Boa Midia

Deputados divergem quanto ao nome de pastor para o Hospital Central

Eduardo Gomes

@andradeeduardogomes

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O que parecia ser uma homenagem sem questionamento na Assembleia Legislativa virou um nó sem ponta. Os deputados Thiago Silva (MDB) e Sebastião Rezende (União) apresentaram um projeto para reverenciar a memória de um pastor da Assembleia de Deus, mas houve resistência, muito embora todos enaltecessem a memória daquele que seria homenageado. Assim, a proposta para dar ao Hospital Central de Alta Complexidade o nome de Pastor Sebastião Rodrigues de Souza saiu de uma tramitação consensual para o debate, com alguns outros nomes sugeridos para tanto.

O pastor Sebastião foi o principal líder da Igreja Assembleia de Deus em Mato Grosso durante décadas e à sua frente idealizou e dirigiu a construção do Grande Templo, em Cuiabá, que é a maior igreja da capital mato-grossense e um de seus cartões-postais.  O pastor Sebastião morreu em Cuiabá, aos 89 anos, no dia 8 de julho de 2020, vítima da covid-19.

Depois de aprovada por unanimidade pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ),  a proposta dos dois parlamentares foi submetida ao plenário na tarde desta quarta-feira, 26, e saiu de pauta por conta de um pedido de vistas de Wilson Santos (PSD) que inicialmente sugeriu o nome do médico Dr. Benedito Vieira de Figueiredo – Dr. Bené, e em seguida propôs que os deputados escolham um nome em comum, e que a sugestão dele e as de outros colegas denominassem alas do hospital em construção.

O Dr. Bené foi o primeiro dermatologista em Mato Grosso. Durante décadas seu consultório atendeu no centro de Cuiabá. Morreu em 15 de outubro de 2018, na capital mato-grossense, vítima de um ataque cardíaco.

Sebastião Rezende e Thiago Silva tentaram convencer os colegas, mas não conseguiram. O projeto, retirado de pauta, voltará à discussão após o carnaval, e antes de ser reapresentado passará por uma ampla discussão, com a participação do presidente da Assembleia, Max Russi (PSB).

Wilson Santos não somente discorda do nome apresentado, como sugeriu outro, o de Dr. Bené, e desafiou os dois deputados, que são evangélicos, para que denominem o Grande Templo, em Cuiabá, de Grande Templo Pastor Sebastião Rodrigues de Souza. Mesmo reconhecendo a missão evangelizadora do reverendo, o parlamentar discorda que o hospital leve seu nome, pois sua atuação não foi na área da saúde. Por fim, Wilson Santos ponderou que o pastor poderia emprestar seu nome a uma das alas do hospital, e que o mesmo deveria ser feito em relação aos outros dois nomes propostos, da enfermeira Amália Curvo de Campos e do ex-secretário estadual de Saúde, Luiz Soares.

Wilson Santos citou Amália Curvo de Campos e Luiz Soares, porque seus nomes foram propostos pelos deputados Dilmar Dal Bosco (União) e Carlos Avallone (PSDB), respectivamente. O deputado disse que todos os indicados são merecedores, e destacou que nada tem contra a memória do pastor Sebastião, mas que entende que a homenagem a ele deve partir da Igreja Assembleia de Deus, dando seu nome ao Grande Templo. Ainda sobre o reverendo, Wilson Santos citou que quando prefeito de Cuiabá construiu a avenida das Torres e que deu a duas pontes o nome do pastor Sebastião, “com ele em vida”.

INVESTIGAÇÃO – Wilson Santos sentiu-se desconfortável ao ver que a CCJ aprovou o nome Pastor Sebastião Rodrigues de Souza, porque quem primeiro indicou um nome foi ele, em 2020, reverenciando a memória do médico Dr. Bené. O parlamentar assegurou que apurará como os fatos aconteceram, pois a indicação de sua autoria simplesmente evaporou-se.

Dona Amália com o filho Júlio Campos

AMÁLIA – Antes da polêmica, Dilmar Dal Bosco defendeu que o nome para o hospital deveria ser o da enfermeira Amália Curvo de Campos, matriarca da família Campos, primeira mato-grossense formada em Enfermagem – nos anos 1940.

Dona Amália era casada com o empresário Júlio Domingos de Campos, o seo Fiote, que foi prefeito de Várzea Grande em dois mandatos; na função de primeira-dama Dona Amália prestou relevantes serviços de saúde e no campo social. Além disso, quem idealizou e construiu boa parte do Hospital Central de Alta Complexidade foi seu filho, Júlio Campos, quando governador de Mato Grosso (1983/86).

Depois de exercer vários cargos, Júlio Campos (União) é o vice-presidente da Assembleia. Dona Amália morreu aos 96 anos, no dia 10 de fevereiro de 2021, no Hospital Santa Rosa, em Cuiabá, vítima da covid-19.

No pronunciamento sobre a denominação Júlio Campos enalteceu os nomes sugeridos. Ressaltou a importância do pastor Sebastião para a missão de evangelizar em Mato Grosso e lembrou que quando governador doou o terreno para a construção do Grande templo e que autorizou o governo a doar 130 colunas de cimento e aço para a obra.


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LUIZ SOARES – Carlos Avallone, também antes da discussão, sugeriu que o nome deveria ser o do ex-deputado estadual constituinte e relator da Constituição, Luiz Soares, que também foi secretário estadual de Saúde no governo de Pedro Taques e secretário municipal de Saúde de Várzea Grande na administração da prefeita Lucimar Campos e vice-prefeito de Cuiabá.

Luiz Antônio Vitório Soares, o Luiz Soares, morreu aos 64 anos, vítima de um infarto no dia 16 de junho de 2022, em sua casa na capital mato-grossense.

O HOSPITAL – As obras do Hospital Central de Alta Complexidade do governo estadual estão em fase final, depois de terem permanecido paralisadas por mais de 35 anos, e deverão ser concluídas neste ano. O hospital terá uma área de 32 mil m². Sua capacidade mensal será para 1.990 internações, 652 cirurgias, 3 mil consultas com especialistas e 1.400 exames.

Com 290 leitos o hospital atenderá nas áreas de cardiologia, neurologia, vascular, ortopedia, otorrinolaringologia, urologia, ginecologia, infectologia e cirurgia geral.

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