Boa Midia

Festa de Sant’Ana: 107 de muita devoção, fé e religiosidade

Tudo começou por volta de 1911, com a gravidez complicada do primeiro filho Cesínio Barros do casal João Norberto e Ana Francisca de Barros (Donana), que levaram João Norberto a implorar pela ajuda da santa, que já era adorada pelos sogros. “Nossa Senhora de Sant’ana, se salvar minha mulher e meu filho, serei grato a ti e seu nome. E milagres celebrarei eternamente”, prometeu.

Seo João Norberto enquanto esteve vivo cumpriu a promessa e deixou aos herdeiros a continuidade dessa demonstração de devoção e fé.

A partir daquele ano até os dias de hoje, entre os dias 17 e 25 de julho tem novena. No dia 26 de julho é celebrada uma Santa Missa e servido um chá-com-bolo.

TRADIÇÃO RELIGIOSA

Sem perder o sentido maior, que seria o agradecimento e crença nos milagres da santa, tornou-se um evento de confraternização de muitas gerações crescendo em tamanho e devoção.

Com a morte do casal João Norberto e Ana Francisca de Barros, os 10 filhos continuaram a tradição religiosa. Vale ressaltar que todos os filhos do casal têm uma filha com o nome de “Ana”, em homenagem a Nossa Senhora Santana.
Embora a família tenha crescido e muitos tenham mudado para outras localidades mais distantes, a festa de Santana continua sendo um fator de união e confraternização de todos os membros da família Barros. Mesmo os que moram mais longe, nunca deixam de prestigiar a famosa festa e manter a tradição secular, que está sendo passada de pai para filho.

Os festejos reúnem cerca de 700 membros dos Barros, que são os filhos, netos, bisnetos e tataranetos de João Norberto e Donana. A grande maioria são moradores de Várzea Grande e Cuiabá.

A invocação e agradecimentos às intercessões de Sant’ana estão presentes em todos os momentos da vida dos Barros, desde doença aos concursos e vestibulares, conta Maria José de Barros Silva, da segunda geração.

Como a festa é custeada integralmente pelos parentes, eles têm como lema que “o que falta Sant’ana intera, e depois lhe devolve em dobro” como aconteceu em 1911, com João Norberto e Donana.

DIA DA SANTA

No dia Sant’ana (26/07) é lei, nenhum Barros trabalha. “Nós nos reunimos para não trabalhar”, brinca Joaquim de Barros, filho de João Norberto e Donana. “Quem tem comércio ou escritório fecha as portas e quem é empregado falta ao trabalho”.

QUEM FOI SANT’ANA?

Ana, na tradição Católica, foi à mãe da Virgem Maria e avó de Jesus Cristo. Tudo o que se sabe sobre os pais de Maria nos foram legados pelo Proto-Evangelho de Tiago, obra citada em diversos estudos dos padres da Igreja Oriental, como Epifânio e Gregório de Nissa.

Sant’Ana, cujo nome em hebraico significa graça, pertencia à família do sacerdote Aarão. Seu marido, São Joaquim, pertencia à família real de Davi.
Conta-se que Joaquim foi censurado pelo sacerdote Rúben por não ter filhos, quando Sant’Ana já era idosa e estéril.

Confiando no poder divino, São Joaquim retirou-se ao deserto para rezar e fazer penitência, e ali um anjo lhe apareceu, dizendo que Deus havia ouvido suas preces. Tendo voltado ao lar, algum tempo depois, Sant’Ana ficou grávida de Maria.
Ana e Joaquim residiam em Jerusalém, ao lado da piscina de Betesaida, onde hoje se ergue a Basílica de Santana, e aí, num sábado, 8 de setembro do ano 20 a.C., nasceu-lhes uma filha que recebeu o nome de Miriam que em hebraico significa Senhora da Luz, traduzido para o latim como Maria. Maria foi oferecida ao Templo de Jerusalém aos três anos, tendo lá permanecido até os doze anos.

A devoção aos pais de Nossa Senhora é muito antiga no Oriente, onde foram cultuados desde os primeiros séculos de nossa era, atingindo sua plenitude no século VI. Já no Ocidente, o culto de Santana remonta ao século VIII, quando, no ano de 710 suas relíquias foram levadas da Terra Santa para Constantinopla, onde foram distribuídas para muitas igrejas do Ocidente, estando a maior delas na igreja de Sant’Ana, em Düren, Renânia, Alemanha.

Seu culto foi tornando-se muito popular na Idade Média, especialmente na Alemanha. Em 1378, o Papa Urbano IV oficializou seu culto. Em 1584, o Papa Gregório XIII fixou a data da festa de Sant’Ana em 26 de Julho, e o Papa Leão XIII a estendeu para toda a Igreja, em 1879.

Wilson Pires de Andrade é jornalista em Mato Grosso

 

Comentários estão fechados.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está bem com isso, mas você pode optar por sair, se desejar. Aceitar Leia Mais

Política de privacidade e cookies