ANÁLISE – Articulação de Pedro Taques merece reflexão
Pedro Taques é um político inteligente no sentido mais amplo da palavra. Desgastado e sem perspectiva de recuperação, ao entrar no último ano de seu mandato planejou e executa uma tática para continuar controlado o poder, mesmo que não seja oficialmente seu titular. Não se trata de mero Plano B, Nada disso! É muito mais. Algo capaz de fazer a ossada de Golbery entrar em convulsão no túmulo.
Em 2014 ao estrangular o grupo de Silval Barbosa e José Riva, Pedro estava no auge da popularidade. Mato Grosso queria um homem firme para estancar a corrupção, virar a triste página da rapinagem dos cofres públicos. Assim, Pedro, senador na metade de seu primeiro mandato eletivo recebeu as chaves do Palácio Paiaguás. Com ele, então, uma forte corrente suprapartidária que apostava todas as fichas no seu fortalecimento – não somente por ele, mas principalmente por eles.
No governo recebeu todos os afagos institucionais possíveis. A Assembleia prostrou-se de joelhos aos seus pés. O Tribunal de Justiça não o confrontou por conta dos seguidos atrasos nos repasses do duodécimo. O Ministério Público não é poder, mas, também o poupou. O Tribunal de Contas do Estado, com cinco conselheiros afastados judicialmente, um aposentado precocemente e seu presidente Campos Neto apontado por Riva enquanto mensaleiro, ficou de bico calado. A Imprensa, sempre generosa com quem tem a chave do cofre, o endeusou.
Com tamanha força e sucedendo um grupo minado pela corrupção e com seus principais atores processados, denunciados, delatados e presos (já recuperaram a liberdade) Pedro tinha a linha do horizonte para balizar seu governo, mas não o fez. Centralizador, perseguiu, não alcançou sucesso administrativo. Sua cúpula na Segurança Pública grampeou milhares de mato-grossesenses, coincidentemente seus adversários – recentemente o cabo PM Gerson Corrêa, um dos principais operadores do grampo citou Pedro na condição de chefe do esquema de arapongagem (Grampolândia Pantaneira). Um escândalo na Secretaria de Educação (Seduc) mostrou que havia corrupção naquela secretaria. Muitos secretários foram presos, e dentre eles, Paulo Taques, primo de Pedro, coordenador jurídico de sua campanha em 2014 e seu chefe da Casa Civil. Muitos escândalos se somaram ao da Seduc.
No imaginário espelho Pedro viu refletida a imagem da derrota por seu desgaste perante a opinião público. Entrou em cena a jogada. Carlos Fávaro (PSD), o vice-governador, renunciou. Otaviano Pivetta (PDT), Mauro Mendes e Jayme Campos (ambos do DEM) e os secundários Eduardo Botelho, Mauro Savi. Fábio Garcia, Adriano Silva e Dilmar Dal’Bosco (todos do DEM), Gilmar Fabris, Nininho, Wagner Ramos e Pedro Satélite (todos do PSD); Romoaldo Júnior, Silvano Amaral e Valtenir Pereira (todos do MDB) e puxados pelo cacique Carlos Bezerra – esse num esquema numa esfera superior – entraram em cena. Vale observar que Bezerra pertence ao time da cúpula e não aos secundários, mas pela dificuldade de nominar e qualificar os personagens ele ficou entre a arraia-miúda.
Ainda sobre observação, os deputados estaduais Gilmar Fabris e Mauro Savi gozam de plena liberdade e tiveram suas candidaturas registradas, depois de passarem alguns meses atrás das grades.
Sintetizando as observações: Dilmar foi líder do governo (Pedro) na Assembleia. Nininho foi delatado por Silval: teria dado propina milionária para ganhar a concessão da MT-130 entre Rondonópolis e Primavera do Leste, e Pedro fez ouvidos moucos: no auge do calote no começo do governo Pedro, a construtura de Nininho (representada por um de seus filhos) recebeu milhões por obras inacabadas.
Pedro entre quatro paredes com Mauro Mendes e Pivetta, definiu que os dois formariam uma chapa que seria verdadeira tábua da salvação Dai, nasceu a dobradinha Mauro Mendes/Pivetta. Na sequência combinou com Fávaro, que tratou de botar no projeto o grupo chamado de Viúvas de Riva. Jayme nunca fica fora de uma boa oportunidade e tratou de abraçar a causa. Bezerra nunca erra; sempre acerta e leva consigo a cúpula que o segue.
Assim, Pedro tenta a reeleição enfrentando entre outros candidatos, Mauro Mendes. Pedro segue pedindo votos vendendo a imagem do candidato vitorioso, muito embora intimamente saiba que poderá ter desempenho mais fraco do que o obtido por Janete Riva (PSD), mulher de Riva, que ficou em terceiro lugar na disputa ao governo em 2014, com 144.440 votos (9,92%).
Extremamente articulado, Pedro tratou inclusive de compor a coordenação de Mauro Mendes. Lá estão, entre outros, o deputado Baiano Filho (PSDB), que pertencia à sua base de sustentação, e seu ex-secretário José Rodrigues Rocha Júnior.
Votar em Mauro Mendes é garantir mais quatro ano de poder para Pedro. Essa é a realidade em Mato Grosso, o Estado governado por um grupo que se duplica para garantir as rédeas do poder, ainda que aparentemente esteja enxotando seu verdadeiro líder. Independentemente de paixão política o eleitor deve refletir sobre essa realidade.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
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