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Abatido, Mauro Savi deixa classe política sob ameaça de delação

Mauro Savi e o dedo acusador sobre a classe política
Mauro Savi e o dedo acusador sobre a classe política

Desespero, revolta, desencanto, tristeza e se sentindo abandonado e traído por companheiros. A soma disso tudo seria hoje o estado de espírito do deputado estadual campeão de votos para a Assembleia Legislativa mato-grossense em 2014, Mauro Savi (DEM), preso preventivamente em Cuiabá desde 9 de maio. Abatido ao extremo, Savi não estaria mais acreditando que poderá ganhar liberdade tão cedo. Essa situação o teria empurrado a planejar uma delação premiada, que se feita e homologada jogará na sarjeta – e na cadeia, também – boa parte da cúpula política com e sem mandato em Mato Grosso. A informação é de uma das figuras mais próximas de Savi.

Savi cumpre prisão por determinação do desembargador do Tribunal de Justiça José Zuquim. O Ministério Público (MP) o aponta como líder de uma organização criminosa que teria desviado mais de R$ 30 milhões do Detran. A mesma acusação se estende a outros seis deputados estaduais e aos irmãos Pedro e Paulo Taques – ambos também presos – que são primos do governador Pedro Taques, sendo que Paulo foi chefe da Casa Civil e coordenador da campanha de Pedro ao governo em 2014.

Ao longo do encarceramento Savi tentou a soltura várias vezes, mas todas as decisões foram pela manutenção de sua prisão. Antes da delação – segundo a fonte – o deputado aguardará uma decisão da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, que poderá estender a ele os benefícios de um habeas corpus do ministro Dias Tóffoli, que botou em liberdade o empresário José Kobori – um dos operadores do esquema no Detran, segundo o MP. Rosa Weber é a relatora original da ação que resultou na Operação Bereré – que botou Savi e os Taques na cadeia. Caso a decisão da ministra seja contrária, “a casa cai”, afiança a fonte.

Casa cair, nesse caso seria um strike na Assembleia com reflexo no governo e sobre políticos sem mandatos, mas que os exerceram nos últimos anos. Em delação Savi assumiria mea culpa quanto a acusação do caso Detran e arrastaria consigo os Taques presos e cinco dos seis deputados também acusados pelo MP no caso Detran: o presidente da Assembleia, Eduardo Botelho (DEM), Wilson Santos (PSDB),  Baiano Filho (PSDB), José Domingos e Nininho (ambos do PSD). A delação  no tocante  ao esquema no Detran ainda atingiria em cheio o ex-governador Silval Barbosa; o ex-deputado federal Pedro Henry; o ex-presidente do Detran, Teodoro Lopes, conhecido por Dóia; e  Sílvio Corrêa, então chefe do Gabinete do à época governador Silval (2010/14).

A delação de Savi não ficaria restrita ao rombo no Detran. No poder desde 2003, o deputado sempre foi governista a transitou bem entre os poderes políticos, com incursões sobre a bancada federal. A fonte sustenta que na legislatura em curso na Assembleia somente seriam excluídos da delação os deputados Valdir Barranco (PT), Allan Kardec (PDT), Janaína Riva (MDB), Romoaldo Júnior (MDB) e Saturnino Masson (PSDB). Savi teria planejado incluir revelações sobre a relação da elite empresarial com a Secretaria de Infraestrutura e Logística (Sinfra) desde o governo de Blairo Maggi (2003/10) até sua prisão; revelaria também como funcionaria um esquema na Secretaria de Meio Ambiente (Sema), onde se cria dificuldade para se vender facilidade; mostraria o mecanismo para o pagamento de mensalinho a parlamentares por parte de Silval e do ex-presidente da Assembleia, José Riva.

O teor da delação seria o mais explosivo que se possa imaginar e Savi não excluiria empresários do setor de transporte, donos de hospitais e de veículos de Comunicação. Além de apontar o dedo sobre o poder político para reduzir eventuais condenações e também para voltar à liberdade, Savi teria um capítulo especial sobre caciques do Democratas, seu partido. “Ele está magoado com o Jayme (Campos), o Mauro (Mendes) e o Fabinho (Fábio Garcia), pois eles o ‘queimaram’ não botando seu nome entre os candidatos a deputado”, acrescenta a fonte.

A delação não atingiria o deputado estadual Romoaldo Júnior (MDB), acusado juntamente com Savi e outros cinco parlamentares de envolvimento no rombo do Detran. Alguém dos meios políticos teria informado a Savi que Romoaldo tentou por todos os meios que o DEM o lançasse candidato, mas que a resistência de Jayme, Mauro e Fábio Garcia foi grande. “Acho que ele fará silêncio sobre o Romoaldo”, arremata a fonte.

Na solidão da cela nesse final de semana em que se comemora o Dia dos Pais, Savi afunilaria o teor de sua delação. Rosa Weber deverá decidir seu futuro entre a terça e a quarta-feira. Se a decisão for mais uma derrota em sua tentativa de liberdade, ele acionará o MP em busca da delação que poderá transferir do palanque para a cadeia boa parte da classe política mato-grossense.

Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes

FOTO: Arquivo Assembleia Legislativa

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