Permanência de Neurilan na AMM enquanto pré-candidato a deputado, é questionada mas ele insiste que fica
Longe do olhar do eleitor a luta pelo poder é travada entre quatro paredes, às vezes com foices, no escuro e sangue até na canela. Os envolvidos, claro, sempre negam sua existência e ‘vendem’ a imagem da tranquilidade.
Muito fogo nos bastidores, mas com cuidado para que o eleitor não o veja. Assim está o movimento municipalista, que quer eleger representantes diretos em 2018. Mas, não é somente isso, não. Um grupo quer o afastamento imediato do presidente da associação dos prefeitos (AMM), Neurilan Fraga (foto), e costura nomes para ocupar o espaço ora em poder de deputados desgastados por escândalos. Neurilan jura desconhecer o movimento e garante que permanece na função e “prestigiado”.
Neurilan foi reeleito presidente da AMM em 5 de janeiro deste ano, para um biênio à frente daquela entidade. Sua eleição foi atípica, pois seu mandato de prefeito de Nortelândia terminou cinco dias antes, mas os prefeitos mudaram o estatuto da AMM e o escolheram por uma razão política: as prefeituras vivem em pé de guerra com o governador Pedro Taques pelos seguidos atrasos nos repasses constitucionais; para não expor o prefeito que a presidisse, decidiram optar por um executivo com trânsito político.
Ao ser eleito, Neurilan já admitia a possibilidade de disputar a eleição para deputado federal pelo PSD em 2018 e essa condição nunca foi questionada. Porém, rumo político muda a todo o momento.
Prefeitos notando o desgaste dos deputados estaduais estão de olho na Assembleia Legislativa e em busca de composição com deputados federais candidatos à reeleição. Nenhum prefeito assume que o pé atrás com Neurilan seja em razão dessa realidade. Quando muito, prefeitos falam sob anonimato que o presidente tem que entregar o cargo até 31 deste dezembro, para que a entidade não seja utilizada partidariamente e em defesa da candidatura de Neurilan. A solução, para eles, seria Neurilan pedir licença por um ano deixando a função pra o primeiro vice-presidente, o prefeito de Água Boa, Mauro Rosa, o Maurão (PSD).
Pelo telefone, de Brasília, onde discute o aprimoramento da Lei Kandir no Ministério da Fazenda, Neurilan disse que se decidir disputar eleição, legalmente pode permanecer na função até 31 de março e que não pretende deixar a AMM antes. Neurilan acrescentou que nunca nenhum prefeito tocou nesse assunto com ele e, observou que vários prefeitos são contrários à possibilidade de sua candidatura, porque o querem à frente da entidade, “alguns até falam em nova mudança do estatuto, pra que a gente possa levar adiante nossa luta municipalista”, citou.
Na contramão do que diz Neurilan, um prefeito argumentou que mesmo reconhecendo sua capacidade de articulação e sua luta pelos municípios, sua presença na AMM após este mês não seria ética. “Não podemos desvirtuar as coisas. Com ele (Neurilan) lá vamos jogar por terra todos os projetos dos nossos colegas e ex-colegas para 2018, porque o eleitorado vai enxergar a AMM como trampolim de candidatura”, resume.
NOMES – Alguns prefeitos e ex-prefeitos são cotados para candidaturas a deputado estadual e federal. Um deles é o de Jeferson Gomes (DEM), prefeito de Comodoro. Jeferson não consegue esconder que tem vontade de disputar à eleição para a Assembleia, mas vê dificuldade porque o eleitorado de sua região é pequeno. Na sexta-feira, 1º, Jeferson participou em Campo Novo do Parecis, de uma reunião de prefeitos do Chapadão do Parecis. A pauta foi o fortalecimento da bandeira municipalista com o lançamento de candidaturas. O encontro dos prefeitos foi coordenado pelo anfitrião Rafael Machado (PSD),
A reunião em Campo Novo reforça a tese de que composição política é complicada e que o quadro muda a todo o momento. Daquela região, além de Jeferson outros dois nomes estão de olho na Assembleia: o prefeito reeleito de Nova Maringá, João Braga (PSDB), e o ex-prefeito de Nova Lacerda, Valmir Luiz Moretto. Neurilan tem conhecimento desses nomes e sustenta que os estimula e também a outros, “temos que fortalecer o municipalismo, pois nós não contamos representantes diretos, ao passo que a igreja tem, o agronegócio tem, o servidor público tem”, analisa. Mesmo defendo a chamada candidatura grupal, Neurilan reconhece que o senador republicano Wellington Fagundes, que nunca foi prefeito, faz um “bom trabalho pelos municípios”.
As peças do jogo político estão na mesa. A esses nomes da esfera municipalistas juntam-se também outros ex-prefeitos e prefeito que entrarão em cena por reeleição ou novos mandatos, a exemplo de Jayme Campos e Júlio Campos (DEM), de Várzea Grande; Carlos Bezerra (PMDB), Percival Muniz (PPS) e Rogério Salles (PSDB), de Rondonópolis; Nilson Leitão (PSDB), de Sinop; Romoaldo Júnior (PMDB), de Alta Floresta; Mauro Mendes (PSB) e Wilson Santos (PSDB), de Cuiabá; José Domingos Fraga (PSD), de Sorriso; Max Russi (PSB), de Jaciara; Cidinho dos Santos (PR), de Nova Marilândia; Nininho (PSD), de Itiquira; Ezequiel Fonseca (PP), de Reserva do Cabaçal; Adriano Pivetta (PDT), de Nova Mutum; Oscar Bezerra (PSB), de Juara; e outros.
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