Por emendas secretários pingue-pongue voltam à Assembleia
Parlamentar que deixa o cargo para integrar secretariado perde a legitimidade de seu mandato no quesito fiscalização, que é uma de suas atribuições. Em Mato Grosso essa prática vergonhosa tem raízes profundas tanto no governo quanto em prefeituras e não exclui o Congresso, pois o então deputado Dante de Oliveira foi ministro de José Sarney e o senador Blairo Maggi responde pelo Ministério da Agricultura.
Deixar o mandato temporariamente para servir a governo é algo que merece reprovação popular nesse momento em que o Brasil começa a ser passado a limpo. Pior: fazer pingue-pingue entre a Assembleia e o Palácio Paiaguás ganha aspecto de imoralidade, de descompromisso político.
Nessa quarta-feira os deputados estaduais licenciados Max Russi (PSB) e Wilson Santos (PSDB) deixam as secretarias que ocupam no governo Pedro Taques e retornam à Assembleia. A imprensa noticia tal fato com naturalidade, mas trata-se de algo gravíssimo no campo da moralidade.
Russi é chefe da Casa Civil. Wilson Santos é secretário de Cidades. O primeiro conduz uma delicada negociação junto aos demais poderes e aos municípios, para contornar o sistemático calote de seu governo, que insiste em não cumprir prazo para repasse de duodécimo e de transferências constitucionais para as prefeituras. O outro tem diante de si o abacaxi do Veiculo Leve sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá e Várzea Grande, cuja obra não esteve em andamento um dia sequer no governo Taques, que entra em seu quarto ano.
Wilson Santos e Russi jogam tudo para cima. Vão para a Assembleia ocupar seus assentos. O que os leva até lá: a chancela das emendas parlamentares para 2018. Ambos querem garanti-las na Lei Orçamentária Anual (LOA), que será votada antes do recesso parlamentar do final de ano.
Emenda parlamentar é porta aberta à corrupção, mas é preciso reconhecer que nem todos os seus personagens pratiquem a corrupção; é a metamorfose que transforma parlamentar em executor de obras. Esse penduricalho do estado-inchado precisa ser banido, apesar da forte corrente interesseira que o defende.
O pingue-pongue de Max e Wilson Santos nos revela um governo insensível aos problemas que o afetam. Saem os dois secretários, entram substitutos, depois eles voltam e tornam a sair para se candidatarem a novos cargos (ou reeleição) porque ambos fazem da política sua verdadeira profissão, a julgar pelo longo período em que militam na vida pública em tempo integral.
Nos momentos difíceis, quando Mato Grosso precisava de voz na Assembleia, Max e Wilson Santos lá não se encontravam. Agora, quando o governo tem que levar adiante a negociação de suas pendências constitucionais ou pedaladas fiscais, e precisa encontrar resposta para sua omissão no tocante ao VLT, os dois vão para o plenário do Legislativo.
Por atitudes assim, é preciso que o eleitor grave bem os nomes de Max, Wilson Santos e Pedro Taques para que no futuro, jogadas como essa não se repitam deixando Mato Grosso em segundo plano em nome de interesses que não levam em conta a luz da verdade.
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