Monumentos em verde alertam para glaucoma
Alguns dos principais monumentos do país foram iluminados de verde no sábado (26) para lembrar o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma. Essa é uma doença silenciosa do nervo óptico, que é o caminho de condução do estímulo luminoso captado pelo olho até o cérebro. “Se a gente tem uma doença que atinge fibras desse nervo, o resultado final é um prejuízo da visão”, disse o médico Bruno Esporcatte, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e representante da Sociedade Brasileira de Glaucoma no Rio de Janeiro. Segundo ele, muita gente confunde o glaucoma com a questão da pressão intraocular aumentada. Esse é um fator de risco para o desenvolvimento do glaucoma e, em consequência, para a perda da visão. Como não apresentam sintomas muito nítidos ou “exuberantes” da doença, disse Esporcatte, muitas pessoas não sentem nada. Quando começam a sentir alguma coisa, é porque o glaucoma está em estágio bem avançado. “A gente não pode esperar o paciente sentir alguma coisa para começar a tratar. O ideal é que o diagnóstico seja feito de maneira precoce”.
Uma campanha de combate à doença está sendo feita em todo o país e se estenderá até o final deste mês. O objetivo é lembrar à população que ela precisa procurar o oftalmologista para fazer um exame regular sobre a perspectiva de glaucoma. Isso se aplica, especialmente, àquelas pessoas que apresentam fatores de risco para o desenvolvimento da doença.
Fatores de risco
Entre os fatores de risco, Bruno Esporcatte destacou os pacientes acima de 40 anos de idade, os que têm histórico familiar de parentes em primeiro grau com a patologia – o que aumenta de três a cinco vezes a chance de desenvolver a doença – pacientes negros e pacientes com alta miopia, acima de 6 graus. “A campanha é para lembrar, especialmente a essas pessoas com fatores de risco, que elas devem procurar o oftalmologista e fazer uma avaliação”. Deve ser medida a pressão intraocular e feita uma avaliação do nervo óptico, por meio do exame de fundo de olho, para ver se há alguma lesão no local e, a partir daí, iniciar um tratamento regular.
O glaucoma pode afetar pessoas de qualquer idade mas é mais comum nos pacientes idosos, após os 50 anos. Como a partir dos 40 as pessoas começam a ter a chamada vista cansada, os especialistas recomendam que os adultos procurem o oftalmologista. Não é impossível, no entanto, que a patologia apareça em pacientes mais jovens.
O glaucoma se insere entre as principais causas de cegueira no mundo, juntamente com a catarata e a degeneração macular relacionada à idade. Entre essas, a catarata é reversível. “Se operar, o paciente melhora, recupera a visão”. O mesmo não ocorre com o glaucoma, que é a segunda causa de perda de visão, mas é a principal causa de cegueira irreversível. Bruno Esporcatte disse que há poucos estudos no Brasil sobre a prevalência da doença.
SUS
Para o diagnóstico do glaucoma, o médico afirmou que não são necessários instrumentos sofisticado. No próprio laboratório, o oftalmologista consegue fazer um exame de fundo de olho e medir a pressão intraocular. Há muitas opções de tratamento em todo o país, informou. “Hoje, na maioria das cidades, existem locais em que a população consegue retirar medicações de maneira gratuita”.
De acordo com o Ministério da Saúde, os procedimentos relacionados ao glaucoma têm crescido no Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2016, foram realizados 223,2 milhões de procedimentos. no valor de R$ 2,74 milhões, com aumento de 27% em relação a 2015, quando foram registrados 175,3 milhões, no valor de R$ 2,2 milhões. O SUS oferece consultas, exames de diagnóstico, acompanhamento, tratamento oftalmológico, cirurgias e implante de prótese, informou a assessoria do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
Embora não tenha cura, é possível interromper a perda de visão provocada pelo glaucoma com medicação adequada, que inclui o uso de colírios, além de tratamento a laser ou cirurgia.
Os monumentos turísticos que foram iluminados de verde no sábado são o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro; o Obelisco, em Campo Grande (MS); o Museu do Olho e o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba; o Paço Municipal, em João Pessoa; o Prédio CPA e o Palácio das Artes, em Porto Velho; o Elevador Lacerda, em Salvador; o Forte Santo Antônio, em São Luís; a Ponte Estaiada, o Monumento às Bandeiras e a Ponte das Marginais, em São Paulo.
Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
FOTO: Agência Brasil
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