ASSEMBLEIA – Habemus Botelho

Botelho, de novo
Pronto! Eduardo Botelho (DEM) foi eleito presidente da Assembleia Legislativa em chapa única. Agora, ele espera a limpeza da gaveta de seu próximo endereço: o Tribunal de Contas do Estado (TCE), onde deverá assumir a cadeira do conselheiro Waldir Teis, que se aposentará precocemente. Botelho encabeça o grupo vitorioso no Legislativo, que quer indicar outros dois integrantes de sua chapa para o TCE. São as peças do poder, que se movem em plena pandemia. Esse é o cenário político em Mato Grosso nesta quarta-feira, 10 de junho.

A chapa única de Botelho recebeu 22 dos 24 votos. Um deputado votou não e outro se absteve. Ela se completa com a vice-presidente Janaína Riva (MDB), o segundo vice, Wilson Santos (PSDB); o primeiro secretário Max Russi (PSB); e Valdir Barranco (PT), Delegado Claudinei (PSL) e Paulo Araújo (Progressistas), respectivamente segundo, terceiro e quarto secretários da mesa diretora que será empossada no começo de 2021 para um mandato de dois anos.

Consenso na Assembleia é regra desde a Era Riva (na sequência). Consenso também é a indicação de deputado para o TCE, como é de domínio público o plano de Botelho em ser conselheiro. No passado, não muito distante, o esquema liderado por Riva e os governadores da época transformaram em conselheiros os ex-deputados Antônio Joaquim, Sérgio Ricardo, Humberto Bosaipo, Campos Neto e Alencar Soares; mais recentemente, já com Botelho à frente do Legislativo, o contemplado foi Guilherme Maluf, que ora preside aquele órgão técnico de contas, também chamado de tribunal.

Mantendo a tradição do compartilhamento do poder em sua amplitude, a chapa de Botelho – segundo fonte ligada ao mesmo – planeja mandar para o TCE, o próprio BotelhoMax Russi e Wilson Santos. Russi já manifestou esse desejo, quando deputado na legislatura anterior, período em que também foi secretário de Estado no governo de Pedro Taques; Wilson Santos teve uma reeleição difícil e estaria com a mala pronta para se tornar conselheiro. Portanto, a eleição realizada hoje terá simbólico segundo turno no TCE.

Pai e filha Riva, o poder continua

No passado, ocupar vaga no TCE era difícil Há uma ação contra Sérgio Ricardo e Alencar Soares, pois segundo investigações o primeiro teria comprado a vaga do outro. Agora, parece ser mais fácil. Há cinco conselheiros afastados desde setembro de 2017, sob acusação de recebimento de propina do então governador Silval Barbosa. Esse grupo é formado por Teis, Valter Albano, Sérgio Ricardo, Antônio Joaquim e José Carlos Novelli. Analistas avaliam que não seria difícil compor com os mesmos, pra que três peçam aposentadoria – que seria bem facilitada na esfera política – e generosamente cedam suas vagas pra Botelho, Russi e Wilson Santos.

Ainda sobre a chapa eleita, Janaína é filha do mandachuva Riva. A deputada é integrante da mesa diretora em curso, e nela se mantém. Ou seja, a Era Riva acabou, mas nem tanto.

 

Histórico

 

Feltrin presidiu em 1991/92

Quase uma ditadura parlamentar. Assim é a Assembleia desde 1997, quando o mandachuva Riva (então no PMN) se elegeu presidente e por 20 anos controlou todas as legislaturas, inclusive em 2010, quando por um período ficou oficialmente fora por poder, por conta de sua cassação por crime eleitoral. Em 2014 Riva voltou aos holofotes. A eleição de Botelho, hoje, para o terceiro mandato consecutivo na presidência, nada mais é do que a continuidade da misteriosa força que os presidentes encontram pra convencer deputados a eternizá-los no topo do comando político do Estado ao lado do governador, ao qual invariavelmente se atrelam.

Em 1978 Mato Grosso foi dividido para a criação de Mato Grosso do Sul. Até então as forças políticas de Cuiabá e Campo Grande se alternavam no poder tanto no governo quanto na Assembleia. Naquele ano, quem presidia o Legislativo era Paulo Saldanha (Arena, daquela região que mais tarde seria Estado. Até o começo da Era Riva, os deputados elegeram os presidentes: Oscar Ribeiro (Arena – 1979/80); Alves Ferraz (Arena – 1981/82); Ubiratan Spinelli (1983/84 – PDS); Roberto Cruz (1985/86 -PDS); Roberto França (1987/88 – PMDB);  Antônio Amaral (1989/90 – PMDB); Moisés Feltrin (1991/92 – PFL); Humberto Bosaipo (1993/94 – PFL); e Gilmar Fabris (1995/96 – PL).

 

Era Riva

 

Os 20 anos da Era Riva foram interrompidos com seu afastamento da vida pública em razão da lei Ficha Limpa, que o impediu de disputar a eleição em 2014. Enquanto reinou, Riva foi campeão de votos e de escândalos. Desse período, por crimes de colarinho branco, foram presos os ex-deputados Riva (o próprio), Gilmar Fabris, Silval Barbosa e Mauro Savi. Sérgio RicardoBosaipo foram foram afastados do cargo de conselheiros do TCE, sob a mesma acusação que levou os demais pra trás das grades; Bosaipo, mesmo afastado, conseguiu a proeza de se aposentar.

Presidência e Primeira-Secretaria

 

Sérgio Ricardo e Riva dividiam o poder

Citar os partidos dos ocupantes dos cargos é missão impossível, tantas foram as fichas de filiação assinadas pelos mesmos, sempre em busca da legenda do governador ou de sigla de sua base de sustentação.

Riva e Romoaldo Júnior (1999/2000)

Riva e Bosaipo (2001/02)

Riva e Silval (2003/04)

Silval e Riva (2005/06)

Sérgio Ricardo e Riva (2007/08)

Riva e Sérgio Ricardo (2009/10)

Riva e Sérgio Ricardo (2011/12)

Riva e Mauro Savi (2013/140

Guilherme Maluf e Nininho (2015/16)

Botelho e Maluf (2017/18)

Botelho e Janaína Riva (2019/20)

 

Redação blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 – Fablício Rodrigues – Site público da Assembleia Legisaltiva – Divulgação

2 – Maurício Barbant

3 – Arquivo blogdoeduardogomes

4 – Arquivo Site Público da Assembleia Legislativa

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