Nesta sexta, 14, Sinop completa 44 anos de fundação. Reverenciando aquela que é a maior cidade do Nortão, blogdoeduardogomes posta todos os dias, ao longo de uma semana, textos sobre Sinop e sua gente. Trata-se de material que extraído de alguns de meus livros.
Acompanhe a série que terá o indicativo SINOP 44 ANOS. Nela, o colonizador Ênio Pipino, personagens, pioneiros, economia e o conjunto da história daquele município.
A grande cidade fundada por Ênio Pipino
(Texto extraído do livro “Nortão – BR 163: 46 anos depois”, publicado em Cuiabá no mês de dezembro de 2016 pelo jornalista Eduardo Gomes de Andrade sem apoio das leis de incentivos culturais)
Sinop tem um quê de liderança. Quem for até lá imaginando que chegará ao meio da Floresta Amazônica cairá do cavalo ou do jato que pousar no moderno aeroporto da cidade ou ainda do carro que o levar até lá pela pavimentada BR-163 com trechos duplicados. A cidade é linda, sedutora e seu crescimento salta aos olhos de quem a vê. O padrão residencial sinopense a deixa no nível das melhores cidades brasileiras. As avenidas são largas, rotatórias facilitam o trânsito dos 99.500 veículos emplacados no município, dentre os quais 27.700 motos, além da frota flutuante. Ciclovias atendem os ciclistas e pistas de caminhada facilitam a vida da turma que luta para ficar em forma e perder peso. Mais: o Parque Florestal, com mais de 43 hectares na área urbana, é um mar verde que não tem um segundo sequer em silêncio pela algazarra da passarada; essa área tem uma fonte d’água que forma um lago de três hectares.
A cidade cresce, e com a vantagem do ordenamento habitacional. Os bairros, daqueles de alto padrão aos operários, todos, indistintamente têm o quê da modernidade. Seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,754 numa escala de zero a um. A renda per capita alcança R$ 33.807,26.
Polo universitário, sim senhor! Sinop tem campus da Universidade Federal (UFMT) e da Universidade do Estado (Unemat), além de faculdades particulares. A cidade conta com boa rede hospitalar, clínicas, concessionárias de veículos e máquinas, hotéis, churrascarias, casas noturnas, boutiques, lojas e uma infinidade de outros estabelecimentos incluindo os bancos sempre prontos a emprestar com altas taxas de juro. As ruas são limpas e bem cuidadas, mas há um problema escondido debaixo do asfalto: até recentemente não havia rede de esgoto, mas finalmente o município começou a construí-la.
O transporte coletivo atende parcialmente a cidade, que tem um gargalo injustificável: sua velha, pequena e feia rodoviária está encravada na área central. O Aeroporto Municipal Presidente João Figueiredo opera voos noturnos de jatos da aviação regional. Distante 485 quilômetros ao norte de Cuiabá, Sinop foi o principal polo irradiador da ocupação do vazio demográfico no Nortão e motivou o surgimento de outras cidades. O município é um dos divisores das amazônicas bacias do Teles Pires e do Xingu. A BR-163 tem 32 quilômetros em sua área urbana. Sinop tem 3.942,229 km² e sua densidade demográfica é de 28,09 habitantes por quilômetro quadrado. Quando de sua emancipação seu território era de 48.678 km², mas cedeu áreas para Marcelândia, Cláudia, Vera e Santa Carmem.
A extração madeireira deu o pontapé inicial na economia de Sinop e foi sua principal base de sustentação até o começo dos anos 2000. No auge, o município teve mais de 400 indústrias madeireiras em atividade. Gradativamente houve diversificação econômica, mas algumas madeireiras resistem. Hoje, comércio, prestação de serviço, ensino superior, agricultura, pecuária e indústria travam briga no melhor sentido da palavra. O Produto Interno Bruto (PIB) é de R$ 4.287.335.000. Em 2016 sua exportação alcançou US$ 491.248.850 (FOB) e a importação ficou em US$ 2.088.233 (FOB) resultando num superávit de US$ 489.160.617. A Soja foi o carro chefe das vendas seguida pelo farelo de soja, milho, carne bovina, madeira e móveis. Os destinos foram: China, com US$ 134,4 mi (FOB); Rússia, com US$ 55,2 mi (FOB); Espanha, com US$ 50 mi (FOB); Reino Unido, e outras 26 nações. As compras foram de aviões agrícolas, acessórios de veículos, bombas para líquidos, câmaras de ar e outros itens; os fornecedores foram os Estados Unidos, China, Hong Kong e Taiwan.
O município é importante polo de beneficiamento e empacotamento de arroz. A exposição agropecuária Exponop é uma das principais do Centro-Oeste e em suas edições anuais movimenta milhões de reais em máquinas e animais. O comércio varejista tem clientela segura entre moradores dos municípios no entorno.
SONHO – Sinop acalenta um sonho que é compartilhado com o Nortão e outras regiões: a divisão territorial de Mato Grosso. Caso isso aconteça, a vila fundada por Ênio Pipino certamente se transformará numa das mais belas capitais brasileiras.
O sonho existe e para fundamentá-la há fortes argumentos: a distância do Nortão a Cuiabá, a identidade própria construída no dia a dia com a miscigenação de seus povos, a vitalidade econômica regional, a infraestrutura nos 35 municípios daquele polo e a beleza de Sinop; se além disso, for preciso comparar o crescimento de Cuiabá e daquela cidade é fácil: de 1980 a 2016 a população cuiabana saltou de 212.984 para 585.367 habitantes registrando aumento proporcional de 174,84%. No mesmo período Sinop pulou de 19.891 para 132.934 o que se traduz numa taxa de explosão populacional de 568,31% – e com um detalhe do núcleo de moradores à época, boa parte saiu da estatística do município com a emancipação de quatro municípios desmembrados da grande cidade fundada por Ênio Pipino.
COLONIZADOR – Ao inaugurar o loteamento urbano de Sinop, em 14 de setembro de 1974, mais que implantar aquela que seria a principal cidade mato-grossense abaixo do Paralelo 15, o colonizador Ênio Pipino lançava as sementes da ocupação da mais importante fronteira agrícola do planeta. A solenidade teve repercussão nacional e foi prestigiada pelo ministro do Interior, Rangel Reis, que ganhou o título de paraninfo de Sinop.
Homem acostumado a criar cidades no Paraná, Ênio Pipino transferiu a Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná (Sinop) para Mato Grosso no começo da década de 1970, inicialmente comprando a Gleba Celeste, de 198 mil hectares, de Jorge Martins Philip, onde implantou o Projeto de Colonização Celeste, embrião de Sinop, Vera, Santa Carmem e Cláudia, na calha dos rios Teles Pires e Xingu, da Bacia Amazônica. Principal líder da Colonizadora Sinop, Ênio Pipino era sócio da mesma com sua mulher, Nilza de Oliveira Pipino, e João Pedro Moreira de Carvalho.
O projeto de colonização expandiu-se por outras áreas e se transformou no principal fator de ocupação populacional no eixo da BR-163, que acabara de ser implantada. A vila, de topografia plana, enfrentava problema com o escoamento de água no longo período de chuvas e não passava de uma clareira na mata, com traçados de ruas e avenidas pontilhadas por isoladas construções de madeira que não iam muito além de serrarias, escritório da colonizadora, hotel, posto de combustível, alguns bares e modestas residências. Para suprir o mercado varejista a Companhia Brasileira de Alimentos (Cobal), estatal do Ministério da Agricultura enviava regulamente ao lugar uma carreta Alfa Romeu que funcionava como supermercado móvel.
O acesso por rodovia era precário no período das chuvas, com atoleiros na BR-163. A malária ganhava contornos hiperendêmicos na região de Sinop, tanto ao norte após o rio Renato, quanto ao sul onde mais tarde surgiriam cidades a exemplo de Lucas do Rio Verde. Mas, nem a doença nem à distância, nem a precariedade da rodovia que somente seria pavimentada em 1983 – pelo presidente João Figueiredo -, nem o isolamento, nada disso impediu que a cada dia mais e mais moradores, sobretudo do Paraná, se transferissem para a cidade de Ênio Pipino.
A vida institucional começou em 29 de junho de 1976, quando Sinop tornou-se distrito de Chapada dos Guimarães numa canetada do governador Garcia Neto. Pouco tempo depois, em 17 de dezembro de 1979, o governador Frederico Campos sancionou uma lei de autoria do deputado Osvaldo Sobrinho aprovada pela Assembleia Legislativa emancipando Sinop numa área então pertencente à Chapada e Nobres. O município é sede de comarca de entrância especial, de duas zonas eleitorais (22ª e 32ª), duas varas da Justiça do Trabalho, duas varas da Justiça Federal, comando regional de Polícia Militar, Delegacia Regional de Polícia Civil, Delegacia da Polícia Federal, quartel do Corpo de Bombeiros Militar e uma série de órgãos públicos federais e estaduais; e um quartel do Exército está em construção.
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Editado por blogdoeduardogomes. Fotos extraídas do livro