CALDO ENTORNA – Lúdio pede ocupação do Palácio Paiaguás; servidores apoiam
Ocupar e cercar o Palácio Paiaguás, já. Essa a palavra de ordem do deputado estadual diplomado Lúdio Cabral (PT) aos servidores públicos estaduais e aos demais trabalhadores. Numa fala ao microfone, no pátio da Assembleia Legislativa, na tarde desta quarta-feira, 23, e em seguida numa entrevista exclusiva ao blogdoeduardogomes., Lúdio levantou a bandeira do endurecimento da manifestação. Os manifestantes receberam sua proposta com palmas e gritos de apoio. Ao site ele argumentou que o governador Mauro Mendes (DEM) é o grande responsável pela crise que começa junto com sua administração. O deputado também aponta o dedo para aquilo que ele define por desmandos do governo anterior de Pedro Taques (PSDB).
Servidores que lotavam o pátio da Assembleia aplaudiram demoradamente a proposta de Lúdio para a ocupação e cerco do Paiaguás. Há muitos ânimos exaltados. As próximas horas definirão os desdobramentos do protesto. O deputado petista pediu que os manifestantes aumentem a pressão, que lutem e resistam e que “não desistam jamais”.
Lúdio não usou a expressão precocidade para definir a grave relação de Mauro com os servidores, mas na entrevista estranhou que a mesma tivesse começado tão cedo, pois normalmente esse tipo de estremecimento ocorre no apagar das luzes do mandato.
Servidores estão mobilizados contra o pacote de medidas do governador, que recebeu o nome de “Pacto por Mato Grosso“. Esse pacote chega à Assembleia pedindo cheque em branco para o pagamento da RGA somente quando for possível. Alegando crise financeira o governo não pagou parte do 13º previsto para o final de ano, escalona a folha salarial, muda a data do pagamento do 13º neste ano. Além disso, Mauro anuncia fechamento de empresas públicas e paralelamente a isso continua contratando comissionados.
Para o deputado petista não há crise. “Não se pode falar em crise num Estado que concede tantos incentivos fiscais, alguns por decisão de caneta“, disse numa critica aberta ao agronegócio. No entendimento de Lúdio, além da renúncia fiscal, outro fator que engessa o governo é a má administração. “A Saúde Pública não chega na ponta. Sou servidor público médico há 22 anos e sei o que digo”, desabafou. Na avaliação dele o governo está inchado na atividade-meio e com muitos cargos comissionados.
Sobre Mauro citar recorrentemente a existência de crise Lúdio alertou aos servidores. Para ele, trata de se artifício massificado pela mídia. O deputado petista pede cautela na avaliação daquilo que é divulgado de modo a agradar o governo.
Gestão, no entendimento de Lúdio, implica em bem administrar – sobretudo – as finanças. O deputado petista entende que os poderes precisam cortar gastos. Sua fala não fica na superficialidade. Com naturalidade respondeu sobre a proposta de redução do duodécimo da Assembleia, defendida por Mauro. “Concordo plenamente, desde que o corte tenha destinação precisa, transparente, honesta e que seja para à atividade-fim”, citou.
Aparentemente na esfera do governo, Mato Grosso vai além do estado de calamidade financeira decretada pelo governador. Encontrar a ponta da meada não será fácil e exigirá tempo. Até que os cacos sejam recolhidos, “o momento é de muita luta”, avalia Lúdio. Essa luta, no entendimento dele, tem que se estender pelos corredores do Paiaguás e seu entorno.
Por que a ocupação e o cerco do Paiaguás? – blogdoeduardogomes pergunta.
Lúdio responde: “Porque o grande responsável pelo que está acontecendo nesse momento é o novo governador, é o governador eleito, que assim que tomou posse, em uma semana encaminha para a Assembleia um pacote que penaliza severamente os serviços públicos, inclusive com a extinção de empresas que são estratégicas para o desenvolvimento do nosso Estado. Isso sem qualquer debate anterior, e colocando no colo da Assembleia a responsabilidade e o ônus do desgaste. A responsabilidade maior é do governador e os servidores precisam levar a mobilização até o governador”.
SEGREDO – Detalhes sobre a manifestação no Paiaguás são mantidos a sete chaves. Lúdio desconversou sobre isso. Porém, uma fonte ligada aos movimentos sindicais liderados pelo Fórum Sindical, assegurou que a qualquer momento os servidores avançarão sobre a sede do governo. Mais: acrescentou que ninguém arredará pé da Assembleia e que a manifestação impedirá a posse da nova legislatura na sede do Legislativo, em primeiro de fevereiro, o que seria fato inédito em Mato Grosso.
A manifestação dos servidores mostra que pouca coisa muda nos meios políticos mato-grossenses. Ela atinge em cheio o governador recém-empossado Mauro e a maioria da legislatura que chega ao fim, com boa parte de seus deputados voltando pra casa depois do pontapé que as urnas lhes deram.
Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes
FOTO: blogdoeduardogomes em 23 de janeiro de 2019
Comentários estão fechados.