40 Anos – A cidade de Schwantes
Por conta da função da vereança e também estudos que faço em Brasília, comumente, no Uber ou nas lanchonetes, as pessoas me perguntam de onde sou. Respondo que venho do Mato Grosso.
– Do Sul ou do Norte? – questionam.
Bom, eu entendo a pergunta, mas também fico contrariado, porque não existe Mato Grosso do Norte.
Comprando um sapatênis com 50% de desconto em uma loja, a atendente me perguntou se eu também queria levar uma espuma para limpar tênis. Disse que desconhecia esse produto. Ela então perguntou:
– Mas em que mundo você vive?
O pai sempre falou pra gente não reparar nos outros, mas o tênis da vendedora estava sujo. Cito isso porque foi a primeira coisa que olhei instintivamente ao ser questionado.
Respondi com o peito estufado e orgulho que morava no Mato Grosso.
Paguei a conta, mas antes de sair, levando o sapatênis e a espuma (achei o produto maravilhoso, quando ela me mostrou limpando o tênis dela) perguntei se a mesma já tinha visto lavouras de soja e milho a perder de vista.
– O que é soja? – ela perguntou.
Respondi com uma pergunta:
– Em que mundo você vive?
A maioria das pessoas não sabe o que é e o que representa o Mato Grosso para o Brasil.
Dias destes vi no Facebook uma montagem de uma página de Canarana que mostrava uma aldeia indígena como representação do que as pessoas pensam quando alguém diz que é do Mato Grosso e, junto, uma foto aérea da cidade de Canarana mostrando o que realmente é o Mato Grosso.
Há certo preconceito dos grandes centros urbanos com relação ao nosso estado. Há também desconhecimento que somos os maiores produtores de grão e de carne do Brasil, entre outros títulos. Mantemos favorável a balança comercial brasileira. Nosso PIB cresce em velocidades asiáticas. E, temos sim, também, muitas florestas.
Quando Canarana foi colonizada, o Mato Grosso começava na barranca do rio Paraná e seguia até a divisa com o Pará. Na época da colonização, as terras na região de Dourados já estavam inflacionadas, obrigando Norberto Schwantes vir para o cerrado nas nascentes do rio Xingu.
Para muitos era loucura. Mas a cidade nasceu, cresceu e hoje o município é o 15º maior produtor de soja do Brasil. Como muitos lá atrás, hoje tantos outros não conhecem e não acreditam, mas assim como ela nasceu e cresceu, se tornará em breve uma cidade industrializada, beneficiando a produção agrícola. A população vai crescer, a riqueza vai crescer e o IDH também.
Por ora o desejo separatista do Araguaia, que também já anunciou um dia querer virar estado, está adormecido. A volta dele ou não depende dos investimentos de Madri na Catalunha, opa, quer dizer, de Cuiabá no Araguaia, apesar de que sou a favor de que o Mato Grosso fique unido.
Quem não acredita simplesmente vai ficar de fora, comendo McDonald’s, usando espuma para limpar tênis e achando que sabe tudo e que vive no centro do mundo.
Rafael Govari, jornalista, professor e vereador por Canarana
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