Boa Midia

Praça Alencastro, a pioneira

A singular, hoje denominada Praça Alencastro, possui uma longa e bela história, foi palco de um prazeiroso cotidiano, testemunhou memoráveis decisões e célebres comemorações tanto da cidade como do Estado. Inicialmente Largo do Palácio, sediou desde o limiar do século XIX, no ano de 1805 as primeiras touradas, uma das poucas opções de lazer tal como a Festa do Divino, outras de cunho religioso casamentos e batizados. Era empregado o nome “Largo” muito apropriadamente, pois nesse período era apenas um espaço sem outras benfeitorias.

A situação começa a evoluir quando o Tenente General Francisco de Paula Magessi de Carvalho, último governante do período colonial, depois 1º Barão de Vila Bela, no primeiro centenário de Cuiabá, já então cidade – 1819, adquiriu por 1։440$000 – um conto quatrocentos e quarenta mil réis o imóvel do Palácio do Governo. Tornou-se o centro nervoso das ações políticas da então Capitania de Mato Grosso, polarizando uma destacada vizinhança formada a seu entorno. Gerou algo como um primeiro CPA, ao estilo da época colonial…

Pelo lado direito ficava a Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional, e no esquerdo o Quartel do 7º Distrito Militar, onde posteriormente funcionou o telégrafo Nacional. Em frente, n’outro lado – hoje rua Pedro Celestino, ficavam as instalações da Intendência Municipal, depois Prefeitura Municipal em imóvel construído em 1810. Tratava-se de um modesto sobrado que atravessou duas reformas e ampliações, a primeira antes da Guerra do Paraguai a segunda em 1897.

Os Alencastros foram três Governadores da Província sendo interessante discriminá-los O primeiroː Antônio Pedro de Alencastro, foi presidente de setembro 1834 até janeiro de 1836; o segundoː Tenente-Coronel Antônio Pedro de Alencastro inicia em outubro de 1859 se afastou em fevereiro de 1862. Finalmente o terceiro … Coronel José Maria Alencastro de maio de 1881 até março de 1883, este o realizador da obra que leva seu nome, Jardim Alencastro. Oportuno registrar que o governador sofreu uma grande resistência por realizar a obra, sendo aproveitado o metal das espingardas empregadas na guerra do Paraguai para a construir o guardil que cercava o novo logradouro. Lembra o príncipe dos nossos historiadores, Estevão de Mendonçaː “Evoco um acontecimento que teve grande projeção na nossa vida socialː a inauguração, em 28 de setembro de 1882, do primeiro jardim público que se construiu em Cuiabá. Alcancei ainda o imenso ‘fedegosal’ que tomava conta do largo do Palácio, cortado apenas por dois caminhos transversais.”

Durante a gestão dos Alencastros em decisões provindas das circundantes hostes palacianas, instalaram a Assembléia Legislativa Provincial em 1834, em 1835 foi criado a célula mater da Polícia Militar – Homens do Mato. Implantaram em 1882 o primeiro serviço de fornecimento de água, construiram o Quartel da Força Pública ainda em 1882 – 1º Batalhão Queiroz, e transferiram a capital de Vila Bela da Santíssima Trindade para Cuiabá em 1885.

Durante a gestão Intendente Municipal – Prefeito, Coronel Avelino Antônio de Siqueira em 1903, o Jardim recebeu um chafariz e coreto, vindos de Hamburgo – Alemanha, atrações que propiciaram enorme salto. Pouco mais tarde, no ano de 1909 foi inaugurado nova iluminação à base de gás acetileno que representou outro avanço considerável. Substituiu o método anterior que utilizava óleo de lambari, sendo construído para abastecimento até um gasômetro, próximo da Joaquim Murtinho com Getúlio Vargas. Este sistema operou até o ano de 1926. Nessa mesma esquina mais tarde em 1939 iniciaram as obras para a construção da Agência do Banco do Brasil.

Os aspectos botânicos bem o caracterizavam como um jardim… recebeu ainda um caramanchão coberto por uma trepadeira denominada “pingos de amor”, além de possuir flores de inúmeras e coloridas espécies enfeitavando seus canteiros. As palmeiras imperiais criteriosamente distribuídas, foram plantadas pelo Barão de Diamantino, depois contempladas nos versos do poeta Dom Aquino Corrêa, e a grama muito bem tratada !!! As retretas iniciaram com a posse do Coronel Antônio Paes de Barros – Totó Paes, em 15 de agosto de 1903. Inicialmente executadas pela Banda da Polícia, tornando-se depois rotineira as execuções todas quintas-feiras e domingos. A este hábito incorporaram as tocatas do Mestre Inácio e a Banda do 16º Batalhão de Caçadores. Neste momento o Alencastro já desfruta de vida própria e ao redor florescia também o comércio, ao lado da Prefeitura em 1894 surgira o Hotel Pinho, o Café Sargentini, e a Confeitaria Progresso. Surge ainda, em 29 de junho de 1920 o emblemático Bar Moderno, do Sr. Olinto Neves, o popular “Bar do Bugre”, frequentado por eruditos e populares onde bebiam a bem dgelaaada cerveja preta, O transporte também colaborou, ao surgirem as Jardineiras fazendo uma linha regular até o Porto.

O Prefeito Vicente Emílio Vuolo em 11 de julho de 1965 inaugura uma nova Fonte Luminosa e Sonora, o coreto na posse do Governador Pedro Pedrossian em 31 de janeiro de 1966, com o passar do tempo o bucólico Jardim d’outrora se perdeu, sendo mais próprio o termo Praça. Por último, o homem do paletó furado, inaugura uma obra inacabada e depena as últimas árvores!

Ubiratã Nascentes Alves, membro da AML – cadeira nº 1
ubirata100@gmail.com

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