Selma Rosane e Pedro Taques: acabou; cada qual com seu grupo
Acabou. Não foi bom pra ela. Pior, ainda, pra ele. Selma Rosane Arruda sai da coligação liderada por Pedro Taques. Junto aos companheiros do PSL de Jair Bolsonaro leva adiante sua candidatura ao Senado. Pedro, o estopim da ruptura, deve se sentir aliviado: ficou livre de um vulto com luz própria e, altivo, reina soberano num palanque onde a presença mais forte – depois da dele, claro – é a de José Riva que por óbvias razões não pode comparecer, mas que se faz representar por Rui Prado, Carlos Avalone, Carlos Brito, José Rodrigues e tantos outros que gravitaram à sombra de seu poder na Assembleia e também no Palácio Paiaguás durante 20 anos.
Numa coletiva na tarde desta sexta-feira, último dia do aziago mês do cachorro louco, Selma concedeu coletiva. Em sua fala e num arrazoado impresso com 10 itens distribuído aos jornalistas, explicou – ou tentou explicar – o que acontecia..
Selma não trombou com Pedro, mas não poupou o tucano deputado federal Nilson Leitão, que concorre ao Senado. No item 5, diz, “… passei a sofrer todo tipo de boicote e rasteiras por parte do candidato a senador do PSDB, senhor Nilson Leitão. De acordo com a imprensa, este senhor incentivou o lançamento de uma candidatura ao Senado com perfil parecido ao meu, em outra coligação…”. A candidata não apontou o dedo para o Procurador Mauro (PSOL), mas fez clara alusão a ele. Segundo alguns setores da mídia, Leitão e Pedro teriam ‘empurrado’ o Procurador Mauro para a disputa ao Senado, num período em que seu nome era tido como certeiro para concorrer ao governo. Ela não disse, mas nos meios políticos comenta-se que além além de Pedro e Leitão, o candidato ao Senado Jayme Campos (DEM) também teria costurado tal manobra, porque ela interessaria muito aos três: Pedro porque se veria livre de um fantasma eleitoral em sua principal base: Cuiabá. Leitão e Jayme, porque acreditariam que o Procurador Mauro e Selma morreriam abraçados dividindo os chamados votos ideológicos de direita (ela) e de esquerda (ele), o que abriria caminho a ambos ao Senado.
É preciso que se leve em conta que bem antes de Selma se aliar a Pedro, ele dividia o poder com Leitão e Jayme. Porém, até agora o Procurador Mauro nunca se envolveu em negociata política.
Selma sem o grupo de Pedro leva adiante uma campanha que terá o maior puxador de votos no Brasil: Jair Bolsonaro. No entanto, conviverá com um partido pequeno, com poucos nomes conhecidos. Seu grande trunfo é sua condição de ex-juiza que esteve à frente de ações que resultaram na prisão de figurões do governo Silval Barbosa, inclusive o próprio Silval.
Pedro fez a clara opção pelo grupo de Riva (que se funde e se confunde com o grupo de Silval). Tanto assim, que seu companheiro de chapa é o tucano Rui Prado, que foi um dos políticos mais influentes junto a Riva, e que ao seu lado disputou o Senado em 2014. Essa escolha – segundo analistas políticos – retira de Pedro o discurso da moralidade na vida pública, principalmente quando se vê em seu palanque alguns deputados estaduais duramente atingidos por escândalos, a exemplo do tucano Wilson Santos.
Conscientemente ou não Selma arrumou animosidade com o Procurador Mauro, que é figura de densidade eleitoral. Independentemente da reação do político do PSOL ela acabará enfrentando a reação de Pedro.
Desse episódio, picuinhas à parte, extrai-se que o convivio político com Pedro é difícil, como nos demonstra a renúncia de seu vice-governador Carlos Fávaro (PSD), a rotatividade de seu secretariado. a ruptura de importantes nomes políticos que deixaram seu grupo e passaram a lhe fazer oposição, a exemplo de Jayme, Mauro Mendes, Otaviano Pivetta, Percival Muniz, Eduardo Botelho etc.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
FOTO: Assessoria de campanha de Pedro Taques
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