Escândalo atinge secretário Wilson Santos e Taques tem que demiti-lo
O feio ficou ainda pior.
O mato-grossense não engole a verba indenizatória (VI) legalmente (mas imoralmente) distribuída entre donos dos poder e seus barnabés mais graúdos.
Agora, nesse universo de benesses surge um fato que merece imediata e profunda investigação: a possível entrega da VI do suplente de deputado estadual em exercício, Jajah Neves (PSDB) para o titular de sua cadeira e correligionário Wilson Santos, ora licenciado para ocupar a Secretaria de Cidades do governo Pedro Taques.
Em 11 deste janeiro um áudio então supostamente debitado a Jajah revelava que a VI de R$ 65 mil mensais recebida por aquele parlamentar seria por ele entregue a Wilson Santos, que – segundo a gravação – ligava cobrando-a ao seu suplente, três dias antes que a mesma lhe fosse creditada.
Esse áudio contém ainda outras citações envolvendo figuras políticas, mas de peso menor no universo da sujeira que assola a classe política.
Jajah negou que fosse o autor da gravação e para provar inocência contratou o manjado perito Ricardo Molina, que ganhou projeção nacional ao tentar esclarecer tecnicamente o nebuloso assassinato de PC Farias, o homem forte de Collor; recentemente Molina também atendeu o cliente Michel Temer (o da Presidência) no escandaloso caso das acusações feitas pelo sócio do JBS, Joesley Batista.
Em Cuiabá, Molina, o perito de Jajah, considerou a gravação “montagem criminosa”.
Nesta quinta-feira, o site O Livre e vários outros que reproduziram ou piratearam sua reportagem, postou uma matéria com o jornalista Arthur Garcia, que assumiu a autoria da gravação, revelou que a mesma aconteceu em fevereiro de 2017 e que ele em momento algum pensou ou a utilizou como ferramenta de chantagem.
Garcia teria sido ouvido pelo Ministério Público, que anteriormente abriu um procedimento investigativo.
Jajah é indivíduo pobre e consequentemente com pouca movimentação bancária, o que facilitará e agilizará o rastreamento de sua conta (ou contas) em banco para se saber se ele teria ou não utilizado a VI para sua destinação ou se a teria repassado a Wilson Santos.
Sugerir linha de investigação ao Ministério Público é dispensável, pois aquela instituição tem seriedade, competência, independência e compromisso institucional com Mato Grosso. Nesse caso, nos resta aguardar.
Paralelamente à investigação do Ministério Público, tanto Taques quanto a Assembleia devem satisfação sobre o caso e não podem permanecer passivos ancorados pelo princípio da presunção da inocência de Wilson Santos e Jajah.
Em nome da moralidade e da ética que tanto prega, Taques tem que exonerar Wilson Santos.
Esse episódio é grave demais para ser tratado como “algo qualquer”. A VI é imoral porque suga dinheiro que poderia ser aplicado na saúde, educação etc. para engordar as contas de deputados que deveriam fazer de seus mandatos ferramentas em defesa do povo, mas que optam por transformá-los em tetas generosas – sem exceção no caso de Mato Grosso.
Em nome da lei o deputado Saturnino Masson (PSDB) que chefia a Comissão de Ética Parlamentar da Assembleia já deveria estar em cena apurando o caso, o que lamentavelmente não acontece. Essa omissão não pode ser debitada somente a Saturnino; também deve ser jogada sobre os ombros dos demais membros daquela comissão: Leonardo Albuquerque (PSD), Wancley Carvalho (PV), Allan Kardec (PT) e Adriano Silva (PSB) – de igual modo o presidente do Legislativo, Eduardo Botelho (PSB) também tem culpa em cartório pelo corporativismo que tenta abafar o caso.
Mato Grosso que tanto discute – no Facebook e nos grupos de WhatsApp – a condenação de Lula pelo TRF-4, e que se divide entre ardorosos defensores do ex-presidente e ferozes cidadãos corajosos que apontam suas falcatruas, deveria – sem prejuízo do caso nacional – voltar seu olhar para o mar de lama que já cobriu o umbigo da vida pública mato-grossense.
Não se pode esperar gesto de dignidade de Jajah e Wilson Santos nesse episódio. Independentemente dessas duas figuras, Taques, Saturnino, Leonardo Albuquerque, Wancley Carvalho, Allan Kardec, Adriano Silva e Eduardo Botelho precisam honrar seus cargos tomando as medidas cabíveis no caso: demissão de Wilson Santos e apuração do fato pela Comissão de Ética.
Eduardo Gomes de Andrade
Editor
blogdoeduardogomes2017@gmail.com
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