Boa Midia

O último canalha

Meus amigos, meus inimigos: no dia 11, segunda-feira, o historiador João Carlos Ferreira, do Instituto Histórico e Geográfico, lança um livro sobre Júlio Domingos de Campos, o Seo Fiote, em noitada que está sendo anunciada para o Teatro Zulmira Canavarros, na Assembleia Legislativa.

O livro sobre Fiote aparece em um momento em que vivemos, no cenário político de nosso Estado, uma espécie de ressurreição da família Campos. Júlio e Jayme Campos, que pareciam ter sido atirados definitivamente ao limbo, quando derrotados, no final do século 20, por Dante de Oliveira, seu adversário mais ferrenho, estão outra vez sendo badalados na cena política e há até quem diga que Jayme Campos pode ser uma figura decisiva na eleição que se aproxima, a de 2018. Sim, parece que estamos de volta ao passado. A família Campos volta a dar as cartas.

A morte prematura de Dante parece que facilitou este retorno. Sem Dante no jogo da política, a rivalidade entre os dois grupos, que durante muitos anos marcou o cenário mato-grossense, arrefeceu, se diluiu – e aqueles que eram apresentados por muitos como caciques de uma oligarquia retrógada já não são tão criticados assim.

Talvez ninguém se lembre mas a família Campos e a turma do Dante sustentavam um acirrado Fla x Flu na política de Mato Grosso. O ódio fervia quando Dante, Gilson de Barros ou Anterinho subiam nos palanques para apontar o dedo contra aqueles que chamavam de oligarcas de Várzea Grande. Claro que usavam palavrões mais cabeludos.

Não foram poucos os confrontos violentos entre os correligionários das duas correntes. Sabe-se que Antero chegou até a levar um tiro em uma das mais acirradas disputas políticas de Cuiabá, quando adversários tentavam barrar a caminhada de Dante de Oliveira, o líder barburdo do MR-8, com sua cara que lembrava a cara de Fidel Castro, rumo ao poder, rumo à Prefeitura. Depois viria o Paiaguás – e Dante chegou a sonhar com o Palácio do Planalto.

Mas tudo passou. Com o advento da Era Maggi, seguida pela Era Taques, vivemos tempos de paz e amor. Os Campos já podem subir novamente nos palanques, sem o risco se serem atacados pelos seus ferozes adversários de antanho. Anterinho, com Dante e Gilson mortos e sepultados, agora cuida de seus gordos contratos no Tribunal de Contas e no TJ e não quer mais saber de confrontos ideológicos. O governador Zé Pedro Taques, enquanto isso, acende velas para Dante mas tenta desviar o foco do ódio partidário para Silval Barbosa e para os políticos do PMDB.

Sim, parece que Silval é o último canalha sobre a terra.

 

Enock Cavalcanti, jornalista, blogueiro e advogado, é editor de Cultura do Diário de Cuiabá

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