Savi, Fávaro e Jayme não abraçaram Ciro Gomes, mas o presidenciável conheceu bem sua coligação
Mauro Savi (DEM), o deputado estadual campeão de votos em 2014 não participou da recepção a Ciro Gomes nesta sexta-feira, 24, em Cuiabá. Que ninguém pense que Savi está se distanciando da coligação liderada por seu partido e que tem seu correligionário Mauro Mendes ao governo, e Otaviano Pivetta (PDT) pra vice; nada disso. Savi, simplesmente estava profundamente cansado e abatido após permanecer 106 dias preso – a liberdade aconteceu paralelamente ao desembarque do presidenciável. A ausência de Savi não foi a única – lá também não apareceram os candidatos ao Senado Carlos Fávaro (PSD) e o democrata Jayme Campos – e os companheiros trataram de explicar a Ciro e Kátia Abreu – que compõe sua chapa – os percalços que a aliança de Mauro Mendes enfrenta, mas de cabeça erguida, com figuras que sempre enxergam para frente e não se curvam por seus atos no passado.
Além de Savi, o candidato ao Senado e ex-vice-governador Carlos Fávaro, também não levou seu abraço ao presidenciável. Fávaro está no centro de um furacão que nasceu da descoberta pelo Ministério Público e a Delegacia Especializada do Meio Ambiente (Dema) da expedição de mais de 650 Cadastros Ambientais Rurais (conhece pela sigla CAR) pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema), o que teria resultado no acobertamento de graves crimes ambientais. Nesta sexta, pela manhã, MP e Dema prenderam graúdos servidores da Sema, que exerceram funções importantes naquela secretaria quando Fávaro era seu titular. Uma fonte segura revelou, ontem, ao blogdoeduardogomes que no dia 22 o MP pediu a prisão de Fávaro e servidores da Sema. Hoje, efetivamente prisões e mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Cuiabá. Porém – acrescenta a mesma fonte – o juiz da ação teria pedido mais informações para decidir se manda ou não Fávaro para atrás das grades.
Possivelmente orientado por sua defesa Fávaro não foi ao encontro de Ciro, pois corria e ainda corre risco de ser preso. Se a prisão de um ex-vice-governador e candidato ao Senado acontecesse num evento do presidenciável pedetista e ao seu lado, sua campanha poderia ir por águas abaixo. Como se diz, “caldo de galinha e cautela não fazem mal a ninguém”. Além de cauteloso, Fávaro também estaria muito preocupado com sua situação – isso foi o que me disse uma das figuras mais importantes de sua coligação, com a condição de anonimato.
Solidário com Fávaro, Jayme Campos também não foi abraçar Ciro. Soaria estranho o cerimonial anunciar Jayme e fazer silêncio sobre seu colega de disputa. Considerado macaco velho, Jayme preferiu ficar distante do evento.
CERTEZA – Ciro deixou Cuiabá com a certeza que sua coligação está sólida e unida – taí o exemplo de Jayme em relação a Fávaro. A ausência de Savi tem que ser vista pelo lado humanitário diante de sua fragilidade física após longo período preso. O recuo de Fávaro – segundo analistas – se deve ao fato de o mesmo não estar acostumado a escândalos, situação muito comum entre líderes de sua coligação.
FÁVARO – Os depoimentos dos presos hoje pelo escândalo do CAR, na operação que recebeu o nome de Polygonum seriam – segundo a mesma fonte – fundamentais para a decretação ou não da prisão da Fávaro. blogdoeduardogomes conversou com dois prefeitos ligados a Fávaro. Um não se pronunciou e outro tentou debitar a operação à suposta vingança do governador tucano Pedro Taques, desafeto político de Fávaro.
SAVI – Savi e outros seis deputados estaduais são acusados de pertencerem a uma organização criminosa que teria desviado mais de R$ 30 mihões do Detran. Desse esquema também fariam parte os irmãos Paulo e Pedro Taques – primos do governador, e que estiveram presos juntamente com Savi; além deles, também são acusados o ex-governador Silval Barbosa e seu então chefe de Gabinete Sílvio Corrêa, o ex-deputado federal Pedro Henry, Teodoro Lopes/Dóia (ex-presidente do Detran), empresários e figuras da arraia-miúda.
Dos outros seis deputados estaduais acusados, cinco se dividem entre duas coligações e um está fora do processo eleitoral. Quatro apoiam Mauro Mendes: Eduardo Botelho (DEM), presidente da Assembleia; Baiano Filho (PSDB), coordenador da campanha de Mauro Mendes; Romoaldo Júnior (MDB); e Nininho (PSD). Wilson Santos (PSDB) é apoiador de Pedro Taques. E José Domingos (PSD), que está afastado dos meios políticos após ser filmado recebendo pacotes de dinheiro, que o ex-governador Silval Barbosa delatou ao MP que se tratava de mensalinho – delação homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux.
De um lado Savi, Fávaro e seus companheiros. De outro os irmãos Paulo e Pedro Taques, Wilson Santos e Pedro Taques – o governador – disputam o poder voto a voto, pregando moralidade na vida pública, combatendo adversários corruptos. Verdadeiros heróis em defesa de Mato Grosso e sua gente.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
FOTO: Dinalte Miranda
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