Série (XVI) em quem votar ou não votar – Thiago Silva
Eduardo Gomes
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Thiago Silva (MDB), de Rondonópolis, é o décimo sexto candidato a prefeito focalizado pela Série Em quem votar ou não votar, que aborda aleatoriamente os nomes que estão em campanha para a Prefeitura de Cuiabá e dos municípios de Barra do Garças, Várzea Grande, Sinop, Rondonópolis e outras importantes cidades mato-grossenses.
A série começou com Beto Farias (PL), de Barra do Garças; e prosseguiu com Lúdio Cabral (PT) e Victorio Galli (DC), ambos de Cuiabá; Mariano Kolankiewicz (MDB), de Água Boa; Teti Augustin (PT) e Adilton Sachetti (Republicanos), ambos de Rondonópolis; Miltão (PSOL), de Várzea Várzea; Vander Masson (União), de Tangará da Serra; Eliene Liberato (PSB), de Cáceres; Roberto Dorner (PL), de Sinop; Miguel Vaz (Republicanos), de Lucas do Rio Verde; Chico Gamba (União), de Alta Floresta; Zé Domingos (União), de Nobres; Fábio Junqueira (Republicanos), de Tangará da Serra; e Domingos Kennedy (MDB), de Cuiabá. Alguns ainda na fase de pré-campanha saíram da disputa.
ELE – Thiago Alexandre Rodrigues da Silva, o Thiago Silva, nasceu em Rondonópolis no dia 15 de agosto de 1982. É economista com pós-graduação em administração pública e gerência de idades, ciências políticas e engenharia de produção; fez MBA em gestão estratégica d negócios e MBA em marketing.
Trabalhou na Amaggi e na ADM – gigante do agro e por um curto período lecionou na Unic em Cuiabá. Na Prefeitura de Rondonópolis foi gerente de Planejamento e Fomento à Micro e Pequena Empresa, no auge do poder de Carlos Bezerra representado por seus então aliados Zé Carlos do Pátio e Percival Muniz.
A vida pública de Thiago Silva seguiu os passos de seu pai, Joaquim Silva, que foi influente líder comunitário de Bezerra. Thiago Silva presidiu as associações de moradores de bairro do Eldorado, Mirassol, Santa Fé e Copacabana.
POLÍTICA – Em 2012 Percival Muniz foi eleito prefeito e Thiago Silva conquistou uma cadeira de vereador, com 1.624 votos. Quatro anos depois Zé do Pátio venceu a eleição para prefeitura e Thiago Silva foi reeleito com 3.264 votos. Dois anos depois, Thiago virou deputado estadual, com 19.339 votos e se manteve no cargo em 2022 com 30.506 votos. É candidato a prefeito com o vice Luiz Fernando Homem de Carvalho, o Luizão (Republicanos), que disputou a prefeitura em 2020 ficando em segundo lugar com 20.653 votos (20,31%).
A chapa de Thiago Silva é representada pela coligação Juntos por Toda Rondonópolis formada pelo MDB, o Republicanos de Luizão, PRB, Agir e União Brasil.
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DEPUTADO – Thiago Silva tem atuação parlamentar discreta e somente uma vez esteve no centro de um escândalo. Em dezembro de 2021 o Programa do POP, na TV Cidade Verde denunciou que o deputado teria uilizado uma avião fretado pela Assembleia, para transportar a dupla gospel Daniel & Samuel, que se apresentaram em Primavera do Leste e Vila Rica. A mesma emissora mostrou que Thiago Silva visitou a ExpoBela – feira agropecuária de Vila Bela da Santíssima Trindade, voando em avião pago pela Assembleia e participou de um ato político num palanque ao lado do prefeito anfitrião André Bringsken (MDB)..
Em suma:Thiago Silva, que é evangélico, teria percorrido cidades com uma dupla gospel, que se apresentou para um público evangélico e seu potencial eleitor. Se não fosse pelo avião pago pelo contribuinte não haveria nada demais, porém voar às custas do contribuinte ganha outro sentido. Não houve resposta consistente e o caso caiu no esquecimento em meio a tantos escândalos.
Os voos com a dupla gospel representaram pouco na trajetória de Thiago Silva. Seu verdeiro voo é outro: quando Thiago Silva chegou à Assembleia la se encontrava Janaína Riva, filha de José Riva. Pouco antes, em 2016, Bezerra foi para Brasília com Janaína Riva e num ato de gala, com a presença do vice-presidente Michel Temer, a filiou ao PMDB.
Em 2014 Riva era ficha suja e não disputou mais um mandato de deputado estadual. Em seu lugar concorreu Janaína Riva. Mesmo sem mandato e acumulando processos Riva não abriu mão de lutar pelo poder. Riva alinhavou com Bezerra para filiar Janaína Riva, para que ela ocupasse o maior espaço politico em Mato Grosso.
Bezerra tinha e tem ascendência sobre Thiago Silva, e o deixou juntamente com Janaína Riva costurando o amanhã político para Riva, pois sua idade (a de Bezerra) inviabilizava sua permanência na política. Jovens, cheios de sonhos, Janaína Riva e Thiago Silva passaram a dar as cartas do MDB. A eles, juntou-se o prefeito de Primavera do Leste, Léo Bortolin, que foi vereador e chegou à prefeitura em eleição suplementar e depois se reelegeu. Com o apoio de Riva, que sempre teve força junto aos prefeitos e vereadores, Léo foi eleito presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM).
Quem viu a participação de Janaína Riva na convenção que homologou Thiago Silva sabe dimensionar o tamanho de seu entusiasmo. O mesmo aconteceu pouco antes quando Léo Bortolin foi eleito presidente da AMM.
Riva prepara sua volta aos palanques. Janaína Riva, campeã de votos na Assembleia, é estratégica para tanto. Recentemente o governador Mauro Mendes barrou a presença de Janaína Riva na chapa consensual para a nova mesa diretora da Assembleia, e o papai Riva, enfurecido, foi para os sites alertando que “O Mauro vai conhecer a Janaína na oposição”.
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VETO – Thiago Silva foi escolhido candidato a prefeito na convenção do MDB em 3 de agosto. Ao mesmo tempo o Republicanos definiu Luizão para vice. Sem chaaar a atenção,
Política se faz no hoje pensando no amanhã. Mauro Mendes sabe que Riva tem poder de articulação e exerce liderança sobre o chamado grupo das Viúvas de Riva. Por essa razão, barrou Janaína Riva na mesa diretora da Assembleia recentemente eleita e à espera da posse.
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FRITURAS – Luizão é empresário respeitado em Rondonópolis e nunca seu nome foi associado a escândalo. Porém, além dele, havia dois outros nomes de peso para compor a chapa de Thiago: Adilton Sachetti (Republicanos) e Marchiane Fritzen (União).
Adilton Sachetti manteve discrição durante o período de definição da chapa. Mas seu nome era natimorto, por sua relação de amizade com Blairo Maggi, que mesmo oficialmente afastado dos meios políticos é uma das grandes lideranças mato-grossenses. Um vice-prefeito carne e unha com Blairo dificultaria o direcionamento da prefeitura para o projeto de Riva.
Conclusão: Adilton dançou.
Marchiane Fritzen preside a ACIR (a associação dos comerciantes e industriais) e seu nome era cotado para vice. Para assegurar elegibilidade Marchiane licenciou-se do cargo, mas foi fritada.
Marchiane é uma empresária ousada, nascida em Rondonópolis, tem boa oratória e habilidade política. Seu nome foi descartado por conta de sua filiação ao União Brasil, que em tese será a principal barreira ao projeto de Riva na parte que diz respeito a Janaína Riva que poderá disputar eleição para senadora ou governadora. Mauro Mendes, presidente do partido de Marchiane é concorrerá ao Senado. O senador Jayme Campos (União) é pré-candidato ao governo.
Caso Marchiane fosse escolhida para vice-prefeita e a chapa de Thiago Silva vencesse, haveria um entrave para se jogar a prefeitura no colo político de Riva, pois Marchiane tenderia a apoiar Mauro Mendes e Jayme Campos, seus correligionários e líderes.
Assim, como se fosse algo absolutamente normal, Thiago Silva descartou Adilton Sachetti e Marchiane Fritzen. Claro que os descartados jamais admitirão tal fato porque em política nem tudo por se dito.
Thiago Silva e Léo Bortolin são importantes para o projeto de Riva, que é suprapartidário. O primeiro, porque se eleito prefeito terá em mãos um município superlativo; o outro, por representar os prefeitos. Além deles, o projeto de Riva conta, também, com Zé Domingos Fraga (União), que disputa a Prefeitura de Nobres, além de outros nomes.
A eleição de Thiago Silva é prioridade para Riva e Bezerra, sendo que o cacique do MDB ordenou que o diretório nacional de seu partido mandasse 500 mil para a campanha de seu afilhado em Rondonópolis – o partido obedeceu – e mais valores ainda serão repassados.
LÓGICA – Pela ligação política umbilical com Bezerra, Thiago Silva não pode se afastar do mesmo. Também seria difícil para ele abandonar Riva, que na próxima eleição deverá ser o deputado estadual mais votado e sua filha Janaina Riva será candidata com chance de eleição para o Senado ou o governo.
As bases para o projeto de Riva estão montadas. O gabinete de Janaína Riva é um espécie de continuidade do gabinete do pai, a julgar pela quantidade de servidores que trabalharam para Riva e continuam com ela.
Na prática não há um programa administrativo de Thiago Silva para Rondonópolis, por mais que ele apresente propostas e números. O que existe é o projeto de Riva, e o mesmo já acendeu todas as luzes das cúpulas partidárias, tanto assim, que Mauro Mendes vetou Janaína Riva na mesa diretora da Assembleia, muito embora ambos neguem tal realidade tão cristalina quanto água na fonte.
O QUE ASSUSTA EM RIVA? – Por 20 anos Riva controlou a Assembleia. Enrodilhado em processos e considerado o maior ficha suja do Brasil; no período foi afastado das funções administrativas da mesa e depois sofreu afastamento da presidência, foi cassado pela Justiça Eleitoral (no mandato de 2007/10), foi preso algumas vezes. Sem mandato Riva fez uma delação premiada homologada pelo desembargador Marcos Machado (TJ). Assumiu que liderou um desfalque de 175 milhões nos cofres públicos e devolveu 92 milhões. Recebeu uma pena de 4 anos. Janaina Riva sempre esteve com o pai, mas somente uma vez o nome dela foi envolvido em escândalo: em delação na Operação Lava Jato o doleiro Lúcio Funaro disse que repassava dinheiro de propinas de frigoríficos para o ex-governador Silval Barbosa e Riva, e que teria feito uma transferência via TED de 1 milhão para a empresária Magali Pereira Leite, como parte do pagamento de 18,6 milhões pela fazenda Baruru, em Colniza, que foi titulada para Janaína Riva. Quanto a essa delação Janaína Riva lavou as mãos, disse que a fazenda é do pai e que ela apenas emprestou o nome para a transação.
A possibilidade da volta de Riva passa por sustentação política e Janaína Riva, na condição de filha, sabe mexer as peças do tabuleiro político para tanto. Além da veia política ela tem apoio popular por ser a única mulher na legislatura em curso na Assembleia. E de quebra, é casada com um filho do senador Wellington Fagundes (PL), que mesmo em campo oposto a vê com o olhar de sogro sempre um lenço pronto para enxugar as lágrimas da nora.
Somente Deus para saber o que acontecerá caso Thiago Silva seja eleito e bote a Prefeitura de Rondonópolis a serviço do projeto de Riva. Isso assusta, mas nem todos, principalmente ao grupo de Bezerra que construiu o alicerce para tanto.
Reportagem profunda. Diferente e motivo para reflexão
*NOTA*
Conforme artigo divulgado no blog de Eduardo Gomes, Thiago Silva esclarece algumas informações pontuadas na matéria.
Em relação às agendas cumpridas no interior do Estado, o parlamentar atendeu compromissos institucionais como deputado estadual. A Procuradoria da Assembleia Legislativa já manifestou parecer, em que o emedebista não cometeu nenhum ato que desabone a sua conduta.
Thiago Silva, que faz parte do Movimento Comunitário, sempre atuou de forma íntegra e com responsabilidade para atender os anseios da população, seja como presidente de bairro, vereador de dois mandatos e reeleito deputado estadual. Com isso, ele não tem que responder por nenhum outro político e, ainda que, tem uma atuação pautada com base em resultados e compromisso contínuo com a sociedade rondonopolitana e mato-grossense.
O emedebista se destaca pela postura de enfrentar dificuldades com foco no trabalho e na solução de problemas, o que o consolidou como vereador, deputado estadual e, agora, como candidato à Prefeitura de Rondonópolis.