CUIABÁ 306 ANOS – Osvaldo Sobrinho
Eduardo Gomes
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Nos anos 1970 Mato Grosso iniciou o processo maciço de ocupação do vazio demográfico do Nortão e do Chapadão do Parecis e era necessário levar Educação àquelas regiões, o que foi feito graças ao trabalho do então delegado regional de Educação, professor Osvaldo Sobrinho.
À época na área do Nortão havia somente uma cidade, Porto dos Gaúchos. A imensa extensão territorial desabitada despertou interesses de colonizadores e de brasileiros em busca do amanhã. As cidades foram surgindo: Vera, Sinop, Santa Carmem, Colíder, Alta Floresta, Cláudia, Marcelândia, Peixoto de Azevedo, Sorriso e as demais. Osvaldo Sobrinho tratou de levar Educação aos filhos dos pioneiros. A primeira escola construída foi a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Vera, e as obras continuaram.
Paralelamente à Educação, Osvaldo Sobrinho pegou gosto pela política e em 1978 elegeu-se deputado estadual. Na Assembleia foi autor da lei que emancipou Sinop e virou semeador de cidades. Alta Floresta, Colíder e outros municípios nasceram de sua atuação parlamentar.
A carreira política continuou. Osvaldo Sobrinho reelegeu-se em 1982, em 1986 foi deputado federal e em 1990 vice-governador de Jayme Campos, quando exerceu o cargo de secretário estadual de Educação.
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Mais dia menos dia Cáceres conquistaria a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), mas Osvaldo Sobrinho foi decisivo para que a conquista se antecipasse, e assim, em 15 de dezembro de 1993, Jayme Campos sancionou a lei que transformava o Instituto de Ensino Superior de Cáceres (Iesc) na Unemat; juntamente com ele, o professor do Iesc, Carlos Alberto Reyes Maldonado teve papel de destaque.
Em 1994 Osvaldo Sobrinho concorreu ao governo enfrentando Dante de Oliveira, que ganhou destaque nacional com a emenda das diretas. Dante venceu o pleito. Em 1998 Osvaldo Sobrinho conquistou suplência de deputado federal.
Em 2006, Osvaldo Sobrinho foi segundo suplente na chapa vitoriosa de Jayme Campos ao Senado. Pelo sistema de rodízio parlamentar ele chegou ao plenário, uma vez que o primeiro suplente Luiz Antônio Pagot renunciou à suplência, que se o levasse ao plenário forçaria sua saída da presidência do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Professor, economista, advogado com mestrado e doutorado, Osvaldo Roberto Sobrinho nasceu em Pirapozinho (SP) em 8 de janeiro de 1949; também milita no sindicalismo patronal rural, tendo presidido o Sindicato Rural de Acorizal. Na maçonaria foi grão-mestre do Grande Oriente do Estado de Mato Grosso. É pecuarista e dono de concessões de rádio e retransmissoras de televisão. É pai de Niuan Roberto (PTB), que foi vice-prefeito de Cuiabá em 2016, eleito numa chapa encabeçada por Emanuel Pinheiro (MDB).
Em 9 de agosto de 2016 escrevi no Diário de Cuiabá com reprodução pelo site Folhamax, da capital mato-grossense, o texto abaixo sobre Osvaldo Sobrinho:
Mato Grosso chorava a divisão e somente tinha olhos para sua área territorial mais desenvolvida, que virou Mato Grosso do Sul. Paralelo ao pranto, o Brasil mirava o vazio demográfico amazônico, principalmente no eixo de uma longitudinal sonhada por Juscelino Kubitschek, que recebeu o nome de Cuiabá-Santarém.
Gente de todos os lugares chegava ao longo da rodovia carregando sonhos e sabendo que a batalha seria dura pelo isolamento e falta de estrutura na região. Escolas nunca estariam nos planos dos pioneiros e colonizadores, conforme a demanda regional.
De seu gabinete na capital mato-grossense um professor que lança seu olhar muito além do que se possa imaginar, fazendo da linha do horizonte o lugar mais baixo onde mira, acompanhou o rastro das esteiras dos tratores do 9º BEC que abriam passagem ao desenvolvimento e ali plantou as sementes de seu projeto educacional. Esse professor é Osvaldo Sobrinho, um bígamo – como se define – que é casado e apaixonado com a Educação e a política. A trajetória desse personagem foi condensada em 274 páginas de sua obra biográfica que leva a chancela do jornalista Oscar Ramos Gaspar e que será lançada, hoje, às 19 horas, no Sesc Arsenal.
Osvaldo Sobrinho é figura plural não somente pela bigamia. Nascido no interior paulista, ainda menino descobriu Mato Grosso, quando a terra do Marechal Rondon se espalhava da divisa com o Pará ao Paraná, e sua qualificação para ser correta tem que lhe conferir a naturalidade cuiabana e sinopense. De Cuiabá, pois, afinal, com a bênção de Deus, sua vida familiar ao lado de sua mulher Dilza, e profissional na pluralidade de suas funções, foram construídas o mais digoreste possível ao som do rasqueado e ao irresistível sabor da cabeça de pacu, sem abrir mão do inseparável guaraná ralado antes do ‘tchá’ com bolo na abençoada e ensolarada cidade quase tricentenária fundada por Moreira Cabral no coração da América do Sul. De Sinop, a metrópole do futuro idealizada por Ênio Pipino, porque suas digitais estão na argamassa de sua construção da maneira mais abrangente possível e inclusive na lei que emancipou aquele município, já que foi seu autor enquanto deputado estadual.
Homem simples, sempre disposto a ouvir e cauteloso ao falar, articulado, conciliador, de memória privilegiada e sorriso enigmático, Osvaldo Sobrinho foi grão-mestre do Grande Oriente do Estado de Mato Grosso, enfrentou um sério problema de saúde e seu nome nunca esteve envolvido em escândalos. Adepto do trabalho em equipe participou da criação do ensino a distância no Brasil – método que capilarizou e inverteu o caminho da escola e da universidade ao aluno. Exerceu importantes cargos eletivos sem se deixar picar pela mosca azul. Certa vez nos encontramos e o cumprimentei: “bom dia, deputado; ele sorriu e pausadamente disse: “sou apenas Osvaldo, presidente do Sindicato Rural de Acorizal”.
Traçar o perfil desse bígamo no dia do lançamento de seu livro biográfico é estabelecer, em desvantagem, concorrência com o autor, que soma à sua sensibilidade a leveza do texto e o conhecimento do biografado. Para saber sobre ele há duas alternativas: ler “Osvaldo Sobrinho – com toda educação – Uma biografia” ou perguntar a algum mato-grossense, e se esse não responder, faça igual o personagem, olhe a linha do horizonte e pelo vento ela lhe responderá que para Mato Grosso o professor e político Osvaldo Roberto Sobrinho com sua têmpera esculpida ao longo de décadas de trabalho é igual a água do rio que passa ficando”.
Foto: Dinalte Miranda – Tuiuiú
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