Sinop 50 anos – A trajetória da futura capital de Mato Grosso do Norte

Eduardo Gomes

@ andradeeduardogomes
eduardogomes.ega@gmail

 

Sinop

50 anos de fundação – 14 de setembro

1974 – Sinop e sua BR-163

Sinop tem um quê de liderança. Quem for até lá imaginando que chegará ao meio da Floresta Amazônica cairá do cavalo ou do jato que pousar no moderno aeroporto da cidade ou ainda do carro que o levar pela pavimentada BR-163 com trechos duplicados. A cidade é linda, sedutora e seu crescimento salta aos olhos de quem a vê. O padrão residencial sinopense a deixa no nível das melhores cidades brasileiras. As avenidas são largas, rotatórias facilitam o trânsito. Ciclovias atendem os ciclistas e pistas de caminhada facilitam a vida da turma que luta para ficar em forma e perder peso. Mais: o Parque Florestal, com mais de 43 hectares na área urbana, é um mar verde que não tem um segundo sequer em silêncio pela algazarra da passarada; essa área tem uma fonte d’água que forma um lago de três hectares.

A cidade cresce, e com a vantagem do ordenamento habitacional. Os bairros, daqueles de alto padrão aos operários, todos, indistintamente têm o quê da modernidade.

Polo universitário, sim senhor! Sinop tem campus da Universidade Federal (UFMT) e da Universidade do Estado (Unemat), além de faculdades particulares. A cidade conta com boa rede hospitalar, clínicas, concessionárias de veículos e máquinas, hotéis, churrascarias, casas noturnas, boutiques, lojas e uma infinidade de outros estabelecimentos incluindo os bancos sempre prontos a emprestar com altas taxas de juro.

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O transporte coletivo atende parcialmente a cidade. O Aeroporto Municipal Presidente João Figueiredo opera voos noturnos de jatos da aviação regional. Distante 480 quilômetros ao norte de Cuiabá, Sinop foi o principal polo irradiador da ocupação do vazio demográfico no Nortão e motivou o surgimento de outras cidades.

O município de Sinop é um dos divisores das amazônicas bacias do Teles Pires e do Xingu. A BR-163 tem 36 quilômetros em sua área urbana. Sinop tem 3.942,229 km². Quando de sua emancipação seu território era de 48.678 km², mas cedeu áreas para Marcelândia, Cláudia, Vera e Santa Carmem.
A extração madeireira deu o pontapé inicial na economia de Sinop e foi sua principal base de sustentação até o começo dos anos 2000. No auge, o município teve mais de 400 indústrias madeireiras em atividade.

Gradativamente houve diversificação econômica, mas algumas madeireiras resistem. Hoje, comércio, prestação de serviço, ensino superior, agricultura, pecuária e indústria travam briga no melhor sentido da palavra.

O município é um importante polo de beneficiamento e empacotamento de arroz. A exposição agropecuária Exponop é uma das principais do Centro-Oeste e em suas edições anuais movimenta milhões de reais em máquinas e animais. O comércio varejista tem clientela segura entre moradores dos municípios no entorno.

SONHO – Sinop acalenta um sonho que é compartilhado com o Nortão e outras regiões: a divisão territorial de Mato Grosso. Caso isso aconteça, a vila fundada por Ênio Pipino certamente se transformará numa das mais belas capitais brasileiras.

O sonho existe e para fundamentá-lo há fortes argumentos: a distância do Nortão a Cuiabá, a identidade própria construída no dia a dia com a miscigenação, a vitalidade econômica regional, a infraestrutura nos 36 municípios daquele polo e a beleza de Sinop; se além disso, for preciso comparar o crescimento de Cuiabá e daquela cidade é fácil: de 1980 a 2016 a população cuiabana saltou de 212.984 para 585.367 habitantes registrando aumento proporcional de 174,84%. No mesmo período Sinop pulou de 19.891 para 132.934 o que se traduz numa taxa de explosão populacional de 568,31% – e com um detalhe do núcleo de moradores à época, boa parte saiu da estatística do município com a emancipação de quatro municípios desmembrados da grande cidade fundada por Ênio Pipino.

Construção da BR-163 no começo dos anos 1970 abriu caminho para Sinop

MEMÓRIA – O projeto de colonização expandiu-se por outras áreas e se transformou no principal fator de ocupação populacional no eixo da BR-163, que acabara de ser implantada. A vila, de topografia plana, enfrentava problema com o escoamento de água no longo período de chuvas e não passava de uma clareira na mata, com traçados de ruas e avenidas pontilhadas por isoladas construções de madeira que não iam muito além de serrarias, escritório da colonizadora, hotel, posto de combustível, alguns bares e modestas residências. Para suprir o mercado varejista a Companhia Brasileira de Alimentos (Cobal), estatal do Ministério da Agricultura enviava regularmente ao lugar uma carreta Alfa Romeo que funcionava como supermercado móvel.

Júlio Campos e Figueiredo inauguram a pavimentação da BR-163 em Sinop

O acesso por rodovia era precário no período das chuvas, com atoleiros na BR-163. A malária ganhava contornos hiperendêmicos na região de Sinop, tanto ao norte após o rio Renato, quanto ao sul onde mais tarde surgiriam cidades a exemplo de Lucas do Rio Verde. Mas, nem a doença nem à distância, nem a precariedade da rodovia que somente seria pavimentada em 1985 – pelo governador Júlio Campos, com apoio do presidente João Figueiredo -, nem o isolamento, nada disso impediu que a cada dia mais e mais moradores, sobretudo do Paraná, se transferissem para a cidade de Ênio Pipino.

A vida institucional começou em 29 de junho de 1976, quando Sinop tornou-se distrito de Chapada dos Guimarães numa canetada do governador Garcia Neto. Pouco tempo depois, em 17 de dezembro de 1979, o governador Frederico Campos sancionou uma lei de autoria do deputado Osvaldo Sobrinho aprovada pela Assembleia Legislativa emancipando Sinop numa área então pertencente à Chapada e Nobres. O município é sede de comarca de entrância especial, duas varas da Justiça do Trabalho, duas varas da Justiça Federal, comando regional de Polícia Militar, Delegacia Regional de Polícia Civil, Delegacia da Polícia Federal, quartel do Corpo de Bombeiros Militar e uma série de órgãos públicos federais e estaduais.

PS – Parte do texto foi extraída do livro NORTÃO BR-163 – 46 anos depois do jornalista e escritor Eduardo Gomes de Andrade, publicado em 2016 sem apoio das leis de incentivos culturais