Eduardo Gomes
@andradeeduardogomes
eduardogomes.ega@gmail.com
Nunca tantos foram com tamanha sede ao pote quanto agora. A eleição para o governo em Mato Grosso sempre é disputada por poucos com possibilidades reais de vitória, muito embora sempre surjam candidaturas caricatas. Para 2026 o cenário deverá ser bem diferente, pois sete figuras que se sobressaem nos meios políticos e empresariais querem a cadeira mais nobre do Palácio Paiaguás. Como habitualmente faço há anos, focalizarei esses nomes, na série Sete querem o governo, que começará a ser postada em fevereiro, aleatoriamente, sem ordem de prevalência e mantendo um espaço de três ou quatro dias entre uma postagem e outra, para que não haja canibalização de leitura.
Claro que os nomes de Wellington Fagundes/PL (senador), Otaviano Pivetta/Republicanos (vice-governador), Jayme Campos/União (senador), Odílio Balbinotti/sem partido (empresário), Janaína Riva/MDB (deputada estadual), Carlos Fávaro/PSD (ministro da Agricultura e senador licenciado) e Zé Carlos do Pátio/PSB (professor universitário) são conhecidos, mas, mesmo assim, é preciso que a vida pública deles seja mostrada com a clareza do sol da manhã, pois é muito grande a volatilização dos fatos quer sejam desabonadores ou dignos de reconhecimento.
A série quer sacudir a memória mato-grossense e mostrar quais os caminhos os mesmos trilharam e ao lado de quem. Mato Grosso registra períodos de corrupção desenfreada, e boa parte de quem a cometeu continua na vida pública.
A renovação política mato-grossense é lenta e nos últimos anos ganhou dois componentes: a hereditariedade ou familiocracia e o fator Bolsonaro que influi no resultado das urnas nesta terra onde o mesmo é cultuado no altar do agronegócio.
Que o material postado contribua para a definição do voto. Uma lupa no passado é imprescindível, mas também é muito importante mostrar o perfil das candidaturas e se o mesmo poderá ou não se encaixar no contexto da economia estadual baseada na cadeia do agronegócio, que inclui o comércio exterior e que confere números fabulosos para Rondonópolis e Sorriso na balança comercial.
No contexto da série haverá o resgate de posicionamento desses políticos sobre temas considerados tabus, como a emancipação dos estados do Araguaia e Nortão;
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a criação de uma política social para retirar mais de 150 mil famílias que vivem na linha da pobreza e abaixo da mesma, e cuja face mais conhecida é a fila dos ossinhos, em Cuiabá;
o gigantesco déficit habitacional em Cuiabá e outras cidades;
os gritantes desníveis sociais entre municípios, que de um lado, dentre outros, deixa Araguainha, Ponte Branca, Porto Estrela, Indiavaí, Figueirópolis D’Oeste e Araguaiana, enquanto na outra ponta Rondonópolis, Sorriso, Canarana, Lucas do Rio Verde, Itiquira, Tangará da Serra, Sinop, Sapezal, Campo Novo do Parecis, Primavera do Leste, Querência, Campo Verde, Água Boa, Tapurah e Nova Mutum esbanjam prosperidade;
o cenário nas periferias de Cuiabá e Várzea Grande com as viúvas de maridos vivos, que saem de seus barracos em busca do pão de cada dia em agropecuárias ou na construção de hidrelétricas ou rodovias;
a homologação de demarcações de terras indígenas em curso, como a área dos Kanela, no Vale do Araguaia;
a segurança na fronteira e na faixa de fronteira, onde o governo estadual usurpa – ainda que legalmente – as funções da União; o avanço do crime organizado; e a presença simbólica em termos de efetivos da Polícia Militar na maioria dos municípios;
a definição do traçado da BR-080 e sua pavimentação entre Luiz Alves (GO) e Ribeirão Cascalheira;
a ligação de Rondolândia com Aripuanã;
a pavimentação da rodovia Transbananal (TO-500) na Ilha do Bananal, em Tocantins, para ligar São Félix do Araguaia à Belém-Brasíla;
a precariedade do saneamento básico na maioria dos municípios;
o castelinho instalado na Secretaria de Meio Ambiente (Sema), que cria dificuldades para vender facilidade;
a pavimentação da Leste-Oeste MT-322 entre São José do Xingu e Matupá ligando as rodovias federais 158 e 163;
os aviltantes gastos do governo com a atividade meio em Cuiabá, enquanto em dezenas de município há vácuos de Estado nas áreas essenciais;
o desumano turismo de saúde em todas as regiões. Governante não é chefe de almoxarifado para saber o estoque de alicates, mas para desenvolver políticas sociais e executar obras precisa saber muito sobre Mato Grosso. Qual deles sabe que os pacientes residentes em Comodoro, que fazem sessões de hemodiálises são atendidos em Vilhena (RO)? Qual tem conhecimento de que em 30 de outubro de 2021 uma ambulância da Prefeitura de Comodoro bateu de frente com uma caminhonete na BR-364 quando transportava oito cidadãos para o Centro de Hemodiálise de Vilhena? No acidente morreram os oito pacientes, dois acompanhantes, o motorista da ambulância e os dois ocupantes do outro veículo.
Não será fácil para os integrantes do grupo das sete candidaturas alegarem desconhecimento e até mesmo justificar omissão sobre os gargalos de Mato Grosso. Wellington Fagundes disputou 11 eleições; Zé do Pátio e Otaviano Pivetta, nove, cada; Jayme Campos, cinco…
Seria utopia querer que eles realmente conhecessem o rio Mureré, os distritos de Toricueije, Batovi e Vila União (que chamamos de Coreia); o estilo de vida na fronteira pelos casais de brasilianos (mistura de brasileiras com bolivianos, e de bolivieiros – bolivianas com brasileiros); a riqueza cultural da primeira capital, Vila Bela da Santíssima Trindade; a angústia que devora os moradores em Jarudore; a falta de identificação com Cuiabá por parte de milhares de moradores no Nortão e no Vale do Araguaia, e recém-chegados de outros estados;
A série não pode questioná-los por desconhecimento, mas o conteúdo quer despertá-los para as nossas realidades e aguardar que ao longo da trajetória até outubro de 2026 todos se manifestem e se posicionem.
Acompanhem a série. Ajudem a divulgá-la. O conteúdo de Sete querem o governo será diferente, objetivo, franco, revelador e despertador da história política mato-grossense nos últimos tempos.
Os nomes focalizados são os que atualmente são citados para o governo. Pode ser que alguns desistam, mas dificilmente surgirão outros – caso isso ocorra postarei outra série após as convenções, para que tenhamos efetivamente candidatos e não pré-candidatos.
Sei que o número de leitores será grande, compatível com a obra. Também sei que haverá poucos comentários nas redes sociais, por se tratar de assuntos em alguns casos considerados ‘sensíveis’ para a nossa realidade. Entendam que para não concorrer com os capítulos da série, a abordagem de agora sobre os nomes foi superficial.
Nos encontraremos na série. Grato,
PS – A arte é do designer gráfico Marco Antônio Raimundo, que também ilustrará os capítulos da série.
Postado em 31 de janeiro