Projeto bilionário que coincidentemente começou ao mesmo tempo em que as obras para a Copa do Mundo, mas que não tinha ligação com o Mundial na Arena Pantanal, a construção do VLT de Cuiabá e Várzea Grande paralisou em novembro de 2014 e desde então não avançou um centímetro. Enquanto o governo estadual não decide se o conclui ou não, a prefeitura entra em cena urbanizando parte do leito previsto para os trilhos daquele sistema de transporte, onde pela segunda vez anuncia que pretende plantar palmeiras imperiais. Preocupado com as consequências da intervenção do município e em busca de esclarecimentos por parte do Palácio Paiaguás, o vereador Elizeu Nascimento (DC) cria o movimento “VLT nos trilhos”.
Elizeu quer mobilizar políticos, movimentos sociais e entidades representativas de trabalhadores e patronais para a criação de um grupo de estudo sobre o VLT, na tentativa de “desatar o nó (do VLT)”. Segundo ele, o abandono da obra não pode continuar. “Trata-se de um projeto de grande relevância social e que tem cifra bilionária”.
O primeiro passo do vereador será o agendamento de uma audiência com o governador Pedro Taques para discutir o assunto. Elizeu avalia que a retomada do VLT depende somente de vontade política, “pois não há nenhuma decisão judicial com trânsito em julgado que o impeça”. Cuiabá – estima – se divide entre os que querem aquele sistema de transporte e os que não o aceitam. “Temos que ver tudo com clareza. Aquilo que for melhor tem que ser respeitado pelo governo”, pondera.
Sobre a obra da prefeitura, que iniciou a urbanização de parte do canteiro central reservado ao VLT o posicionamento do vereador é crítico. Ele argumenta que se trata de botar o carro na frente dos bois, “Antes, em outubro do ano passado, o prefeito Emanuel (Pinheiro) anunciou que plantaria 2.200 palmeiras imperiais no trajeto do VLT, e que esse projeto custaria em torno de R$ 2 milhões; foi contrário àquela proposta; agora, parece-me aquela proposta ressurge”, acrescentou.
Em suma Elizeu quer que a prefeitura suspenda a urbanização do canteiro central e que o governo seja transparente. Caso o governador Pedro Taques opte pela não retomada da obra e justifique sua decisão, o grupo decidirá qual medida tomar. Mas, até que a situação não seja resolvida junto ao órgão responsável pelo VLT, no caso o governo estadual, o vereador quer “prudência administrativa por parte do prefeito, para que o município não faça dois gastos em vão: primeiro construindo e depois demolindo o que fez”.
VLT – O projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) prevê a construção de 22,2 quilômetros de trilhos em duas linhas, com 33 estações em Cuiabá e Várzea Grande. Na capital as linhas se encontrarão nas imediações da Igreja do Rosário e São Benedito; um tomará rumo ao Centro Político e Administrativo, onde se situam as sedes dos três poderes, e outra avançará em direção ao Coxipó da Ponte. Em sentido oposto após o ponto de bifurcação e junção, em uma só linha o VLT alcançará o Aeroporto Marechal Rondon, na área metropolitana.
A obra do VLT foi assegurada graças a um financiamento do governo estadual de R$ 1,477 bilhão junto ao Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (DNDES).
Elizeu entende que um projeto da magnitude do VLT, moderno sistema de transporte de passageiros, não pode ser interrompido sem forte justificativa. O vereador antecipou que o grupo atuará em várias frentes: para saber quanto foi pago ao Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande (que executou parte da obra); situação dos trens e dos vagões já adquiridos; quanto de trilho há em depósito; quantos quilômetros de trilhos foram estendidos; detalhes sobre as estações de passageiros; etc. “Vou agendar audiência com o governador para isso, e na Câmara pedirei ao prefeito que aguarde o resultado do nosso trabalho, pois não podemos começar a construção da casa pelo telhado, e sim pelo alicerce”, resumiu.
COMPOSIÇÃO – O grupo que discutirá o tema já tem alguns nomes em sua formação, mas Elizeu não os revela para que todo o quadro seja anunciado de uma só vez. A complementação do grupo deverá ocorrer em breve, mas possivelmente após o vereador ser recebido por Taques.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
FOTO: Dinalte Miranda
PS – Transcrito do Jornal Diário de Cuiabá edição 09 junho 2018 Pág. A5 e de sua versão eletrônica www.diariodecuiaba.com.br