Mato Grosso tem dezenas de municípios que repetem nomes de localidades em outros estados, e para diferenciá-los adota o complemento do Norte, D’Oeste, Nova e Novo. Essas denominações surgiram, em sua maioria como reverência de colonizadores a seus lugares de origem. Há grandes vultos regionais, acidentes geográficos e datas emblemáticas que poderiam ser homenageados com seus nomes ou apelidos denominando tais localidades.
O Ano-Novo que se aproxima é um bom momento para repensar novos nomes para Nova Bandeirantes, Lambari D’Oeste, Nova Xavantina, Nova Brasilândia, Mirassol D’Oeste, Nova Ubiratã, Glória D’Oeste, Nova Marilândia, Canabrava do Norte, Nova Canaã do Norte, Nova Nazaré, Novo Santo Antônio, Novo Horizonte do Norte, Novo São Joaquim, Primavera do Leste, Nova Monte Verde, Campo Novo do Parecis, Conquista D’Oeste, Nova Lacerda*, Nova Santa Helena, Santo Antônio do Leste, Terra Nova do Norte, Nova Guarita, Boa Esperança do Norte, Nova Mutum, Figueirópolis D’Oeste**, Nova Olímpia, Gaúcha do Norte, Ipiranga do Norte, Guarantã do Norte, União do Sul, Porto Alegre do Norte, Rosário Oeste, Novo Mundo e Nova Maringá.
Porto Alegre do Norte, embora figure na relação dos municípios que repetem nomes de outros, não recebeu tal denominação em alusão a capital gaúcha. Cidade à margem direita do rio Tapirapé – afluente do Araguaia, nos primórdios de sua colonização, o rio era seu único acesso. Mascates viajavam em chalanas e barcos procedentes de Barra do Garças para venderem produtos diversos aos moradores ribeirinhos. Sempre que uma embarcação atracava, encontrava os moradores em animados bailes. Daí surgiu o nome Porto Alegre do Norte.
A história da maioria dos municípios é recente e está volatilizando-se. Alguns nomes não poderiam ser esquecidos. Presidente Dutra, Ariosto da Riva, Irmã Adelis, Dom Pedro Casaldáliga, Roberto Campos, Ênio Pipino, Irmã Vita, Guilherme Meyer, Pastor Norberto Schwantes, Zé Paraná, Padre Geraldo, Filinto Müller, Homero Pereira, Pastor Gustavo Bringsken, Nêgo Amâncio, Archimedes Pereira Lima, Monsenhor Celso Duca, Dante de Oliveira, Antônio Paulo da Costa Bilego e o Cacique Mário Juruna, dentre outros, merecem uma homenagem assim, de tamanha envergadura.
Figuras nacionais e internacionais também podem ganhar espaço entre os nomes dos municípios, desde que tenham feito algo relevante por Mato Grosso, a exemplo de Juscelino Kubitschek, que ao construir Brasília interiorizou o Brasil; que interligou Cuiabá a Rio Branco, no Acre, por rodovia; construiu a ponte Marechal Rondon, sobre o rio Paraguai, em Cáceres; e em 1957 planejou a construção de um grande cruz rodoviária na Amazônia, com a abertura da Cuiabá-Santarém (BR-163) e a Transamazônica (BR-230).
É preciso resgatar os vultos de destaque nas últimas décadas, e fazê-lo sem radicalismo político ou ideológico. É possível respeitar os que cultuam a memória do bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga, que foi uma das referências da Igreja Progressista na América Latina, e dos que valorizam o trabalho do embaixador e senador Roberto Campos, que tinha uma das vozes mais respeitadas da direita no Hemisfério Sul.
O senador Filinto Müller foi um dos maiores líderes políticos mato-grossenses de todos os tempos. Figura polemica, Müller é satanizado pela esquerda, mas ninguém pode negar que graças a ele o governo de Getúlio Vargas investiu em obras que mudaram o perfil de Cuiabá, e que esfriaram a luta que Campo Grande travava para ser capital de Mato Grosso. Uma cidade com o nome de Senador Filinto Müller seria uma homenagem à altura de seus feitos.
A História não se faz com radicalismo e deve contemplar todas as formas de pensamento. No universo mato-grossense, há grandes nomes, ora relegados ao esquecimento histórico.
Reverência
Nem tudo é repetição. Alguns municípios mato-grossenses receberam o nome de autoridades e personalidades estaduais, nacionais e internacionais. Esta relação é composta por
Araguaiana – Junção das palavras Araguaia com Ana – o rio banha a cidade, e ela teria sido dona de uma pensão nos primórdios da colonização de Mato Grosso.
Barão de Melgaço e Santo Antônio de Leverger – Homenagens ao almirante e ex-governador Augusto João Manuel Leverger, o Barão de Melgaço, francês de berço e um dos maiores vultos mato-grossenses.
Cáceres – Sobrenome do quarto governador e capitão-general da capitania de Mato Grosso, Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, fundador daquela cidade.
Campos de Júlio – Homenagem ao deputado estadual Júlio Campos(União), que era governador quando da criação do distrito; Júlio Campos também foi prefeito de Várzea Grande, três vezes deputado federal e senador.
Carlinda – Nome reverencia a memória da senhora Carlinda Lourenço Teles Pires, que foi mulher do capitão Antonio Lourenço Teles Pires, que morreu num naufrágio no rio Teles Pires, que recebeu esta denominação em sua homenagem.
Cláudia – O colonizador de Cláudia, Ênio Pipino, era fã da atriz Claudia Cardinale e deu seu nome à vila que fundou e mais tarde seria cidade e comarca.
Denise – O nome foi escolhido pelo colonizador Júlio da Costa Marques, para homenagear Denise, sua filha mais vela.
Dom Aquino – O arcebispo de Cuiabá , imortal da Academia Brasileira de Letras e governador Francisco de Aquino Corrêa, o Dom Aquino, foi homenageado com o nome do município.
General Carneiro – Antônio Ernesto Gomes Carneiro foi herói da guerra contra o Paraguai. General, chefiou a Comissão Construtora de Linhas Telegráficas na Marcha para o Oest”, de 1890 a 1892, e recrutou o então tenente Rondon para auxiliá-lo – Rondon alcançou a patente de marechal, é o Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, maior vulto mato-grossense.
Juscimeira – É a fusão das vilas de Juscelândia e Limeira, no município de Poxoréu. Limeira era auto-homenagem do seu fundador, José Cândido de Lima. Juscelândia foi a forma encontrada por seu fundador, João Matheus Barbosa, para reverenciar seu conterrâneo mineiro de Diamantina, Juscelino Kubitschek.
Lucas do Rio Verde – Francisco Lucas de Barros era seringueiro e morava em um barraco à margem do rio Verde. Quando referia-se à região, dizia, Lá no Lucas do Rio Verde.
Luciara – Cidade à margem do rio Araguaia, diante da Ilha do Bananal, o colonizador Lúcio Pereira da Luz fundiu seu nome ao do rio e assim surgiu Luciara.
Marcelândia, Nova Lacerda, Peixoto de Azevedo, Pontes e Lacerda, Porto Esperidião, Rondolândia, Rondonópolis, Santa Carmem, Tapurah e Vera, também reverenciam vultos.
Desta relação também fazem parte:
*Nova Lacerda, em homenagem ao político, advogado e pecuarista José Márcio Panoff de Lacerda.
Márcio Lacerda foi deputado estadual, deputado federal, senador e vice-governador, e defendeu a ocupação da área onde surgiu a vila que o reverencia.
*Figueirópolis D’Oeste deriva do nome de seu colonizador José Joaquim de Azevedo Figueiredo, mas acrescido de D’Oeste em razão da existência de município homônimo em Tocantins.
Fotos: 1 – Prefeitura Nova Canaã do Norte 2, 4 e 7 – Acervo do blog 3 – Congresso Nacional 5 – Edson Rodrigues/AL 6 – Divulgação
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