Taques pronto para o combate contra ‘eles’
Pedro Taques, governador tucano, tem facilidade em falar sem dizer e de focalizar sua administração com riqueza de detalhes a ponto de confundir o repórter que tenta lhe cobrar por eventual compromisso administrativo assumido e não cumprido. Nesta terça-feira, 17, em coletiva durante um almoço no Palácio Paiaguás, Taques fez de tudo isso um pouco e muito mais. Entre uma resposta e outra, ainda encontrou espaço para cutucar adversários. Quem o entrevistou chegou para o evento em busca de definição das candidaturas majoritárias da coligação que será liderada pelo PSDB e saiu sem resposta, mas com anotações que, quando nada, sinalizam que a chapa de situação ao governo poderá ter uma mulher em sua composição.
Sobre pré-candidatura à reeleição ele sai pela tangente, mas quanto a isso não consegue ser convincente. Prefere empurrá-la para a proximidade da convenção em 5 de agosto. Mesmo desconversando, admite que três nomes são cogitados para dobradinha com ele, sendo que um é feminino. Neuma Morais (mulher do prefeito Zé Carlos do Pátio, de Rondonópolis)? – pergunta um repórter. Sereno, diz que Neuma é excelente quadro, mas não a confirma. Não somente Neuma, mas entre todos os cotados para cargos majoritários o governador cita, sem rodeios, somente o deputado federal tucano Nilson Leitão, para o Senado, e vagamente fala sobre a juíza aposentada Selma Rosane de Arruda (PSL), para o mesmo cargo.
Conversações Taques mantém com um leque de políticos. No final de semana o deputado federal Adilton Sachetti (PRB) e ele travaram um demorado encontro, do qual participaram Luiz Pagot (ex-Dnit) e Moisés Sachetti, que é irmão de Adilton. O entrevistado não economizou palavras para definir o deputado: disse que gostaria de transmitir o governo para alguém com a dignidade de Adilton, mas em meio a essas palavras observou, “nós dois temos gênios fortes”, o que, no entendimento dele dito por metáfora, poderia criar área de atrito entre um governador e um vice-governador – sobre vice, Taques fala com conhecimento de causa, afinal recentemente seu vice-governador Carlos Fávaro (PSD) renunciou.
Mesmo cauteloso sobre pré-candidatura, Taques sempre encontra meios de descambar a conversa sobre política para não permitir que o assunto eleição se esgote. Nessa vertente Taques disse nas entrelinhas que conversou com Pagot para assumir a coordenação de sua campanha. Pagot, não respondeu de imediato, mas também “não disse não, porque nunca se diz não a governador”, resume.
A debandada de ex-aliados aparentemente não o preocupa e ele dá boas risadas quanto a isso. Lembra que tem muitos políticos contra Taques, “todos querem bater”. Quando questionado sobre a razão para a perda de tantos aliados, ele sugere que essa pergunta seja feita a eles. O único caso de rompimento político que o leva a franzir a testa é o do senador José Medeiros (PODE), que chegou ao Senado na condição de seu primeiro suplente. “Francamente, não entendo o que se passa com ele, mas deixa isso prá lá; se ele quer assim, que assim seja”, pondera.
O empresário Otaviano Pivetta, que coordenou a campanha de Taques ao governo em 2014 e rompeu politicamente com ele, recebeu crítica. O governador lembrou que Pivetta foi prefeito de Lucas do Rio Verde num período de crescimento nacional, nas vacas gordas, e que nessa condição é fácil administrar, “o difícil é governar Mato Grosso em crise”. Ainda sobre Lucas do Rio Verde, Taques salientou que o ex-prefeito Marino Franz fez excelente administração naquele município.
Mauro Mendes, pré-candidato ao governo pelo DEM, foi citado por Taques, “ele disputou três eleições e perdeu duas; eu concorri duas vezes e venci ambas”. Ainda sobre Mauro Mendes, o governador lembrou que ele não se saiu bem enquanto administrador de suas empresas, que se encontram em recuperação judicial.
Comparativos entre sua administração e a de antecessores não faltaram. Taques chama adversários de “eles”. É ele contra eles e vice-versa. Numa forma de demonstrar que enfrenta a união de forças conservadoras representada por ex-governadores e seus descendentes, buscou exemplos nos governantes que exerceram o poder de 1975 até agora. Citou ex-governador Garcia Neto (1975/78) com crítica endereçada ao seu neto, o deputado federal Fábio Garcia, presidente regional do DEM. Lembrou Júlio Campos (1982), Carlos Bezerra (1986) e Jayme Campos (1990), para mostrar que os três apoiam Mauro Mendes em sua pré-candidatura ao governo.
Num recuou no tempo, Taques revelou que em 1986, quando tinha 14 anos, participou da carreata da vitória de Bezerra ao governo pelo PMDB. “À época o PMDB representava a luta contra a ditadura e elegeu governadores em diversos estados”, observou.
CORRUPÇÃO – Taques admitiu que houve corrupção em seu governo, mas que todos os casos foram denunciados, investigados e estão na esfera judicial, e comparou os fatos em sua administração com os que foram descobertos no governo de Silval Barbosa (2010/14), “no governo dele (Silval) nada foi investigado e todos os procedimentos foram feitos após sua saída do poder”, comparou. Sobre seus primos Paulo Taques (ex-chefe da Casa Civil) e Pedro Taques, seu xará, que estão presos acusados da integrarem uma organização criminosa que teria lesado o Detran, seu posicionamento foi de isenção. “Cada um deles tem um CPF. Que eles respondam pelas acusações e que a Justiça decida”.
Eduardo Gomes com foto para o Jornal Diário de Cuiabá edição 18 julho 2018 Pág. A4
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