Boa Midia

40 Anos – Planam, o esquema impune

Atrás dese muro, um esquema sem tamanho
Atrás desse muro, um esquema sem tamanho

Durante alguns anos, em Cuiabá, a Planam deu as cartas na venda de ambulâncias no Brasil, mas esse domínio acabou em 4 de maio de 2006, quando a Polícia Federal desencadeou a Operação Sanguessuga, que desbaratou a chamada Máfia das Ambulâncias – o maior escândalo de corrupção na esfera da saúde pública nacional e que deu um rombo superior a R$ 900 milhões aos cofres do governo.

Subvertendo a lógica industrial que concentra montadoras e fabricantes de carroceiras no ABC Paulista, Minas, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Bahia, a Planam montava ambulâncias e unidades móveis de saúde em Cuiabá e as revendia pelo Brasil afora, inclusive para cidades do ABC, onde estão grandes montadoras de veículos e fabricantes de carrocerias especiais.

A Planam (Indústria, Comércio e Representação Ltda.) foi a empresa montada pelo empresário Darci José Vedoin e seu filho Luiz Antônio Trevisan Vedoin e que tinha em sua carteira comercial somente prefeituras e órgãos estaduais, todos envolvidos no esquema da Máfia das Ambulâncias, que funcionava da seguinte maneira: deputados federais e senadores de vários estados destinavam emendas a municípios para compra de ambulâncias. Na calada da noite os parlamentares costuravam com os prefeitos para que a negociata fosse com a Planam, que tinha estrutura criminosa para vencer licitações, já que contava com empresas satélites para tanto. O veículo era comprado por preço superfaturado e a diferença a mais entrava nos bolsos dos políticos e empresários.

No curso das apurações a bancada federal de Mato Grosso foi atingida e alguns de seus ex-integrantes, também. Surgiram enquanto envolvidos no escândalo os congressistas e ex-congressistas Lino Rossi, Wellington Fagundes, Thelma de Oliveira (agora prefeita de Chapada dos Guimarães); Ricarte de Freitas, Serys Slhessarenko, Celcita Pinheiro, Wilson Santos  (agora deputado estadual e secretário de Cidades no governo estadual), Carlos Bezerra e Pedro Henry. Wellington e Thelma comprovaram que não tiveram participação no esquema, mas os demais foram relacionados entre os corruptos. Serys foi julgada pelo Senado juntamente com Ney Suassuna (PMDB/PB) e ambos foram absolvidos por seus pares.

Um dos supostos articuladores do esquema seria José Wagner dos Santos, irmão do então presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) e prefeito de Nova Marilândia, Cidinho dos Santos. Cidinho (PR) é suplente do senador Blairo Maggi (PP) e o substitui em plenário. Wagner ficou preso quase um mês. Foi absolvido pela Justiça Federal.

Darci Vedoin, dono da Planam, e seu filho Luiz Antônio Vedoin, denunciaram a participação de 154 congressistas e 941 prefeituras no esquema. A Justiça Federal não passou do umbigo com brandas condenações.

O escândalo de proporções descomunais acabou em pizza. A Planam baixou as portas. A classe política adota uma postura Omertá. Todos sabem, mas nenhum dos envolvidos toca no caso. O que ninguém sabe são quantos morreram como consequência do rombo causado pela Máfia das Ambulâncias.

Em Mato Grosso, 75 prefeitos foram denunciados pelo Ministério Público Federal por participação na Máfia das Ambulâncias e dentre eles, os prefeitos e ex-prefeitos Celso Banazeski (Colíder);  Adriano Pivetta (Nova Mutum); Romoaldo Júnior (Alta Floresta) e agora deputado estadual; Jesur Cassol (Campo Novo do Parecis); Ezequiel Fonseca (Reserva do Cabaçal), agora deputado federal; Maria José Borges (Dom Aquino); Aloir José Luke (Nova Guarita); Cidinho dos Santos (Nova Marilândia) e agora senador em exercício; Francelino Pedro da Silva Filho, o Francinha (Guiratinga), já falecido; Padre Antonino Cândido da Paixão (São José do Povo); Otaviano Pivetta (Lucas do Rio Verde); Roberto Carlos Barbosa (Glória D’Oeste); Lourival Carrasco (Mirassol D’Oeste); Reinaldo Tirloni (Tapurah), já falecido; Nelson de Moraes (Pedra Preta); Nelci Capitani (Colniza); Ismael dos Santos (Planalto da Serra); Nilson Leitão (Sinop), agora deputado federal; José Bauer (Nova Ubiratã); Onéscimo Prati (Campo Verde), já falecido; Giovane Marchetto (Marcelândia), já falecido; Olídio Pedro Bortolas (Santa Carmem); Denir Perin (Querência); Valdizete Nogueira (Jaciara); Marcelo Alonso (Nova Maringá); Antonio Domingos Debastiani (Feliz Natal); João Batista de Sá (Torixoréu);  Antônio Rodrigues da Silva, o Tonho de Menino Velho (Poxoréu); Marco Aurélio Fullin (Bom Jesus do Araguaia), já falecido: Joaquim Matias Valadão, o Bananeiro (Campinápolis); Hélio José do Carmo (São José do Xingu), já falecido; Gilberto Siebert (Cotriguaçu); Devair Valim (Nobres); Revelino Trevizan (Porto dos Gaúchos), Érico Piana (Primavera do Leste); Priminho Riva (Juara); Lutero Siqueira (Guarantã do Norte); Jayme Campos (Várzea Grande); Luiz Cândido de Oliveira (Terra Nova do Nor)te;  Pedro Alcântara (Paranaíta), já falecido; Isolete Corrêa (Brasnorte);Silda Kochemborger (Apiacás); Ilson Matinscke (Santa Rita do Trivelatto), já falecido; José Miguel (Rio Branco); Adriano Xavier Pivetta (Nova Mutum); Roque Carrara (Nova Santa Helena); e muitos outros.

 

EDUARDO GOMES/blogdoeduardogomes – também foto

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