acho pertinente a discussão e vejo que temos pré-requisitos bastante favoráveis. Logicamente que a proposta não é vista com bons olhos pela Baixada Cuiabana, por Cuiabá e pelo próprio Governo de Mato Grosso. É um debate que ainda não levei para a Assembleia Legislativa, até mesmo por respeito ao governador Mauro Mendes, que tem mudado muito a cara do nosso Araguaia, trazendo para nós uma autoestima muito grande e feito com que a gente fique em consonância com a administração do Mauro Mendes e do Otaviano Pivetta.
O deputado Dr. Eugênio é favorável à criação do Estado do Araguaia, mas de modo que possa ser discutido e debatido. Sou favorável, mas de uma forma que a gente possa fazer audiência públicas, consultas públicas bem definidas, para que o cuiabano, a Baixada Cuiabana possam entender a evolução que seria a criação do Estado do Araguaia”.
Criação de municípios
A base territorial é formada por municípios novos, à exceção de Alto Araguaia, emancipado há 86 anos, e cujo processo de ocupação populacional começou em 1895. Os mais novos foram instalados em janeiro de 2001: Santa Cruz do Xingu, Bom Jesus do Araguaia, Serra Nova Dourada, Nova Nazaré e Santo Antônio do Leste.
Em 13 de maio de 1986, o então governador Júlio Campos emancipou Vila Rica, Porto Alegre do Norte, Novo São Joaquim, Campinápolis, Araguaiana e Alto Taquari, o que impulsionou o Araguaia.
Na região aconteceu um fato atípico no tocante aos municípios brasileiros. Barra do Garças era distrito de Araguaiana, cidade à época isolada, enquanto Barra fervilhava com a atuação da Fundação Brasil Central na vizinha goiana Aragarças. O prefeito Antônio Paulo da Costa Bilego entendeu que deveria mudar a prefeitura para Barra, e o fez. Bilego juntou a papelada e os carimbos, jogou tudo em lombos de burros, pegou a estrada e 55 km depois entrou triunfante na Barra. A mudança foi homologada na quarta-feira, 15 de setembro de 1948 por uma lei de autoria do deputado Heronides Araújo, sancionada pelo governador Arnaldo Estevão de Figueiredo.
Com o rebaixamento para distrito, invertendo a situação com Barra, Araguaiana foi condenada à marginalização institucional e impedida de se desenvolver. O cenário mudou em 13 de maio de 1986, quando Júlio Campos sancionou uma lei de autoria das bancadas do PSD e do PMDB, emancipando Araguaiana, sem prejuízo à autonomia da Barra.
A região tem algumas conurbações: Barra do Garças, Pontal do Araguaia e Aragarças (GO); Torixoréu e Baliza (GO); e Alto Araguaia e Santa Rita do Araguaia (GO).
A pequena população em alguns cidades decorre do isolamento em que era mantida a região, praticamente sem rodovias pavimentadas e em muitos casos dependendo de balsa para cruzar os rios.
Pouca força política
O Vale do Araguaia nunca contou com representação política compatível com sua importância. A região teve um governador e um senador, sua presença sempre foi pequena na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa.
O pecuarista barra-garcense e ex-prefeito Wilmar Peres de Farias governou Mato Grosso para concluir o mandato do titular Júlio Campos, que deixou o Palácio Paiaguás para disputar e vencer a eleição para deputado federal constituinte em 1986.
Em 1982 Wilmar foi eleito vice-governador de Júlio Campos, que o incluiu em sua chapa na esperança de quebrar o distanciamento de Cuiabá com aquela região e na tentativa de criar uma política de integração estadual.
O cartorário na Barra e escritor imortal Valdon Varjão conquistou vários mandatos nas urnas, mas em 1979 chegou ao Senado na condição de suplente de Gastão Müller (Arena), não pelo voto, mas por escolha do presidente da República, general Ernesto Geisel, que decidiu nomear um terço dos senadores, decisão essa que deu aos escolhidos o apelido de biônico.
A chegada ao poder de Wilmar e Varjão reforça a fraqueza política do Araguaia, que remonta há décadas. Isso acontece, por falta de engajamento regional: basta chegar um candidato de outra região, com o bolso cheio, para que manjados cabos eleitorais abracem sua candidatura, o que prejudica a representatividade regional no poder político.
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Municípios do Araguaia
BARRA DO GARÇAS
Município com 72.694 habitantes – 8.363,149 km². PIB R$ 2.567.246.056. Renda per capita R$ 41.607,18. IDH-M 0,748.
Barra é uma cidade diferenciada. Num barzinho você pode se deparar com grandes pecuaristas nacionais, que respondem por boa parte do PIB rural brasileiro, e 10 metros adiante se encontrar com um grupo de xavantes caminhando com desenvoltura entre os moradores.
Uma mistura de pecuária com roteiros turísticos, assim é a Barra, que de quebra oferece ao visitante seu parque termal, imponentes cachoeiras, praias no Araguaia e no Garças, um atípico discoporto. Seu olhar é mais voltado para Goiânia do que para Cuiabá. Tudo sugere que em caso da criação do Estado do Araguaia, Barra será a capital, por ser a cidade melhor estruturada da região e por sua localização geográfica.
Vereador Dr. Neto* – O Vereador Dr. Neto é contra a criação do Estado do Araguaia: “Sou contra a criação do Estado do Araguaia, região que antes era conhecida como Vale dos Esquecidos, e que aparentava uma grande distância de Cuiabá. A gente tem mais referência com Goiás por ser mais próximo, mas com o passar do tempo isso mudou. Acho que o Araguaia se integrou mais ao Estado de Mato Grosso. É uma região muito próspera, onde há terra degradada que pode virar agricultura sem derrubar uma árvore sequer. É um local do Estado que vai crescer ainda mais, com a ferrovia vindo para cá, a conclusão da BR-158.Tem usinas de gergelim e de etanol se instalando aqui. Não vejo razão para a criação de um estado. A máquina pública é muito pesada. Acho desnecessário isso. Não vejo com bons olhos a implantação de um estado, por conta de tudo que ele trás com ele. O peso da máquina é muito forte e não vejo vantagem quanto a isso”.
*Dr. Neto é o nome parlamentar do bioquímico barra-garcense Geralmino Alves Rodrigues Neto, vereador pelo quarto mandato consecutivo
CONFRESA
Município com 37.541 habitantes – 5.802,314 km². PIB R$ 1.530.707.464. Renda per capita R$ 47.721,27. IDH-M 0,668.
Uma das principais cidades da região, Confresa é carente de saúde pública, mas esse cenário mudará até 2026, com a conclusão das obras do Hospital Regional do Araguaia, que será referência para sete municípios e contará com 151 leitos, sendo 111 de enfermaria e 40 de UTI.
A unidade também terá 10 consultórios médicos, dois consultórios para atendimento a gestantes, seis salas de centro cirúrgico, além de espaços para banco de sangue, banco de leite materno e realização de exames, como tomografia e colonoscopia.
Professor Hamilton* – Vereador campeão em votos nas eleições de outubro, o Professor Hamilton não tem opinião definida sobre a perspectiva de criação do Estado do Araguaia. Ele justica que é morador há pouco tempo no município e que nunca participou de debates sobre o tema, que considera relevante.
O vereador eleito assegurou que se debruçará sobre o tema, e que estará presentes nos debates e audiências públicas.
*Hamilton Gonçalves de Oliveira Neto é goiano, professor de Matemática e vereador eleito pelo Republicanos – campeão de votos para o cargo em seu município.
ÁGUA BOA
Município no centro geodésico do Brasil, com 31.314 habitantes – 7.549,308 km². PIB R$ 2.000.668.561. Renda per capita R$ 74.990,39. IDH-M 0,729. A rodovia BR-158 cruza a área urbana.
Água Boa é um município com diversificação econômica e um dos destaques da pecuária bovina mato-grossense. A cidade é centro regional de prestação de serviços públicos e seu perímetro urbano é totalmente pavimentado.
Germano Zandoná* Primeiramente sou um dos pioneiros do Vale do Araguaia, fui prefeito de Água Boas duas vezes, e portanto conheço bem a região, a aspiração de nossa região e sou favorável à criação do Estado do Araguaia.
Independentemente de nós estarmos num estado que nós amamos, que é Mato Grosso. Como Mato Grosso também se separou de Mato Grosso do Sul, como Tocantins também se separou de Goiás; com a criação de Rondônia, Roraima e Acre.
O que mostra isso? Mostra o desenvolvimento que esses estados tiveram com a separação. É por isso que a aspiração do nosso povo, independentemente da boa administração que está fazendo o nosso governador. Independentemente dos governadores que passaram, os deputados que passaram e que conseguiram ajudar o desenvolvimento do Vale do Araguaia, nós somos favoráveis à criação do Estado do Araguaia, por causa das distâncias, porque vai aglutinar mais benefícios para nossa região.
Nós sempre respeitamos o estado-mãe e vamos continuar respeitando. Não temos nada contra ninguém, mas temos tudo a favor do Estado do Araguaia.
*Germano Luiz Zandoná é gaúcho, pioneiro em Água Boa, município onde foi o primeiro prefeito (1983/88) e cumpriu outro mandato de prefeito.
QUERÊNCIA
Município com 29.820 habitantes – 17.999,989 km². PIB R$ 4.259.440.261. Renda per capita R$ 231.667,85. IDH-M 0.692.
Querência é um dos grandes polos do agronegócio brasileiro e uma cidade que cultiva as tradições gaúchas.
CANARANA
Município com 27.657 habitantes – 10.855.181 km². PIB R$ 2.931.502.471. Renda per capita R$ 132.641,17. IDH-M 0,693.
Canarana tem berço sulista. Os pioneiros, em sua maioria, eram gaúchos. As novas gerações preservam a cultura de seus ancestrais, nos bailes no Centro de Tradições Gaúchas Pioneiros do Centro-Oeste (CTG).
Claudia Gervazoni* – “O estado de Mato Grosso é muito extenso e essa questão sobre a redivisão precisa sim ser rediscutida porém eu acredito que precisamos ter cuidado com esse tema.
Quando eu cheguei aqui na região tínhamos muitos problemas de logística, serviços públicos essenciais não chegavam na região, um abandono mesmo e sim éramos o “Vale dos Esquecidos“. Eu observo que a partir de mais ou menos 2010 começou um movimento aqui na região que mudou muito a nossa fama. Hoje somos muito atuantes e uma área territorial onde temos 25 municípios que agregam uma parcela expressiva da produção agrícola,do PIB de nosso Estado.
Em 2023 vários estudos mostraram que só o PIB da nossa região é maior que pelo menos três estados brasileiros. Houve um fortalecimento regional econômico e com isso mudanças satisfatórias em nossa realidade e desenvolvimento econômico de nossas cidades. Hoje temos 25% das obras de infraestrutura do Estado aqui em nossa região. O atual governador Mauro Mendes tem tido uma atuação exemplar em nossa região.
Essa discussão de redivisão tem que ser uma discussão técnica, visando o melhor para a região. Há 30 anos, 20 anos atrás era uma realidade; hoje em dia, observo que essa realidade é diferente.
O governador Mauro Mendes tem feito uma grande diferença na infraestrutura da nossa região .Alguns exemplos muito importantes para nosso desenvolvimento regional são as rodovias BR-158/BR-242 e a FICO. São obras que estão em andamento e vão melhorar muito nossa logística, trazendo mais progresso e qualidade de vida para nossa população.
Hoje já é uma realidade o asfaltamento da MT-020, que diminuiu 210 km entre as regiões do Médio-Araguaia e Norte-Araguaia.Outra realidade importante já concluída pelo atual governo estadual é a ligação da região com o Estado de Goiás, via cidade de Cocalinho, através do asfaltamento da MT-326; a ponte sobre o rio das Mortes, era um anseio muito grande da população do Vale do Araguaia. Observo em minhas “andanças” pela região que já com essas obras de infraestrutura chegando, diminuiu bastante o anseio da população do Vale do Araguaia por necessidade de divisão do Estado.
Temos ainda problemas estruturais para poder dar todo um suporte adequado ao crescimento da região e seu potencial, como por exemplo na parte de segurança pública e saúde pública no Vale do Araguaia; precisamos de mais investimentos nessas áreas também com máxima urgência.
Não podemos também esquecer a problemática do Zoneamento Socioeconômico Ecológico de nosso Estado, hoje a proposta que existe na Secretaria Estadual de Planejamento é muito prejudicial e punitiva para nossos produtores da região do Vale do Araguaia. Esse tema tem que ter uma discussão técnica ampla e observando a peculiaridade de cada região.
As discussões, no meu entendimento, sobre o Vale do Araguaia, precisam ser feita de modo técnico, discussões qualificadas no sentido de melhorias reais,e não somente dividir ou não dividir… o que de fato será melhor?
Temos que ter cuidado com esses temas pois estamos chegando em vésperas de eleições de deputados, senadores e governador, agora em 2026, e com certeza irão aparecer oportunistas que usarão essa bandeira da divisão, porém sem embasamento real do impacto da divisão no crescimento da região.Temos que ter sim, uma discussão técnica com estudos e responsabilidade sobre o tema.
*Claudia Gervazoni é médica pediátrica, empresária, mãe, avó, reside há 25 anos em Canarana e há 26 no Vale do Araguaia; foi candidata a prefeita de Canarana em 2020, pelo Patriota, e neste ano, pelo PL.
VILA RICA
Município na divisa com o Pará, com 9.827 habitantes – 7.436.383 km². PIB R$ 879.190.043. Renda per capita R$ 32.627,85. IDH-M 0,688.
Vila Rica tem um grande rebanho bovino e sua principal ligação é com Palmas (TO), distante 470 km, por rodovias pavimentadas, ao passo que o trajeto para Cuiabá é de 1.300 km, com um trecho de 130 km sem pavimentação.
O quartel dos bombeiros mais próximo de Vila Rica fica em Confresa, distante 105 km pela BR-158.
Nenhuma autoridade admite, mas as prefeituras no entorno de Vila Rica buscam atendimento em saúde pública em Palmas, onde, às escondidas, instalaram casas de apoio para os pacientes levados para aquela capital por falta de estrutura em Mato Grosso. Um vereador daquele município, sob a condição de anonimato, disse que a solução é a criação do Estado do Araguaia, pois Cuiabá vê o chamado Norte Araguaia com desprezo.
Evandro Carlos* – Evandro é contra a criação do Estado do Araguaia: “Antes fui favorável e agora sou contra”. Evandro acredita que a solução é a região eleger representantes. Cita a possibilidade de eleição de quatro deputados estaduais e faz outras conjecturas políticas. Nesse sentido Evandro destaca a atuação do deputado estadual Dr. Eugênio, que é o único parlamentar da região na Assembleia.
*Evandro Carlos é jornalista e radialista.
NOVA XAVANTINA
Município com 25.486 habitantes – 5.491,972 km². PIB R$ 1.033.277.738. Renda per capita R$ 47.627,46. IDH-M 0,704. O rio das Mortes banha a cidade e a BR-158 cruza o perímetro urbano.
A Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) tem um campus em Nova Xavantina.
Memória – Céu azul, mar de calmaria no Mediterrâneo diante da costa egípcia em 22 de março de 1941. O cargueiro brasileiro Taubaté transportando batatas, vinho e lá, do Chipre para Alexandria, navega em paz e se aproxima do porto quando um avião da Força Aérea da Alemanha, a Luftwaffe, lança bombas na tentativa de afundá-lo. Sem conseguir o intento o piloto metralha a embarcação e a Bandeira do Brasil que tremula em seu mastro. O comandante do navio, Mário Fonseca Tinoco, manda hastear a bandeira branca, mas a fuzilaria continua. Finalmente o avião some na linha do horizonte. A tripulação depara-se com o corpo do conferente José Francisco Fraga e com 13 feridos. Fraga foi o primeiro brasileiro morto na Segunda Guerra Mundial.
O Taubaté encabeçou a lista das embarcações brasileiras vítimas da Alemanha. Depois dele, entre 1941 e 1944, os ataques atingiram 34 navios do Brasil sendo que 33 foram a pique com 1.400 corpos de tripulantes civis e passageiros. A maior parte fazia cabotagem na Bahia e outros estados nordestinos. O Brasil reagiu declarando guerra ao Eixo – aliança formada por Alemanha, Itália e Japão.
O Rio de Janeiro era capital da República e os militares temiam ataques aeronavais do Eixo à cidade. O ministro da Guerra, marechal Eurico Gaspar Dutra, convenceu o presidente Getúlio Vargas a planejar a transferência dos poderes para a região central, como determinava a Constituição. Assim nasceu o programa Marcha para o Oeste, em busca de lugar seguro, longe dos submarinos e dos temíveis caças alemães.
Dutra era mato-grossense de Cuiabá e aproveitando a brecha constitucional puxou brasa para a sardinha de sua terra na esperança de construir a nova capital em Mato Grosso. O coronel do Exército Flaviano de Mattos Vanique foi nomeado chefe da Marcha – conhecida por Expedição Roncador-Xingu. Os irmãos Cláudio, Orlando e Leonardo Villas-Boas integraram a Expedição e mais tarde assumiram sua direção.
Em 1943 Vargas criou a Fundação Brasil Central (FBC), para administrar o projeto de interiorização e, no pior dos cenários, construir a nova capital. Por sua relevância estratégica a FBC era subordinada diretamente ao presidente da República, o Rio de Janeiro era sua sede e sua presidência ficou com o ministro extraordinário da Coordenação da Mobilização Econômica, João Alberto Lins e Barros.
O marco zero do avanço ao centro do Brasil foi a vila de Barra Goiana, que logo em seguida seria cidade com o nome de Aragarças, na divisa de Goiás com Mato Grosso, ao lado de Barra do Garças. Naquela localidade a FBC montou seu principal escritório e o município ganhou um hospital. A comunicação da FBC com o governo era facilitada pelos voos do Correio Aéreo Nacional (CAN), que faziam escalas no Aeroporto Salgado Filho, que era base da Aeronáutica em Aragarças.
Mato Grosso recebeu influência direta com a FBC e parte do Vale do Araguaia mais ainda.
Vanique partiu de Aragarças e chegou à margem do rio das Mortes onde em 1980 emancipou-se a cidade de Nova Xavantina, resultante da fusão das vilas de Xavantina, na margem direita do rio das Mortes, e Nova Brasília, na esquerda.
ALTO ARAGUAIA
Município na divisa com Goiás. Com 17.657 habitantes – 5.402,308 km². PIB R$ 1.172.926.079. Renda per capita R$ 59.497,11. IDH-M 0,704.
A cidade tem um terminal ferroviário de embarque de commodities agrícolas da Rumo Logística e um modesto parque agroindustrial. A rodovia BR-364 cruza a área urbana e o rio Araguaia faz divisa com Goiás.
CAMPINÁPOLIS
Município com 15.713 habitantes e 5.978,985 km². PIB R$ 437.024.797. R$ Renda per capita R$ 26.958,25. IDH-M 0,538.
Campinápolis é o único município mato-grossense onde a população predominante é indígena. Com 8.453 aldeados, os xavantes representam 55,08% dos 15.347 habitantes.
Os xavantes são aldeados na Terra Indígena Parabubure, com 225,4 mil hectares (com 222 mil hectares em Campinápolis) e Chão Preto, de 13 mil hectares.
SÃO FÉLIX DO ARAGUAIA
Munícipio com 14.332 habitantes – 16.682,479 km². PIB R$ 1.622.920.651. Renda per capita R$ 135.991,34. IDH-M 0,668.
São Félix fica diante da Ilha do Bananal, num dos trechos mais bonitos do rio Araguaia.
O município é sede da Prelazia de São Félix do Araguaia, que teve à frente do bispo espanhol e figura de destaque da Igreja Progressista, Dom Pedro Casaldáliga, nascido Pere Casaldàliga i Pla, e que preferia ser chamado Pedro.
Pedro respondeu pela prelazia, de sua instalação em 27 de agosto de 1971 até ser alcançado pela expulsória canônica, em 2 de fevereiro de 2005, e morreu em Batatais (SP) no dia 8 de agosto de 2020.
Com Pedro na prelazia, a região de São Félix registrava os piores indicadores sociais mato-grossenses. Sem ele ou coincidentemente sem ele, a situação começa a se inverter. No distrito de Espigão do Leste, conhecido como Baianos, São Félix cultiva extensas lavouras e alcança alto índices de produtividade.
São Félix nasceu de uma aventura extraconjugal. Fugindo de um casamento na política, Severiano Neves saiu do Pará e navegou até o ponto onde aportou em 23 de maio de 1941, e naquele lugar fundou a vila que seria a cidade de São Félix, em 13 de maio de 1976.
Isolada por falta de acesso pavimentado, São Félix sonha com a rodovia Transbananal, cujo projeto não prevê um centavo de real sequer em investimento pelo governo de Mato Grosso
Transbananal é o trecho coincidente da TO-500, na Ilha do Bananal, e a transversal BR-242, com 2.312 quilômetros, que liga Maragogipe, na Bahia, a Sorriso, cruzando São Félix. Essa via, além de contemplar regiões turísticas, também atravessa grandes polos de produção agrícola na Bahia, Tocantins e Mato Grosso. A pavimentação de 92 quilômetros entre São Félix do Araguaia e Formoso do Araguaia – trecho chamado Transbananal – é um projeto da União com Tocantins, e que se arrasta há décadas com amplo apoio político no Congresso, nas Assembleias Legislativas dos estados diretamente interessados e das prefeituras e Câmaras Municipais da área de influência da rodovia.
Inicialmente a construção estava prevista para começar em abril de 2020, mas em razão da pandemia do coronavírus foi adiada – e somente Deus sabe até quando – e nesse período não houve avanço na liberação das licenças burocráticas pendentes.
ALTO GARÇAS
Município com 13.707 habitantes – 3.858,153 km². PIB R$ 1.197.645.995. Renda per capita R$ 97.187,86. IDH-M 0,701. A rodovia BR-364 cruza a área urbana. O povoamento na região teve origem no garimpo de diamante, que foi sua primeira atividade econômica.
Alto Garças é um dos principais polos sementeiros do Brasil. A cidade situa-se a 754 metros acima do nível do mar. No município a altitude é parecida com a da área urbana, o que cria condições ideais para a produção de sementes.
Dentre as sementeiras instaladas em Alto Garças figuram a Arco-Íris, São Jerônimo, São Lourenço, Girassol e a gigante Atto. Além de sementes, o município também se destaca no cultivo de lavouras de soja, algodão e milho safrinha.
ALTO TAQUARI
Município com 11.571 habitantes – 1.436,582 km². PIB R$ 1.295.817.616. R$ 113.638,74. Renda per capita R$ 113.538,74. IDH-M 0,705.
Situa-se na tríplice divisa MT/MS/GO. Alto Taquari tem um terminal ferroviário da Rumo Logística, que escoa commodities para o porto de Santos, é um dos grandes polos do agronegócio brasileiro e produz açúcar e etanol.
Ao lado da cidade, na nascente do rio Taquari que empresta o nome ao município, – e um dos formadores do Pantanal – a prefeitura construiu uma barragem que resulta num lago, onde a população pratica esportes aquáticos.
RIBEIRÃO CASCALHEIRA
Município com 10.431 habitantes – 11.354,555 km². PIB R$ 756.831.118. Renda per capita R$ 72.424,03. IDH-M 0,692.
A política no Araguaia é tão machista quanto em Mato Grosso como um todo. Porém, Ribeirão Cascalheira demonstra ser diferente. Em 10 eleições municipais, desde 1988, o município elegeu diretamente três prefeitas.
Dona Elza (PL) venceu a eleição para a prefeitura em outubro. Ela sucederá Luzia Brandão (União), eleita em 2020.
Luzia em 2016 elegeu-se vereadora e presidia a Câmara, quando assumiu a prefeitura em razão da cassação do prefeito e do vice-prefeito; em eleição suplementar em 7 de abril de 2019, ela foi mantida no cargo, e no pleito direto seguinte ganhou mais quatro anos de mandato.
A primeira prefeita foi Patrícia Fernandes de Oliveira, a Patrícia Vilela (PMDB), que morreu em 28 de março de 2013, na colisão de uma camionete da prefeitura, na qual viajava de sua cidade para Goiânia. No acidente, na G0-060, município de Arenópolis, também morreu seu marido, Maurílio Vilela e uma ocupante do carro com o qual seu veículo colidiu.
GAÚCHA DO NORTE
Município na Bacia do Xingu, com 9.181 habitantes – 16.908,375 km². PIB R$ 1.290.840.759. Renda per capita R$ 163.138,13. IDH-M 0,615.
Gaúcha ainda depende da conclusão de um trecho de pavimentação de rodovia estadual para se interligar à malha rodoviária nacional.
BOM JESUS DO ARAGUAIA
Município com 7.731 habitantes – 4.266,636 km². PIB R$ 769.151.061. Renda per capita R$ 112.613,63. IDH-M 0,661.
A vida pública em Bom Jesus do Araguaia é marcada por tragédias com mortes. O primeiro prefeito, Marco Aurélio Fulin, morreu em dezembro de 2002, na BR-070, próximo a Campo Verde, num acidente onde cinco pessoas de sua família também morreram.
SANTA TEREZINHA
Município com 7.720 habitantes – 6.466,223 km². PIB R$ 300.590.811. Renda per capita R$ 35,169,16. IDH-M 0,609.
Santa Terezinha, na divisa com o Pará, é o município mais ao Norte defronte a Ilha do Bananal.
PONTAL DO ARAGUAIA
Município com 7.299 habitantes – 2.742,482 km². PIB R$ 123.227.636. Renda per capita R$ 17.674,65. IDH-M 0.734. Pontal é o encontro das águas do Garças (esq.) e Araguaia. Na margem direita do Araguaia, situa-se Aragarças (GO), e na oposta, Barra.
As rodovias BR 070/158 em trecho coincidente, entram em Mato Grosso pela cidade de Pontal do Araguaia.
NOVO SÃO JOAQUIM
Município com 7.160 habitantes – 5.225,595 km². PIB R$ 863.038.186. Renda per capita R$ 178.424,27. IDH-M 0,649.
Novo São Joaquim é importante polo produtor de commodites agrícolas e tem uma pecuária bovina de ponta.
O rio das Mortes, que banha o município, tem um dos pontos turísticos mais bonitos da região, que é a Cachoeira da Fumaça.
COCALINHO
Município com 6.428 habitantes – 16.908,375 km². PIB R$ 297.684.911. Renda per capita R$ 52.079,24. IDH-M 0,660.
A Ponte da Amizade Governador Dante de Oliveira, conhecida como Ponte do Cocalinho, com 577 metros de extensão sobre o rio Araguaia, foi decisiva para retirar a cidade do isolamento, pois antes a travessia era feita por balsa.
O vão central é de 150 metros e a elevação de 50 metros acima da linha d’água, para permitir a navegação. A obra custou 54 milhões de reais ao governo goiano sem nenhuma contrapartida de Mato Grosso, a não ser o aterramento da cabeceira no lado mato-grossense.
GENERAL CARNEIRO
Município com 6.250 habitantes – 4.514,917 km². PIB 481.736.638. Renda per capita R$ 84.131,44. IDH-M 0,670.
A rodovia BR-070 cruza a área urbana. A cidade surgiu no entorno de uma estação telegráfica instalada pelo Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.
A base econômica é a pecuária bovina, mas a agricultura está em expansão. General Carneiro foi um dos principais centros de extração de diamante do Brasil.
SÃO JOSÉ DO XINGU
Município com 6.168 habitantes – 7.465,563 km². PIB R$ 934.693.815. Renda per capita R$ 165.549,74. IDH-M 0,657.
São José do Xingu é um dos mais importantes municípios da pecuária bovina mato-grossense. Pecuaristas ligados à Associação dos Fazendeiros do Vale do Araguaia e do Xingu (Asfax) formam a base econômica daquele e dos municípios vizinhos.
São José do Xingu está no ponto equidistante da ligação rodoviária da BR-158, em Confresa, e a BR-163, em Matupá. Essa via é uma Leste-Oeste para encurtar distância entre o Maranhão e o Tocantins com Santarém, no Pará; para sua consolidação será preciso construir uma ponte sobre o rio Xingu, com 900 metros de largura, no limite dos municípios de São José do Xingu (margem direita) e Peixoto de Azevedo e Marcelândia (margem esquerda), e pavimentar a MT-322 no trecho em que ela cruza o corredor que separa o Parque Indígena do Xingu da Terra Indígena Capoto/Jarina.
ALTO BOA VISTA
Município com 5.875 habitantes – 2.248,414 km². PIB R$ 264.046.468. Renda per capita R$ 37.231,59. IDH-M 0,651.
Às véspera do Natal de 2012, mais de cinco mil brasileiros que viviam pacificamente há décadas na vila Estrela do Araguaia, conhecida como Posto da Mata e na zona rural da gleba Suiá-Miçu, conhecida como Fazenda do Papa, foram arrancados de seus lares e a vila inteira foi demolida por força de uma desintrusão que transferiu aquela área aos xavantes dando-lhe o nome de Terra Indígena Marãiwatsédé.
Marãiwatsédé mede 165 mil hectares e sua parcela maior pertence a Alto Boa Vista. Estrela do Araguaia era uma vila com base territorial em Alto Boa Vista e São Félix do Araguaia.
A desintrusão foi sobre uma área de domínio da União, mas nem isso justifica a omissão do governo estadual, que não acolheu nem providenciou assentamento rural para os despejados.
Onde foi a vila de Posto da Mata resta somente uma estátua de Jesus Cristo, de costas para a mesma, para não ver a injustiça ali cometida.
PORTO ALEGRE DO NORTE
Município com 5.690 habitantes – 3.971,721 km². PIB R$ 568.701.098. Renda per capita R$ 44.260,34. IDH-M 0,673.
A rodovia BR-158 cruza a área urbana, que é banhada pelo rio Tapirapé, afluente do Araguaia.
CANABRAVA DO NORTE
Município com 4.480 habitantes – 3.449,037 km². PIB R$ 267.192.363. Renda per capita R$ 56.716,70. IDH-M 0,667.
Canabrava do Norte dista 22 km da BR-158, por rodovia pavimentada. O município enfrenta problemas por falta de regularização fundiária. O município torce pela conclusão da pavimentação da Estrada do Guardanapo, que fará sua ligação com o distrito de Espigão do Leste, conhecido como Baianos, em São Félix do Araguaia.
NOVA NAZARÉ
Município instalado em 1º de janeiro de 2001 com 4.467 habitantes – 4.034,539 km². PIB R$ 140.569.145. Renda per capita R$ 35.035,46. IDH-M 0.595.
A rodovia MT-326 que liga Água Boa a cocalinho cruza a área urbana.
Em 1984 os agricultores Paulo Sereno e Geraldo Vicente Faria chegaram ao rio Borecaia, área no Vale do Araguaia, que pertencia a Água Boa. Na sequência outros em busca de terra para plantar e viver em paz iniciaram o cultivo de lavouras de subsistência. Assim, para suporte da comunidade rural nasceu a vila de Borecaia, que é o nome do rio mais próximo – na calha do rio das Mortes da Bacia do Araguaia.
O fluxo migratório fez Borecaia ganhar ares de vila e a igreja católica enviou a Irmã Vita, para evangelizar aquela comunidade. Elétrica, versátil, a religiosa passou a liderar a população e foi quem escolheu o nome Nova Nazaré, para substituir a denominação anterior, por acreditar que o espírito pacato da população lhe dava áreas de Nazaré, a cidade bíblica. Irmã Vita é o nome missionário adotado por Catharina Bubniak.
Prefeitura e Câmara de Nova Nazaré se instalaram em janeiro de 2001. O primeiro prefeito foi o pecuarista mineiro, adventista,José Marques de Queiróz, que não está mais entre nós.
Estudos apontam que Nova Nazaré será o porto mais ao Norte da Hidrovia Mortes-Araguaia, quando a mesma passar a ser explorada pela navegação comercial.
Com 4.467 habitantes, o município de Nova Nazaré tem grandes reservas indígenas da etnia Xavante. A rodovia MT-326 divide a cidade ao meio.
Logística – Em junho de 2022, o governo mato-grossense inaugurou a ligação asfáltica de Água Boa a Cocalinho, cruzando Nova Nazaré; no mesmo dia, próximo àquela cidade foi entregue ao tráfego uma ponte com 483 metros de extensão sobre o rio das Mortes – desativando as balsas que faziam a travessia – e essa é atualmente a maior ponte de Mato Grosso . O Estado investiu R$ 56,7 milhões na obra. E uma enquete conduzida pelo deputado estadual Dr. Eugênio (PSB), deu à obra o nome de Ponte da Integração José Monteiro Guimarães (acima).
A pavimentação da rodovia começou em 2013 no governo de Silval Barbosa, prosseguiu com seu sucessor, Pedro Taques, e somente foi concluída por Mauro Mendes. Esta obra rodoviária integra uma vasta região no Vale do Araguaia em ambas as margens do rio, em Mato Grosso e Goiás, e ela foi fundamental para Nova Nazaré, que assim saiu do isolamento.
A Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO), em construção pela mineradora Vale, terá 383 km e ligará Água Boa a Mara Rosa (GO) cruzando o município de Nova Nazaré e Cocalinho. Seus trilhos se conectarão com a Ferrovia Norte-Sul, naquela cidade goiana criando assim um corredor ferroviário para o Vale do Araguaia escoar commodities para o porto de Itaqui, no Maranhã. A obra deverá ser concluída em 2027.
TORIXORÉU
Município com 4.230 habitantes – 2.398,383 km². PIB R$ 211.144.584. Renda per capita R$ 60.613,76. IDH-M 0,716.
Torixoréu à margem do rio Araguaia, faz divisa com Goiás e seu nome reverencia uma formação rochosa distante 6 km da sede do município, a Pedra de Baliza, que é preta. Em tui-guarani pedra escura ou preta se chama Torixoréu.
O município ocupa lugar de destaque na pecuária bovina mato-grossense.
SANTO ANTÔNIO DO LESTE
Município com 4.212 habitantes – 3.403,593 km². PIB R$ 1.019.977.931. Renda per capita R$ 186.843,37. IDH-M 0,666.
Santo Antônio do Leste é um dos maiores produtores de commodities agrícolas do Brasil.
A cidade é rodeada por lavouras que somem de vista.
ARAGUAIANA
Município na divisa com Goiás com 3.950 habitantes – 6.380,700 km². PIB R$ 126.593.667. Renda per capita R$ 41.316,47 IDH-M 0,687.
A cidade fica à margem do rio Araguaia. Registro históricos citam que no período da guerra contra o Paraguai, no local havia uma pensão cuja proprietária se chamava Ana. Da junção do nome Ana com Araguaia surgiu Araguaiana.
TESOURO
Município com 2.977 habitantes – 4.244,073 km². PIB R$ 149.486.000. Renda per capita R$ 83.165,07. IDH-M 0,655.
Tesouro é importante polo do agronegócio, com lavouras de soja, milho e algodão, e tem considerável rebanho bovino. Do começo do século passado até meados dos anos 1990, a economia de Tesouro era movimentada pela extração e venda do diamante.
O município pertence à Comarca de Guiratinga, distante 40 km por rodovia recentemente pavimentada.
Uma vez emancipado o Araguaia, Tesouro deixará de pertencer à Comarca de Guiratinga, sendo remanejado para a Comarca da capital do novo Estado.
SANTA CRUZ DO XINGU
Município na divisa com o Pará – 2.834 habitantes – 5.623,390 km². PIB R$ 320.573.963. Renda per capita R$ 118.731,10. IDH-M 0.684. A agricultura está em expansão e ocupa lugar de destaque no agronegócio no Vale do Araguaia.
Antônio Mendes* – O advogado Antônio Mendes é favorável a emancipação do Estado do Araguaia:
“Pela dimensão geográfica, de fato o Norte Araguaia está muito distante da Capital. Viajar nessas estradas, boa parte de chão, é um desafio para os cidadãos do Norte Araguaia;
É impressionante o MT de contrastes. Uma Região altamente produtiva, cuja safra ainda é escoada, em estradas de chão;
Sabemos dos investimentos paulatinos acontecendo em estradas, hospital regional de Confresa, mas isso não é tudo. O Norte Araguaia já devia contar com essa infraestrutura há muito tempo;
De modo que, a alternância de poder, tanto pode evoluir, como pode comprometer a continuidade dessas obras importantes para o Norte Araguaia.
Ao passo que, mediante um governo local, focado obviamente na melhoria local, seria muito mais interessante para a Região.
Esse projeto pode sofrer duras críticas, acerca do aumento de despesas, pois demanda a criação dos poderes, de um tribunal de contas, tribunal de justiça e toda a infraestrutura necessária para literalmente tocar essa nova máquina. Ainda assim, penso ser possível. Para tanto, basta cortar literalmente na própria carne, reduzindo os privilégios tanto quanto gastos desnecessários praticados principalmente na esfera federal que o dinheiro necessário aparece.
Hoje, com o atual Governo Estadual, vamos bem, obrigado. Mas amanhã, como será?
Portanto, a possibilidade de independência do ARAGUAIA nos motiva, Sei que parece utopia, um tanto distante, pois, nos últimos tempos, com os investimentos em obras estruturantes, a população do Araguaia “engoliu o choro”. Mas continua entalada. Esse choro pode voltar a ecoar. Vai depender da presença do Estado. Se continuar daqui para melhor, quem sabe esse sentimento continue adormecido. Mas basta, um pouco de falta de atenção, para esse movimento retomar com força.
*Antônio Mendes é advogado, assessor Jurídico da Prefeitura de Santa Cruz do Xingu, jornalista e historiador
NOVO SANTO ANTÔNIO
Município com 2.040 habitantes – 4.394,789 km². PIB R$ 56.612.744. Renda per capita R$ 20.458,85. IDH-M 0,653. O rio das Mortes banha a cidade.
Memória – No primeiro semestre de 1958, o agricultor e aventureiro, conhecido apenas por Zéca Pereira, mudou-se para uma região distante cerca de 110 quilômetros de São Félix do Araguaia, pelo rio das Mortes. Alguns meses depois, o amigo de Zeca, José de Brito, chegou ao lugar, para trabalhar na lavoura. Em 1962 Zeca decidiu fundar uma vila nas terras que ocupava. Seu projeto frutificou e em torno do barraco por ele construído surgiu a cidade de Novo Santo Antônio.
Fundador da vila e seu primeiro comerciante, ainda no ano da sua fundação, Zeca montou um pequeno bar e bolicho nas barrancas do rio das Mortes.
Zeca e José de Brito, com suas famílias, ficaram no lugar, juntamente com outros poucos moradores. Mas, ninguém mais se interessava por ele. Então, os dois decidiram percorrer as cidades de Goiás e de Mato Grosso, nas margens do Araguaia, convidando pessoas para a cidade que pretendiam implantar. Estiveram em Luís Alves (GO), São Félix do Araguaia, Luciara e Barra do Garças. A iniciativa deu resultado: algumas dezenas de famílias se transferiram para a vila, que ainda não tinha nome.
Alguns meses após montar o comércio, Zeca foi a Goiânia (GO), onde comprou uma imagem de Santo Antônio. Na volta entronizou o santo numa capela rústica, por ele construída. Como o lugar fica em área ribeirinha, os moradores passaram a chamá-lo Santo Antônio do Rio das Mortes. Nos mapas oficiais, a vila sempre foi incorretamente identificada por Santo Antônio de Leverger.
Os pioneiros morreram. Caboclo ribeirinho, nascido em Tocantins, José de Brito contou com riqueza de detalhes numa entrevista em 2001, o começo do município. Segundo ele, os xavantes eram uma constante ameaça; em 1958 e 59 aconteceram ataques indígenas aos primeiros moradores, sem vítimas fatais.
José de Brito também contou que foi vítima de uma emboscada dos índios: certa feita, sozinho na mata, foi cercado por um grupo indígena armado com tacapes, bordunas, flechas e facas. Por sorte, entre os xavantes estavam Parreri, Sibupá e Daroá, três guerreiros amigos dele e seus antigos companheiros de pescaria. O trio impediu que fosse morto. Em 1960, os índios que ameaçavam os primeiros moradores, foram transferidos para outra região. Até 1982, o único meio de acesso ao lugar era o barco, em viagens que levam 5 horas na descida até São Félix e, que podem demorar até 12 horas, na subida. Naquele ano, foi aberta a estrada vicinal, de chão, que assegura escoamento até Alto Boa Vista.
RIBEIRÃOZINHO
Município com 2.697 habitantes – 624,997 km². PIB R$ 188.989.836. Renda per capita R$ 77.486,61. IDH-M 0,692.
Na divisa com Goiás, Ribeirãozinho é o município que mais produz commodities agrícolas no trecho da MT-100 entre Araguainha e Pontal do Araguaia.
Arlan Catule* – Criador e líder do movimento regionalista pelo desenvolvimento Avança Araguaia, Arlan Catulé não esconde o sorriso quando fala sobre a perspectativa da criação do Estado do Araguaia: “Peço a Deus que isso aconteça o quanto antes”, diz, mas pondera que é preciso critério para a definição da área territorial, pois teme que grandes municípios do Araguaia sejam deslocados para a área que será remanescente.
*Arlan Catulé é comunicador, suplente de deputado estadual e foi vereador por Ribeirãozinho.
Que texto bem elaborado. Parece uma poesia. Acredito que trazendo este assunto à tona é que faz o Estado se lembrar do nosso Vale dos esquecidos. Chamo assim, pois estou na região há 14 anos e vi muito pouco acontecer, perto do atraso que vive a região. Quando vc visita outras regiões do estado, facilmente percebe a disparidade. Basta uma simples comparação do PIB per capta entre o Araguaia e outras regiões. Mas continuemos acreditando que um dia deixaremos de ser esquecidos. Deixo aqui um abraço ao escritor e espero que continue levando este debate adiante e que traga progressos à região.
Muito bacana
Arlan Catulé – ex-vereador em Ribeirãozinho – via WhatsApp
Ficou muito bom! Matéria rica em informações históricas.
Elias Gomes – Canarana – via WhatsApp
Seu trabalho é um livro do Araguaia. Consegue passar pro papel o sentimento de um povo. Obrigado.
Deputado estadual Dr. Eugênio – Buenos Aires – via WhatsApp
Achei meio poético o trecho do Lual nas areias… tá ficando poeta nosso jornalista historiador
Dulce Lábio -escritora, poetisa e empresária – Cuiabá – via WhatsApp
Tesouro dista 365 km de Cuiabá e 250 km da Barra. Então para nós não mudaria muita coisa com a capital em Cuiabá ou com a capital na Barra, com Tesouro ficando no Araguaia. O município de General Carneiro foi desmembrado de Tesouro, na gestão do ex-prefeito José Ferreira Leite, já falecido. Os povos que habitam a imensidão do Araguaia têm o direito de sonhar, o direito de querer prosperar. Está certo que melhorou muito, mas ainda não é o que eles desejam. Acho que todos podem e devem dar opinião, mas a opinião decisiva e que deve ser considerada são das pessoas que ali vivem. É uma imensidão esse Araguaia. As pessoas viajam mais de mil quilômetros para ir à capital. Acho que ninguém tem o direito de privar as pessoas de seus sonhos, de melhorar sua região. Então é o seguinte: ficando Tesouro para o Estado do Araguaia ou Mato Grosso, não vejo muita diferença. Havendo um estudo de viabilidade econômica para se criar o Estado do Araguaia e se esse for o anseio da população que ali vive, não vejo razão para criar obstáculo ou ser contra.
Antônio Leite – Tesouro – pecuarista, servidor público estadual aposentado e ex-prefeito de Tesouro via WhatsApp
Meu nobre e grande jornalista Eduardo Gomes, sua matéria ficou perfeita. Parabéns. Compartilhei com vários grupos da região. Vamos ver qual vai ser a repercussão. Forte abraço meu irmão. Que Deus te ilumine sempre.
Antônio Mendes – Advogado, assessor Jurídico da Prefeitura de Santa Cruz do Xingu, jornalista e historiador – Santa Cruz do Xingu – via WhatsApp
Seo Eduardo isto é uma aula sobre o Araguaia. Muito obrigado
Li ontem mesmo Eduardo! E divulguei em todos os nossos grupos.
Trabalho magnífico, além da grande força que traz pra nós, o que sei que já vislumbrou antes de todos.
Afinal, melhor que ninguém você sabe que estamos sendo cozidos em fogo lento, então, nada melhor que chegar lenha na brasa, não?
Carmen Bruder – Psicanalista e advogada em Goiânia, pecuarista e líder ruralista em Cocalinho
O senhor fez o que ninguém fez ao botar o dedo na ferida. Quero ver a reação do Araguaia e dos nossos políticos?
Estou surpreso e meio que sem saber em como agradecer!? Riqueza de detalhes! Creio, que não é um pontapé inicial e sim um “coice inicial” para nossa criação do Futuro Estado do Araguaia! MUITO OBRIGADO Sr. Eduardo Gomes de Andrade
Airton Iappe – jornalista, radialista e cerimonialista – Água Boa
Mestre acabei de chegar do Pará… Segunda estaremos em Vila Real. De antemão muito bom seu material. Obrigado pelo espaço
Que o Grande Mestre lhe abençoe sempre
Evandro Carlos – Jornalista – Vila Rica
Texto lindo.
Selso Lopes Carvalho – advogado e ex-prefeito de Água Boa – Água Boa
Esse texto daria um livro.
Roseno Barros – Jornalista , portonoticias.com.br – Porto dos Gaúchos
Meu nobre irmão guerreiro jornalista Eduardo Gomes. Isso não é uma matéria. É um documentário, meu nobre irmão
Joel Colecionador – grupo de WhatsApp Rondonópolis Verdade – Rondonópolis
Muito obrigado meu amigo Eduardo. Agradeço muito por nossa amizade, nosso trabalho que a gente está compartilhando. É muito importante para nós fazer essas coisas, socializando, compartilhando o interesse indígena de modo geral. Falo isso e espero que a gente prolongue esse trabalho, nossa amizade até onde pudermos. Um grande abraço, meu amigo
Professor Xisto Tserenhi ru Tserenhimi ra – Xisto Xavante – Terra Indígena São Marcos, Barra do Garças
Acho que não está no momento de dividirmos. Tem coisas mais importantes para cuidarmos no Brasil. Mas li com carinho a matéria, como sempre, muito boa.
Maurício Tonhá – empresário presidente da Estância Bahia, ex-vereador e ex-prefeito de Água Boa por dois mandatos consecutivos – Cuiabá
Os paus rodados querem dar mais um golpe em Cuiabá. Não chega Campo Grande e Rondônia?
Cada vez mais fã dos textos do senhor. Que venha logo o Araguaia. Minha mãe nasceu em General Carneiro
Parabéns!
Importante reportagem!
Vamos reavivar o espírito de querermos o estado do Araguaia!
Dalva Peres – vereadora eleita e ex-prefeita de Cocalinho
Muito boa essa matéria. Parabéns.
Rejane Garcia – vice-prefeita e vereadora eleita em Água Boa
É uma boa proposta. Sou favorável
Sidney Louzada
Maravilhosa iniciativa.
José Antonio de Almeida – Baú – piloto, pecuarista, ex-prefeito de São Félix do Araguaia e ex-deputado estadual