Boa Midia

A praga da corrupção

Os fatos são fatos e expressam por si mesmos, não comportando contestações. Algumas classes de funcionários públicos tem um séquito de assessores. E os fatos têm demonstrado, com as exceções devidas, que tal excesso serve para devolver aos detentores de tais cargos, parte dos proventos recebidos regiamente pela frondosa equipe. Enfim, as transgressões com o dinheiro público é como um camaleão tem incontáveis matizes.

O exemplo da ALERG – Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro – é emblemático. Contrata-se assessores com régios salários e estes têm que devolver a metade ao cafajeste do chefe. Esta prática se estende para os Parlamentos e Tribunais de todo o País. Este é o Brasil brasileiro onde as mágicas e acrobacias servem para uns poucos se fartarem com o rico dinheiro público.

Será que os heróicos e privilegiados servidores públicos precisam do séquito de assessores que têm? Quem respondeu, há muito tempo, esta pergunta foi o falecido Professor José Vidal. Foi ele alçado, pelo quinto constitucional, a Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso. Consta que ao ser empossado somente proveu metade dos cargos a que tinha direito. Isto não impediu que ele fosse um dos mais produtivos juízes de sua época no TJMT.

Como faz falta para a nossa sociedade homens da estirpe do referido e falecido Desembargador para mostrar e provar que as soluções existem. Basta que cada um cumpra com seus deveres e obrigações. E que todos são iguais e não existem uns mais iguais que os outros como sentenciou George Orwel, no seu magistral livro que até hoje lidera na lista dos best sellers: A Revolução dos Bichos.

Na esteira de abusos, como o aqui relatado, está o povo a chafurdar nas filas e mais filas da saúde, dos empregos e do descaso para manter privilégios que engordam as porcas dos abusos da miséria social.

A pátria mãe tão distraída esta sendo subtraída por tenebrosas transações como esta aqui relatada. E aproveito os versos do mesmo poeta para encerrar este artigo:

De muito gorda a porca já não anda/De tanto usada a faca já não corta/Como é difícil pai abrir a porta/Esta palavra presa na garganta…../Não adianta ter boa vontade... (Chico Buarque).

Renato Gomes Nery é advogado em Cuiabá-MT

rgenery@terra.com.br

Comentários estão fechados.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está bem com isso, mas você pode optar por sair, se desejar. Aceitar Leia Mais

Política de privacidade e cookies