Se Mandetta conhecesse Peixoto de Azevedo continuaria ministro

Luiz Henrique Mandetta e Nelson Luiz Sperle Teich têm muito em comum. São médicos, do presidente Jair Bolsonaro ganharam pontapé no traseiro, não conhecem Peixoto de Azevedo e sequer sabem algo sobre o Ciclo do Ouro que botou em fervura aquela cidade na divisa com o Pará– se conhecessem suas biografias não teriam a marca do coturno de Bolsonaro.

Da explosão do garimpo, – fofoca, como se diz no jargão garimpeiro – ao êxodo. Da riqueza fácil ao caos que a deixou a um passo de ser cidade fantasma. Foi assim com Peixoto, que viveu o Ciclo do Ouro no Nortão – curto período marcado por assassinatos, malária, balanças de precisão em muitas portas abertas na Rua do Comércio; de intensa movimentação de mono e bimotores e caminhonetes de frete transportando doentes e garimpeiros sonhadores; de ônibus despejando levas de aventureiros. Em suma, no auge da opulência e quando o declínio começou, Peixoto era um fuzuê danado, onde a verdadeira moeda circulante era o grama do ouro. Mas, não somente o metal mais cobiçado do mundo inteiro dava as cartas. Havia também a cloroquina, a droga salvadora que derrotava a malária até mesmo pra quem estava a um passo da morte. Taí a resposta: se o ex-ministro tivesse andado por lá, ministro continuaria sem que o fármaco sonhado pelo presidente Jair Bolsonaro curasse ou matasse alguém afetado pelo vírus chinês.

– Mãe com nome masculino?

Se Mandetta tivesse conhecido o Ciclo do Ouro em Peixoto deixaria que a fala de Bolsonaro entrasse por um e saísse por outro ouvido, ainda que o presidente ocupasse cadeia de rádio e televisão pra receitar o fármaco que não tem indicação médica contra o coronavírus, doença que ainda desafia a pesquisa, e contra a qual não existe medicamento nem vacina. Bastava ouvir o chefe, sorrir, mas sem deixar que a cloroquina interferisse na luta contra a pandemia e não se descabelasse pela insistência de alguns setores em abrir as portas, de pais que querem os filhos na escola presencial – isso é coisa do temperamento de brasileiro que cedia a veia ao soro azulado, vota em Lula da Silva e Pedro Taques ou Mauro Mendes, engole o duodécimo da Câmara de Cuiabá, acredita em seriedade sindical, sataniza a Polícia Militar, aposta na inocência de Emanuel Pinheiro no episódio do paletó, chora o fim da era Riva, partidariza a pandemia torcendo pelo vírus e aplaude a correria do Centrão de Carlos Fávaro, Jayme Campos, Neri Geller, Wellington Fagundes, Leonardo Albuquerque, Emanuelzinho Pinheiro, José Medeiros, Carlos Bezerra e Juarez Costa em busca do colo político do Capitão.
Eduardo Gomes -Redação blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Agência Brasil
2 – Vargas De Losor
3 – Internet
Belo texto. Parabéns.
Brigadeiro, acabei de ler o texto. Parabéns pela performance com a qual você se posiciona, a sutileza e a galhardia na arte da narração.
Professor Santino Silva
Você mistura a realidade da história com humor e boas pitadas de veneno, Gosto de seu texto.
Maria Elizete
O melhor texto que já li em Mato Grosso em sete anos que moro aqui. Uma obra de arte da língua portuguesa. Parabéns ao autor. Bravo.
Obrigado. Acostume-se com a leitura de Boamidia. Editoriais, artigos e reportagens como manda o bom jornalismo. Eduardo Gomes
Apesar de ter gostado bastante do seu texto com alguns detalhes históricos de minha cidade, se equivocou em alguns pontos e posso dizer que falta um pouco mais de analise sobre o que falam sobre a Cloroquina: Malária não tem nada haver com CoronaVirus. Lembrando que teve alguns casos no Amazonas em que morreram pessoas com o uso do Cloroquina, acredito que por isso o Teich pediu demissão. Vamos deixar com os profissionais da saúde essa questão, eles são os especialistas. Cada macaco no seu galho.
Meu amigo, obrigado por ter gostado do texto. Confesso que citei quinino e cloroquina somente pra ancorar a crítica que fiz ao presidente Bolsonaro e a alguns políticos citados. Somente isso. Respeito Peixoto, mas o citei pra poder chegar a Bolsonaro e seu charlatanismo. Não me atreveria a discutir uso desse ou daquele medicamento. Grato.
Agradeço essa publicação pois tive o oportunidade de rever a rua do comercio eu estava neste fusca ai que aparece na foto. Nesta época eu estava lá,trabalhava na prefeitura como motorista da ambulância que levava os doentes pra Cuiabá. Fui pra Peixoto de Azevedo bem nessa epoca do garimpo e realmente a malaria era dez vezes pior que esse covid ai e o Quinino ( hoje cloroquina) era a salvação dos garimpeiros sou testemunha, Realmente esse remédio tem o poder de curar infecçoes virais. Tudo que esta escrito nesta matéria é a mais pura verdade.Por isso concordo com o uso da cloroquina no tratamento da covid 19 sem restriçoões! E o Bolsonaro tem razão!!!!