Mauro Mendes morreu politicamente hoje.
A morte, nesse caso, não é eterna, mas seu prazo de validade inclui a eleição deste ano.
A carta-manifesto assinada por 31 ex-apoiadores do governador Pedro Taques (PSDB), criticando-o ao extremo e supostamente fundamentando a ruptura política com ele, não contém as assinaturas de Jayme Campos, Eduardo Botelho, Fábio Garcia e Dilmar Dal’Bosco, que na verdade são os caciques do Democratas – partido ao qual o ex-prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes, recentemente aderiu dentro de um projeto para disputar o governo. O quarteto democrata reza pela cartilha de Taques, o que pode ser entendido como a degola de Mauro Mendes.
A carta, divulgada nessa terça-feira, 24, tem dois aspectos: a ruptura dos 31 com Taques e a rasteira sofrida por Mauro Mendes, que há muito tempo é tema de reportagem em blogdoeduardogomes.
Do grupo que assinou a carta, boa parte é arraia-miúda da política. Com legitimidade, 19 (por ordem alfabética): Adriano Pivetta, Adriano Silva, Aldo Locateli, Carlos Fávaro, Dilceu Rossato, Eduardo Moura, Getúlio Viana, Jair Mariano, José Augusto Curvo (Tampinha), José Medeiros, Júlio Campos, Mauro Mendes, Miguel Vaz Ribeiro, Otaviano Pivetta, Percival Muniz, Ubaldino Rezende, Vanderlei Reck Júnior, Xuxu Dalmolin e Zeca Viana.
Júlio Campos foi governador e senador;
José Medeiros é senador e foi suplente de senador de Taques.
Carlos Fávaro recentemente renunciou ao cargo de vice-governador.
O Democratas, que em tese integra a composição partidária contra Taques, pisou no freio. De seus quadros, somente Júlio Campos e Mauro Mendes botaram o jamegão na carta.
O presidente e deputado federal Fábio Garcia tirou o corpo fora juntamente o Jayme Campos – sua principal liderança. O mesmo roteiro foi seguido por Eduardo Botelho, que preside a Assembleia Legislativa, e Dilmar Dal’Bosco, ex- líder de Taques na Assembleia.
Júlio Campos e Mauro Mendes não decidem pelo DEM, são votos vencidos.
O recuo de Jayme Campos, Fábio Garcia, Eduardo Botelho e Dilmar deixa claro que o partido se juntará aos tucanos de Taques.
Em várias reportagens este site citou que o grupo de situação deveria disputar as eleições majoritárias com Taques ao governo, Neuma Moraes compondo de vice, e com Jayme e Nilson Leitão (PSDB) ao Senado. Neuma é mulher do prefeito de Rondonópolis, Zé Carlos do Pátio (Solidariedade).
UNIÃO – A carta uniu dois pré-candidatos ao governo: Otaviano Pivetta (PDT) e Dilceu Rossato (PSL).
Na esfera de Lucas do Rio Verde, o documento deixou na mesma trincheira dois ferrenhos adversários Pivetta e Carlos Fávaro (PSD).
O ex-prefeito de Rondonópolis, Percival Muniz, que foi destituído da presidêciaregional do PPS, assinou o documento.
Percival não resistiu a uma articulação nacional de Taques – o partido foi jogado no colo do ex-secretário de Educação de Mato Grosso, Marco Marrafon.
A rasteira sofrida por Mauro Mendes pavimenta ainda mais a candidatura de Pivetta ao governo, que a partir de agora deverá receber apoio do ex-prefeito de Cuiabá.
Com esse acontecimento, fica praticamente certo que ao menos quatro candidaturas reforçadas boa base política brigarão pelo Palácio Paiaguas: Taques, tentando a reeleição; Pivetta, com apoio de alguns partidos; Rossato, empunhando a bandeira de Jair Bolsonoro; e o senador Wellington Fagundes (PR), com apoio do MDB do cacique Carlos Bezerra, e de outras siglas.
Jogada de mestre
Nos bastidores a voz corrente é: Taques tem medo de enfrentar Mauro Mendes ao governo.
Para livrar o governador desse incômodo adversário, montou-se uma engenharia maquiavélica, que o levou para o DEM numa aluvião que abriu janela para reacomodar deputados.
Mauro Mendes embarcou nessa canoa repetindo o que fez o ex-juiz federal Julier Sebastião da Silva, que em 2014 deixou a magistratura pelo então PMDB, e esse não lhe deu legenda para disputar votos.
Mauro Mendes foi engolido pelo DEM e isso fortaleceu Jayme Campos com Taques.
Foi uma jogada legal, mas imoral e bem diferente do que aconteceu com Percival Muniz, que viu o PPS sair por entre seus dedos, sabendo que tudo foi arquitetado por Taques, mas sem meio de provar algo contra ele.
Moderado, Percival Muniz não critica Taques nem a manobra que o derrubou. Tudo que fez foi desfiliar os vereadores por Rondonópolis, Thiago Muniz (seu primo) e Fábio Cardozo e os levou para o PDT – seu novo partido. Thiago e Fábio querem disputar o cargo de deputado estadual.
Pivetta faz duras críticas a Taques pelas manobras partidárias a ele debitadas, ainda que não oficialmente comprovadas. Numa entrevista Pivetta chamou o governador de “ladrão de partidos“.
Apesar do tom da fala de PIvetta, Taques insiste em não respondê-lo
No plano partidário Taques dá olé em seus opositores.
Resta agora tentar combinar com o eleitorado, que não demonstra sinais de simpatia ao modelo da gestão do governador e que nas urnas poderá cobrar seu estilo raposa ou golberiano de fazer política.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
FOTOS: Arquivo
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daynews.com.br (CUIABÁ)
Comemoram juntos até agora e agora brigam pelo poder. Fora oportunistas!