Com Bezerra e sem protagonismo MDB vai à convenção

Sem protagonismo, mergulhado entre outras siglas numa coligação – que se anuncia – com o Democratas, o MDB do deputado federal Carlos Bezerra realiza convenção nesse sábado, 4, em Cuiabá. Partido que durante décadas foi um dos mais influentes em Mato Grosso, agora, o que resta da antiga sigla do Manda Brasa dos velhos tempos é um ajuntado de políticos coadjuvantes dos principais líderes regionais.

Bezerra, o principal líder do MDB, também o dirige desde sua fundação. Sem nomes capazes de empolgarem o eleitorado, a alternativa de Bezerra foi se juntar ao DEM, que lança ao governo o ex-prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes, tendo de vice o empresário Otaviano Pivetta (PDT). As duas candidaturas ao Senado na coligação que será encabeçada pelo DEM e o PDT estão definidas: Jayme Campos (DEM) e Carlos Fávaro (PSD). Apesar desse casório político com os democratas, que são liderados pelos irmãos Jayme e Júlio Campos, o MDB liberou seus (ainda) pré-candidatos a apoiarem nomes de outros partidos, que disputarão o governo.

Da cintura para baixo. Assim está o MDB, que terá somente candidatos a deputado federal e deputado estadual. Para o primeiro cargo a chapa será montada de modo a não cruzar o caminho de Bezerra, que buscará o quinto mandato. Para a Assembleia tentarão a reeleição os deputados Silvano Amaral, Romoaldo Júnior e Janaína Riva, que formam sua bancada.

Silvano e Romoaldo integram o grupo dos 16 deputados estaduais que estão ou investigados, ou delatados, ou processados, ou condenados, ou com bens bloqueados por conta de escândalos de muitas naturezas. Janaína pertence ao grupo da minoria parlamentar – com oito integrantes – que não está na mira do Ministério Público.

Maior partido nacional, em Mato Grosso o MDB encolhe e vagueia entre as siglas intermediárias. No passado, Dante de Oliveira, Gilson de Barros, Wilson Santos, Márcio Lacerda, Louremberg Nunes Rocha, José Lacerda, Osvaldo Sobrinho, Kazuo Sano, Zé Carlos do Pátio e outros nomes influentes na política regional estiveram entre seus filiados.

Presente em todos os municípios, com diretórios, o MDB administra três importantes prefeituras: Cuiabá, com Emanuel Pinheiro; Tangará da Serra, com Fábio Junqueira; e Alta Floresta, com Asiel Bezerra.

Emanuel, o principal nome do partido na esfera municipal enfrenta grande desgaste perante a opinião pública, depois que o Fantástico da Rede Globo exibiu em maio do ano passado vídeos de deputados estaduais mato-grossenses recebendo pacotes de dinheiro de Sílvio Corrêa então chefe de Gabinete do à época governador Silval Barbosa (governou de 2010 a 2014). Em delação premiada homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, Silval informou que se tratava de pagamento de mensalinho para silenciar parlamentares sobre obras do programa rodoviário MT Integrado e para a Copa do Mundo. Emanuel seria apenas um deputado a mais exibido recebendo a dinheirama, mas ao colocar no bolso do paletó um dos pacotes com cédulas de reais, o deixou cair, o que lhe rendeu o jocoso apelido de “Paletó”.

Emanuel recentemente declarou que permanecerá fora a disputa eleitoral, reservando-se, no entanto, ao direito de apoiar Jayme Campos ao Senado, por se tratar de político da Baixada Cuiabana (Jayme é de Várzea Grande) e, claro, seu filho, Emanuelzinho, que por força do apelido do pai, passou a ser chamado de Paletozinho. O detalhe é que Paletozinho é filiado ao PTB e não ao MDB de seu principal apoiador.

NOMES – Não haverá novidade nas chapas do MDB para deputado federal e deputado estadual. Além das tentativas de reeleição o partido deverá lançar antigos militantes, ex-ocupantes de cargos eletivos e, provavelmente, alguns nomes de jovens.

Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 – Arquivo Câmara

2 – Arte MDB

3 – Sobre imagem da Rede Globo