Algodão o fardo bom de carregar
Eduardo Gomes
@ andradeeduardogomes
Nós mato-grossenses falamos, vibramos e comemoramos a última grande conquista de nossa economia rural no plano internacional. Esse sentimento brota após o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA na sigla em inglês) reconhecer que pela primeira vez o Brasil produzirá mais algodão do que aquele país, e também que de modo inédito nossa nação superará a exportação da pluma americana.
O desempenho é da balança comercial brasileira, mas essa façanha tem as impressões digitais dos cotonicultores mato-grossenses que respondem por 71% da lavoura algodoeira nacional.
Os números impressionam e atestam a força agrícola de nosso Estado, que cultivou 1,41 milhão de hectares e colhe 6,99 milhões de toneladas de algodão em caroço e 2,49 milhões de toneladas de plumas de algodão. Essa movimentação da cadeia da cotonicultura, sem incluir a indústria de descaroçamento, fiação e tecelagem, quando se junta às demais lavouras de algodão brasileiras resulta em uma receita com o Valor Bruto da Produção (VBP) de 28,72 bilhões de reais.
O gigantismo mato-grossense levou o Brasil a desbancar os Estados Unidos tanto na produção quanto na exportação, como reconhece o USDA, que estima as exportações de plumas americanas em 2,8 milhões de toneladas e as brasileiras em 3,2 milhões de toneladas.
Temos quantidade e qualidade. Recentemente a Índia, maior produtora mundial de algodão e famosa por sua fibra longa, abriu o mercado para nossa cotonicultura.
Antes da mecanização do cerrado Mato Grosso cultivava algodão nas ‘roças de toco’ nas chamadas Glebas de Cáceres, na Baixada Cuiabana e, sobretudo na região de Rondonópolis com destaque para São José do Povo.
Chamada de Rainha do Algodão, Rondonópolis era o centro comercial das lavouras, com destaque para o armazém de Elias Medeiros, o Medeirão, que comprava algodão para a Indústria Gessy Lever em São Paulo.
Àquela época Mato Grosso descobria a mecanização. Sem prejuízo à agricultura familiar, nosso Estado ampliava em todas as direções suas pequenas lavouras de soja.
Nos dois primeiros plantios cultivava-se arroz de sequeiro…nas semeaduras subsequentes plantava-se soja em rotação de cultura na safrinha com milho e algodão.
Tanto o milho quanto o algodão cresceram, ocuparam lugar de destaque na economia e o que era safrinha virou safrona.
A criação do Programa de Incentivo à Cultura do Algodão de Mato Grosso (Proalmat) e do Fundo de Apoio à Cultura do Algodão (Facual), ambos idealizados pelo sonhador Clóves Vettorato, contribuíram para o desenvolvimento da cotonicultura. Além disso, a Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) criou o Núcleo do Algodão, integrado por André Maggi, Gilberto Goellner, Ignácio Mammana Netto, Benjamim Zandonadi, Mário Patriota Fiori, Daniel Montoro e os irmãos Sachetti e Polato, dentre outros, e esse Núcleo custeou pesquisas para enfrentar doenças e pragas nos algodoeiros. Paralelamente a isso, o empresário Olacyr de Moraes investiu elevada cifra na pesquisa agronômica em sua fazenda no município de Campo Novodo Parecis, que resultou na cultivar ITA 90 que virou uma espécie de rainha do algodão nas áreas tropicais.
……
Sites e blogs que não recebem recursos dos poderes e órgãos públicos aceitam colaboração financeira. Este blog, também, pelo PIX 13831054134 do editor Eduardo Gomes de Andrade
……
Pesquisas, muitas conduzidas pelo pesquisador Hortêncio Paro, políticas públicas e trabalho pesado no campo permitiram o crescimento da nossa cotonicultura, mas além desses fatores, os produtores mato-grossenses travaram uma batalha na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o subsídio americano ao algodão cultivado no Mississipi e outras regiões. Pela primeira vez os Estados Unidos foram derrotados naquele organismo da ONU. Essa luta foi nacional, mas basicamente liderada pela Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA) tendo à frente Adilton Sachetti.
Parabéns Mato Grosso. Parabéns produtores de algodão, técnicos agrícolas, engenheiros agrônomos, pilotos agrícolas, operadores de máquinas e a todos os elos da vitoriosa cadeia agrícola que nos cobre de vitória e nos enche de orgulho por ser pano de fundo do algodão, esse fardo bom de carregar.
Fotos: 1 e 3 – Valmir Faria em Campo Verde
Gostei dessa informação,pena que muitas as vezes temos preguiça de ler.
Josué Murta Brandão, professor – Rondonópolis via Facebook
Exelente matéria
Brigadeiro, muito bom o artigo. Parabéns. Fico também agradecido uma vez que plantei o ITA 90 nos primórdios de Campo Novo do Parecis e estou voltando a plantar algodão este ano
Rui Prado, produtor rural, veterinário, ex-presidente do Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis e do Sistema Famato – Campo Novo do Parecis via WhatsApp
Muito bem abordado. Parabéns
Ricardo Bertolini – Fiscal de Tributos Estaduais e diretor do Sindifisco e Fenafisco – Cuiabá – via WhatsApp