José Adolpho caiu; Avalone é o próximo
A semana começa com a troca do chefe da Casa Civil de Pedro Taques, José Adolpho Vieira, que foi substituído pelo deputado estadual licenciado e até então secretário de Trabalho e Assistência Social, Max Russi. A mudança no governo irá além. Carlos Avalone, titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, também pegará o boné.
A queda de José Adolpho foi noticiada com cautela pela imprensa. A degola de Avalone ainda é mantida longe do noticiário. O primeiro revelou a jornalistas que entregou o cargo. Na verdade, não foi bem isso, segundo uma fonte palaciana; ele caiu pela mesma razão que afastará Avalone do poder: a cautela de Taques.
O governador estaria temeroso com a perspectiva de duas grandes operações policiais nos próximos dias; uma estadual, que poderia resultar na prisão de José Adolpho, e outra, da Polícia Federal, que poderia botar Avalone atrás das grades. Caso isso ocorra, é melhor que sejam presos ex-secretários, para minimizar o rombo no casco já bastante rachado do governo.
José Adolpho é investigado por supostamente ter fraudado o protocolo no qual o então secretário de Segurança, promotor Mauro Zaque, comunicava ao governador a existência de grampos telefônicos na esfera do governo.
Avalone está na mira da Procuradoria Geral da República (PGR) no contexto da delação do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), que o acusa de lavagem de dinheiro por meio de uma de suas empresas.
Contra José Adolpho a grande acusação é a de fraude no protocolo. Avalone estaria envolvido até o pescoço no esquema denunciado por Silval; e essa não é a primeira vez em que ele figura em escândalo: em 2009 Avalone foi preso juntamente com um grupo de empresários por suposta maracutaia com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Cuiabá e Várzea Grande, para obras de saneamento; sua prisão aconteceu no desenrolar da Operação Pacenas (grafia inversa da sigla Sanecap da extinta companhia de águas e esgoto da capital). Pacenas não prosperou porque a defesa de Avalone e dos demais presos argumentou que a Polícia Federal chegou aos acusados após escutas telefônicas não autorizadas.
SEDEC – Sedec e a sigla da secretaria de Avalone, que em menos de três anos de mandato do governador teve três titulares. O primeiro foi Seneri Paludo, que saiu em julho de 2016. O segundo, Ricardo Tomczyk, que deixou o governo em julho deste ano. O terceiro é Avalone.
CASA CIVIL – O primeiro nome de Taques para a Casa Civil foi o do deputado federal tucano Nilson Leitão, que não aceitou o convite. O ex-governador Jayme Campos (DEM) também foi sondado para o lugar de José Adolpho, mas desconversou sobre a proposta.
Antes de José Adolpho, Paulo Taques, primo do governador, foi chefe da Casa Civil, mas deixou o cargo em maio deste ano, no auge do escândalo conhecido como Grampolândia pantaneira, pelo qual – segundo o desembargador do TJ Orlando Perri – mais de 70 mil pessoas foram grampeadas criminosamente em Mato Grosso.
A saída de Paulo Taques do governo aconteceu poucos dias antes de sua prisão por suposto envolvimento nos grampos. Isso teria acendido a luz da cautela do primo governador. Paulo Taques ficou preso poucos dias, mas voltou para o cárcere, onde cumpre prisão preventiva, sob a mesma acusação que o levou para a cadeia na primeira vez.
EDUARDO GOMES/blogdoeduardogomes
FOTO: Acervo/AL
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