Leitão e Fávaro: Pedro Taques tropeça no Nortão
Tempo esquenta entre Pedro Taques e Nilson Leitão, ambos tucanos. Estaria em curso a Operação Nortão.
O governador Pedro Taques quer disputar a reeleição. O deputado federal Nilson Leitão também sonha com o governo. Sem aparente possibilidade de reconciliação essa divergência pode ser o diferencial da eleição de outubro, que até então era anunciada como água com açúcar.
As partes tentam mostrar os dentes e exibem sorrisos conciliatórios, mas não é bem assim.
Taques estaria negociando com o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, uma via alternativa para garantir legenda. O governador teria avaliado que um enfrentamento com Leitão – ainda que saia vitorioso – chamuscaria seu grupo, pelas feridas internas que poderiam ser expostas e pela divisão natural no pós-convenção, como sempre acontece. Daí, que estaria de olho na legenda de Freire, que em Mato Grosso é presidida por Percival Muniz.
Quando inimigo Taques não conhece ética. Por isso, costura com Freire, para não ter que se curvar a Percival, que inclusive poderia ser descartado dependendo do desenrolar dos fatos.
Caso Taques e Leitão se reconciliem Percival continuará à frente do PPS e a Operação Nortão seria natimorta. O prazo para se saber o que poderá acontecer é curto. Articulado, o governador desconversa sobre candidatura e pede prazo até a Quaresma.
OPERAÇÃO NORTÃO
Dilmar Dal’Bosco (DEM) é o líder do Governo na Assembleia. Recentemente Dilmar assinou a CPI dos Fundos, para investigar suposto desvio de finalidade dos recursos dos fundos Fethab (transporte e habitação) e Fundeb (para a educação). Dilmar seria peça-chave dessa Operação, mas seu jamegão na CPI não tem nada a ver com o bloco político que poderá surgir em Mato Grosso, com epicentro em Sinop, no Nortão.
Dilmar teria assinado a CPI cumprindo ordem de Taques, para implodi-la, travá-la ou desqualifica-la dependendo de sua evolução. Pois bem, aquela pode ter sido a última assinatura do deputado em sintonia com o governador.
Caso Taques saia do PSDB e migre para o PPS (ou até mesmo para outra sigla) Dilmar se juntará a Leitão na Operação Nortão. Dilmar seria candidato a deputado federal no palanque de Leitão que correria atrás da faixa governamental.
Fonte segura em Sinop revela que em nome da Operação Nortão o empresário Roberto Dorner (PSD) ao invés de se candidatar a deputado federal sairia a deputado estadual. Que ninguém tente encontrar cabelo em ovo para lançar dúvida sobre essa composição. Afinal, Dorner é filiado ao partido do vice-governador, também do Nortão (de Lucas do Rio Verde) Carlos Fávaro.
Governador e vice repetem na política o casal brigado, que mesmo de cara amarrada um com outro, recebe visita de braços abertos e sorriso largo. Taques avaliaria que Fávaro não somaria nada para sua reeleição, daí o bilhete azul implícito ao companheiro na chapa de 2014. Fávaro, por sua vez, acha que é filho da rainha da Inglaterra, que mamãe está muito enferma, vai passar dessa para a melhor e que ele herdará o reino.
Em tese, Fávaro e Dilmar teriam um universo eleitoral regional capaz de deixá-los a um passo de Brasília, o que poderia ser completado com o caça-votos abençoado pela falta do voto distrital. Mas, se o vice achar que tem condições de se lançar ao Senado poderia fazê-lo tranquilamente, porque há duas vagas em disputa e não seria estranho o Nortão ter o candidato Leitão ao governo com Fávaro para senador.
ASSEMBLEIA
A Operação Nortão teria um grande reforço na Assembleia, onde 10 dos 24 deputados são daquela região, e todos, indistintamente, estão com o pé atrás com Taques.
De Juara, Oscar Bezerra (PSB) e Janaína Riva (PMDB) não engolem Taques. Ela não teria liberdade para decidir, porque seu partido é controlado pelo deputado federal Carlos Bezerra, que embora crítico do governador, costuma ser imprevisível. Oscar, independente, pode puxar seu partido para uma coligação com Leitão.
Em Sorriso, José Domingos (PSD) e Mauro Savi (PSB) também não digerem bem o governador. Domingos é irmão do presidente-executivo da associação dos prefeitos (AMM), Neurilan Fraga. Domingos não disputará reeleição, pois foi pego numa vergonhosa filmagem recebendo dinheiro de Sílvio Corrêa, então chefe do Gabinete do à época governador Silval Barbosa; Silval sustenta que se tratava de mensalinho. Domingos apoiará o mano, que será candidato a deputado federal pelo PSD tendo como bandeira a dura crítica a Taques.
Savi está enrodilhado pelo Ministério Público; juristas avaliam que a situação dele é ‘complicadíssima’, mas se escapar, seguramente subiria num palanque para desabafar contra o governador.
Pedro Satélite (PSD) é de Guarantã do Norte. Para sobreviver certamente ele ficará com o PDS de Fávaro (o que não será certo em caso de janela de filiação em março). Mas se tiver liberdade de escolha, claro que ficará com a melhor oferta.
Em Sinop há três deputados. Dilmar, Baiano Filho (PSDB) e Silvano Amaral (PMDB). Silvano terá que cumprir ordens do cacique Carlos Bezerra. Baiano (a janela de filiação reaparece) ficará com a melhor proposta.
Romoaldo Júnior (PMDB) de Alta Floresta é o mais vivo da bancada do Nortão (quem sabe até da Assembleia!) e fechará questão com o chefe Bezerra.
Valdir Barranco (PT) de Nova Bandeirantes tenta sobreviver no rescaldo de seu partido em Mato Grosso. Caso Lula seja absolvido nessa quarta-feira Barranco ganhará sobrevida, pois seu líder deverá ser candidato com chances de vencer a disputa pelo Planalto. Se Lula cair, o PT vira moeda de troco e será coadjuvante da corrida pelo voto em outubro.
Resumo: O cenário para Taques no Nortão é o pior possível. Internamente, no âmbito de seu governo e base aliada, nem se fala. Nesse vácuo Leitão e Dilmar articulam. O governador sabe que o cenário é esse e a chance de viabilizar sua reeleição é complicada. Talvez sua única saída seja encontrar uma mulher carismática, que não seja de Cuiabá, para dobrar, porque Taques não é mais o novo, seu governo é opaco, suas alianças estão rompidas ou abaladas e a corrupção comprovadamente minou a Secretaria de Educação (Seduc) com seu ex-titular Permínio Pinto assumindo a condição de réu confesso.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
FOTOS
Arquivo 1 – GCom
2 – Boa Midia
3 e 4 – Assessoria Assembleia Legislativa
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