Boa Midia

Bolsonaro dá banana pra Mato Grosso

Jair Bolsonaro acaba de dar uma banana para Mato Grosso. Uma banana que por duas razões poderá custar vidas humanas e também atravancar o desenvolvimento regional. Numa canetada foram remanejados R$ 26,5 milhões previstos no Orçamento da União para infraestrutura de transporte mato-grossense. Uma portaria (Nº 144) do Ministério da Economia e Planejamento destinou para outras prioridades esse montante. Tal decisão acontece em razão da falta de peso político da bancada federal mato-grossense, em parte submissa a Bolsonaro.

Na prática o estrago é esse:

O Orçamento destinaria R$ 8.043.012 para a duplicação de parte da BR-364/163 entre Rondonópolis e Jaciara. Esse montante agora toma Doril.

Wellington é governo independentemente de quem seja o governante

O mesmo Orçamento reservaria R$ 10 milhões para a conclusão do anel viário de Barra do Garças e Pontal do Araguaia, em Mato Grosso, e Aragarças, em Goiás. Mas, a dinheirama tomou o mesmo comprido.

A rodovia BR-158 também foi atingida pela portaria do governo Bolsonaro. Para ela estariam reservados R$. 8.535.699 para serem investidos em parte da obra de pavimentação no trecho de 140 quilômetros ao Norte de Alô Brasil (de Bom Jesus do Araguaia) na reserva indígena Xavante Marãiwatsédé.

Certeza para Selma é o apoio do Capitão
Certeza para Selma é o apoio do Capitão

O corte que atinge a BR-364/163 retarda a duplicação de mais um trecho no maior corredor de escoamento de grãos do Brasil. Essa rodovia, segundo a Polícia Rodoviária Federal, tinha o maior índice de colisões frontais no país. Por ela trafegam diariamente, nos nos dois sentidos, mais de 15 mil veículos, com mais de 70% representados pelo pesadões, sendo que boa parte transporta soja para o terminal ferroviário em Rondonópolis ou retornam de desembarques.

Jayme é macaco velho
Jayme é macaco velho

O anel viário de Barra do Garças, Pontal do Araguaia e Aragarças está com a obra bastante adiantada, inclusive as pontes sobre os rios Garças e Araguaia. Sem sua conclusão o trânsito pesado das rodovias federais 070 e 158 continua tumultuando  as três cidades e colocando em risco seus moradores e visitantes. O trecho urbano é de 12 quilômetros. Recentemente Bolsonaro esteve naquelas cidades, onde lançou um programa de recuperação ambiental ciliar do rio Araguaia, e ouviu sobre a necessidade de conclusão do anel.

A rodovia 158 foi aberta ao tráfego há quase meio século. Ela liga o Vale do Araguaia ao Pará. O trajeto não é pavimentado somente na área indígena, que até recentemente era ocupada mansa e pacificamente por posseiros. Concluir a ligação é sonho acalentado há muito tempo, mas com a evaporação dos recursos tudo volta a estaca zero. Com a incerteza criada pelo governo federal, a região fica à deriva. Não há clareza sobre o amanhã. No mar da incerteza, quando houver recursos para a obra sua execução deverá ganhar contornos polêmicos, com alguns defendendo o traçado original da rodovia, outros, o contorno da terra indígena, com o asfalto sendo deslocado à direita (no sentido Sul-Norte) e cruzando as cidades de Bom Jesus do Araguaia, Serra Nova Dourada e Alto Boa Vista.

Fraqueza da bancada

A menor bancada federal dos estados tem oito deputados. É o caso de Mato Grosso. Bolsonaro tem ascendência sobre a maioria mato-grossense no Senado e na Câmara.

Rosa Neide é Lula livre
Rosa Neide é Lula livre

Carlos Bezerra e Juarez Costa (ambos do MDB), Emanuel Pinheiro Neto (PTB), Rosa Neide (PT), José Medeiros (Pode), Nelson Barbudo (PSL). Dr. Leonardo (SD) e Neri Geller (PP) formam a bancada na Câmara. Selma Rosane (PSL), Jayme Campos (DEM) e Wellington Fagundes (PL) representam o Estado no Senado.

Por conta da bancada Bolsonaro não recuará da banana. Em Brasília o que conta é maioria.

Neri Geller é Neri Geller
Neri Geller é Neri Geller

SENADO – Em nota às redações Wellington  ensaiou críticas do ministro da Infraestrutura Tarcísio Gomes, mas estrategicamente deixou Bolsonaro fora de sua linha de tiro.

O senador liberal controla o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Mato Grosso desde tempos quase imemoriais, mas mesmo assim jamais se lançará contra presidente da República.

Bezerra, o insondável mais previsível
Bezerra, o insondável mais previsível

Seu perfil é governista desde 1991, quando chegou à Câmara dos Deputados, onde se manteve até 2015, quando assumiu cadeira no Senado. Wellington foi Collor, Itamar, FHC, Lula, Dilma e Temer. Jamais será contra o Capitão.

Juarez Costa foi liderado por Riva
Juarez Costa foi liderado por Riva

Selma Arruda recorre da cassação de seu mandato pelo Tribunal Regional Eleitoral, por crimes eleitorais. Sua eleição tem que ser creditada à cota de irradiação eleitoral de Bolsonaro; sua permanência no cargo é uma incerteza para ela, que tem como certo somente o apoio do Capitão.

Jayme Campos não tem vínculos com Bolsonaro. Macaco velho, Jayme Campos não se deixará envolver pelo coleguismo com os defensores do Capitão: analistas acreditam que o senador botará o dedo na ferida do presidente bananeiro.

CÃMARA – O discurso de Rosa Neide é Lula livre. Deputada por um Estado que enfrenta graves problemas a deputada estreante não abre mão do discurso panfletário, como se fosse uma universitária no fim da madrugada salvando o mundo do capitalismo selvagem, da burguesia e da direita reacionária.

José Medeiros foi salvo pelo Capitão
José Medeiros foi salvo pelo Capitão

Rosa Neide será sempre contra Bolsonaro, sem que na prática seja a favor de algo útil.

Neri Geller é Neri Geller e ponto. Nunca foi e nunca será algo que não seja Neri Geller. O Capitão tem a frieza do jogador de pôquer. Se avaliar que precisa do deputado, trata de encontra-lo e juntos fumam o cachimbo da paz. A banana de agora recomenda que se deixe a porta da negociação aberta.

Dr. Leonardo fica com Paulinho da Força
Dr. Leonardo fica com Paulinho da Força

Carlos Bezerra é o insondável mais previsível. Mesmo com o bilhete azul que o Capitão deu pra Teté Bezerra (mulher de Bezerra) na presidência da Embratur, Bezerra é um poço de negociação e nenhuma obra rodoviária abortada mudará seu perfil.

Juarez Costa foi deputado estadual liderado por José Riva. Imaginem do que ele é capaz, ainda mais quando se sabe que a banana não atinge diretamente Sinop, sua base eleitoral.

José Medeiros é Capitão desde criancinha no Rio Grande do Norte, onde nasceu. Suplente de Pedro Taques em 2010, José Medeiros ganhou a cadeira de titular no Senado no final de 2014, com a eleição de Taques ao governo. Ninguém apostava em seu futuro político, menos ele, claro. O senador enxergou a saída no Capitão, grudou nele e virou deputado federal de sua base de sustentação, com ou sem obra rodoviária em Mato Grosso.

Nelson Barbudo e a imagem que diz tudo
Nelson Barbudo e a imagem que diz tudo

Nelson Barbudo não pode ser comparado ao Cacareco. Foi o deputado mais votado em Mato Grosso, mas mesmo assim, não tem densidade eleitoral. Seu votos representam o apoio de descontentes com a roubalheira nos governos Lula e Dilma. Pegou garupa com o Capitão. Se você estiver no 20º andar com o deputado e ele correr para a janela e saltar, saiba que a ordem foi de quem pode dar: o Capitão.

Dr. Leonardo não é contra nem a favor, muito pelo contrário. Sua política é sobreviver politicamente junto com seu líder e colega de bancada Paulinho da Força – não muito recomendável – independentemente de duplicação Rondonópolis-Jaciara, anel viário para Barra do Garças e pavimentação na BR-158. E cá pra nós, pra sobreviver nada melhor do que afagos presidenciais.

O deputado e a mão firme do papai Emanuel Pinheiro
O deputado e a mão firme do papai Emanuel Pinheiro

O deputado e garoto Emanuel Pinheiro da Silva Primo, dito Emanuelzinho,  foi lançado candidato a deputado federal por seu pai, o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB). Sem nenhuma experiência ou vivência política recebeu 76.781 votos. Estratifiquemos a votação: segundo mais votado em Cuiaba, com 27.376 votos. e terceiro em Várzea Grande, com 11.723. O eleitorado que o elegeu tem a seguinte distribuição geográfica na dita Baixada Cuiabana e adjacências: primeiro lugar em Chapada dos Guimarães(2.187),  Santo Antônio de Leverger (2.069), Nossa Senhora do Livramento (2.768), Nobres (1.187) e Juscimeira (886); segundo lugar em Acorizal (451), Jangada (790), Rosário Oeste (1.193) e Planalto da Serra(276).

Portanto, esse deputado não tem que prestar contas de suas opções na Câmara a ninguém, porque sua votação tem origem atípica. Quanto a ele, o Capitão pode dormir sossegado.

RESUMO –  Mato Grosso fica sem tais recursos para obras rodoviárias. Resta a banana, que sem trocadilho será bancada pela maioria da bancada. É assim que funciona o regime democrático onde a verdadeira democracia não é quem elege.

Redação -blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 – blogdoeduardogomes

2, 3 e 4 – Agência Senado

5 – Governo de Mato Grosso

6, 7,  8,  9 e 10  – Agência Câmara

11 – Marreta Urgente na internet

12 – Gazeta Digital na internet

 

2 Comentários
  1. José Zonta Diz

    Brigadeiro você enquadrou geral e é assim que deve ser a Imprensa

    José Zonta – professor – Cuiabá – via WhatsApp

  2. Juba Diz

    Independente de quem quer que seja o governo, esses senadores e deputados deveriam estar correndo atrás de recurso que interessam ao povo Matogrossense, no entanto o que se percebe é que a maioria dos que sobem a tribuna professam apenas discursos político ideológico. Esquecem por exemplo que professores estão em greve a quase 2 meses, que o anel viario de Rondonópolis é intransitavel, entre tantos outros problemas que temos enfrentado. Portanto, passou da hora de provar ao povo que o voto de cada eleitor matogrossense não foi perdido.

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