Ságuas: adeus definitivo ou até nova eleição?
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Em política nada é definitivo nem tão exato ou errado quanto possa parecer. Aos 55 anos e depois de 22 anos de mandato em mandato e exercendo função pública, Ságuas Moraes Sousa anuncia que deixa os meios políticos para se dedicar integralmente à sua profissão, enquanto médico pediatra em sua Juína. Sinal maior de sua disposição em parar, impossível. Em outubro do ano passado, Ságuas não disputou mandato eletivo. Oficialmente é adeus. Porém, quando se conversa com ele, sobre sua vida pública, é possível notar que embutido ao lenço branco da partida há uma brasa fumegante de sua vontade de voltar à cena, lá na frente. Avalio que se o vento soprar, ainda que brandamente, a brasa reacende a chama da paixão eleitoral e ele volta para o meio, de onde sai sem deixar de ficar, por mais discreto que tente parecer.
Recém-formado na turma pioneira de medicina da Universidade Federal de Mato Grosso, em Cuiabá. Ságuas foi para Porto Velho (RO), onde serviu no 5º Batalhão de Engenharia de Construção (5º BEC). Findo seu período na Exército retornou para a capital mato-grossense, de onde pegou a MT-170, cruzou o rio Juruena na balsa, no limite de Brasnorte com aquele município, e se instalou naquela cidade. À época a MT-170 tinha duas imagens: no inverno amazônico era um atoleiro sem fim; no verão amazônico virava perigoso canudo de poeira.
Médico em Juína, trabalhando no hospital da prefeitura e em outro, particular, Ságuas conquistou a população. Afinal, era o doutor que atendia às crianças. Filiado ao PT, passou a ser visto com ressalvas por grandes coronéis da pecuária e do garimpo, mas com habilidade e seu jeitão tranquilo de falar – característico dos que nascem em Goiás, como é o caso dele -, em pouco tempo virou liderança política tão forte, que em 1996 elegeu-se prefeito. Mais: quatro anos depois se reelegeu.
Em 2002, Ságuas deixou a prefeitura ao vice Altir Peruzzo, também petista e atual prefeito do município. Naquele ano disputou e venceu a eleição para deputado estadual. Em 2006 se manteve na Assembleia para o segundo mandato. Desde 2010, quando conquistou pela primeira vez uma cadeira à Câmara, é deputado federal. Em meio a esses mandatos foi secretário de Estado de Educação.
No ano passado, seu nome figurava entre os prováveis reeleitos, mas Ságuas não quis concorrer. Lançou sua companheira partidária e ex-secretária-adjunta de Educação (mais tarde titular do cargo), Rosa Neide para a Câmara e ela se elegeu.
Conversamos uns 10 minutos nesta segunda-feira, 21, num encontro casual na calçada da Avenida Historiador Rubens de Mendonça, em Cuiabá. Revelou-me que está entusiasmado com a volta à medicina. Contou que recentemente leu uma grande obra sobre pediatria. Brincou que na volta ao batente de jaleco branco atenderá filhos de seus ex-pacientes. Pedi que fizesse um balanço de sua atividade política. Ele desconversou, “está ai; é de domínio público”, resumiu. Sequer falou que defendeu a então presidente Dilma Rousseff quando entrou em curso a campanha por seu impeachment.
Casado com a assistente social Joselina Auxiliadora Almeida Moraes Sousa, a Josi, Ságuas encontrará nela o ombro ideal para sentir saudade da política. Afinal, Josi também deve experimentar o mesmo sentimento, pois foi vice-prefeita de Juína.
Em lua de mel com o adeus, Ságuas troca o palanque pelo jaleco branco. Se para sempre ou não, o tempo dirá. Não apostaria na primeira hipótese em respeito ao sangue político que corre nas veias dele. Pode ser que em breve tenhamos que reescrever justificando que não se tratava de despedida, mas sim, de: até daqui a pouco.
Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes
FOTO – blogdoeduardogomes em 21 de janeiro de 2019
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