De acordo com uma análise realizada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a Inteligência Artificial (IA) deve afetar quase 40% de todos os empregos do mundo. No caso do Brasil, 41% dos empregos têm alta exposição à tecnologia, seja positiva, quando o profissional pode ser beneficiado pela IA, ou negativa, quando tais funções estão ameaçadas por ela no futuro.
Em paralelo, o Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2025, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, neste início de ano, revela que as mudanças no mercado de trabalho equivalerão a 22% dos empregos até 2030, com a criação de 170 milhões de novas funções e a destituição de 92 milhões, resultando em um aumento líquido de 78 milhões de empregos.
Apesar de parecerem intimidadores, os dados não devem trazer pânico ou rejeição à nova tecnologia. Pode não parecer, mas temos, em todas as áreas, uma enormidade de tarefas que já estão sendo ou que serão substituídas em breve pelas IAs. Essas mudanças são inevitáveis e tendem a ser ainda mais robustas em um futuro muito próximo.
Acredito que não haverá uma profissão que não receberá algum tipo de impacto das Inteligências Artificiais. Afinal, o mundo mudou. O próprio relatório do Fórum Econômico Mundial adianta que cerca de 40% das habilidades exigidas no trabalho devem mudar. Recomendo, assim, que todos os profissionais procurem desempenha funções que exijam análise estratégica e crítica, planejamento e relacionamento, que são pontos que a IA não deve atingir. Também oriento para que as pessoas busquem capacitação e desenvolvam habilidades, sejam elas ligadas ao universo da tecnologia ou em áreas como criatividade, resiliência, flexibilidade e agilidade. Se houver a oportunidade de combinação desses dois campos, melhor ainda, visto que o Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2025 aponta para a necessidade de requalificação ou aprimoramento de boa parte dos profissionais em ambas as frentes.
Entendo que competências comportamentais, como comunicação, empatia e criatividade serão muito valorizadas, especialmente em um contexto no qual a automação substitui tarefas repetitivas. Por essa ótica e lógica, algumas habilidades devem ser ainda mais valorizadas. Entre elas, destaco: o pensamento crítico, a resolução de problemas e suas variáveis, criatividade, capacidade de inovação, desenvolvimento de novas tecnologias, conhecimento sobre programação, trabalho em equipe, liderança, aprendizagem rápida, comunicação e empatia. É importante ressaltar, ainda, que sempre haverá espaço para trabalhadores que queiram aprender novas habilidades e se adaptar à nova realidade.
Além disso, vejo que a IA pode trazer outras oportunidades em áreas que hoje não existem. Por exemplo: já há uma demanda e a necessidade de profissionais que possam atuar com foco na ética e regulamentação da Inteligência Artificial, bem como profissionais especialistas nessas tecnologias para treinamento e capacitação de outros colaboradores. Outras áreas que devem receber oportunidades são: designers com experiência em IA, especialistas em transição tecnológica, engenheiros de robótica e automação, gestores de realidades diversas e planejamento de novas IAs, técnicos de robôs, profissionais que possam acompanhar o envelhecimento da população, etc.
É claro que os governos podem e devem desempenhar um papel fundamental na adaptação das IAs, promovendo políticas que ampliem o leque de oportunidades de trabalho, educação e adaptabilidade, principalmente nos setores mais vulneráveis. Proteção social e redes de apoio para profissionais, neste momento de transição, são pontos fundamentais para que essa evolução aconteça de forma mais ‘confortável’- e próspera -para todos.
* Elizabeth Mariano Matsumoto é sócia e diretora da Prosphera Educação Corporativa – consultoria multidisciplinar de gestão de negócios
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