Três não disputaram
Wancley de Carvalho
Enfrentando problema de saúde Wancley de Carvalho (PV) sai da vida pública. Investigador de Polícia e duas vezes vereador por Pontes e Lacerda, na faixa de fronteira, Wancley é estreante na Assembleia.
Neste ano Wancley foi denunciado pelo Ministério Público Federal juntamente com outros três deputados, por peculato. A denúncia é de que esses parlamentares teriam emitido notas fiscais frias no montante de R$ 2 milhões para acobertar prestação de contas de verbas indenizatórias no período de 2011 a 2015 (Wancley assumiu o cargo em 2015).
José Domingos
Flagrado em filmagem apresentada pela TV Globo recebendo pacotes de dinheiro de Sílvio Corrêa, à época chefe de gabinete do então governador Silval Barbosa, José Domingos (PSD) absorveu o golpe e desistiu de tentar a reeleição.
Em delação homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, Silval informou que o dinheiro recebido por José Domingos e outros parlamentares seria pagamento de mensalinho para que não criassem obstáculos na Assembleia ao seu governo.
Em denúncia espontânea à 7ª Vara Criminal de Cuiabá o ex-presidente da Assembleia, José Riva, revelou que José Domingos e outros 32 deputados e ex-deputados recebiam mensalinho dele no parlamento.
Silval o acusa de tentativa de extorsão para aprovação de suas contas após deixar o governo.
Vereador e três vezes prefeito de Sorriso, José Domingos cumpre o terceiro mandato consecutivo de deputado, período no qual encontrou espaço em 2011 para ser secretário de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar no governo de Silval.
Baiano Filho
Baiano Filho (sem partido) cumpriu três mandatos de vereador por Sinop e presidiu a União das Câmaras Municipais de Mato Grosso (UCMMAT). Foi secretário de Esportes e Lazer do governo entre 2003 e 2010,com breve afastamento nesse período. Em 2004 disputou e perdeu a eleição para prefeito de Sinop.
Exerce o terceiro mandato consecutivo de deputado. Foi um dos coordenadores da campanha do governador diplomado Mauro Mendes (DEM).
Baiano Filho está na lista de Silval. Ele é um dos sete deputados acusados de pertencerem a uma organização criminosa que teria desviado mais de R$ 30 milhões do Detran.
Caso à parte
Leonardo Albuquerque (Solidariedade), médico em Cáceres, na fronteira, cumpre seu primeiro mandato eletivo. Antes disputou sem sucesso a prefeitura de Cáceres. Elegeu-se deputado federal. Não responde a ação nem sofreu delação.
Dez derrotas
Gilmar Fabris
Gilmar Fabris foi vereador por Rondonópolis em 1988. Dois anos depois elegeu-se deputado e em 1995 e 1996 presidiu a Assembleia. Em 1998 e 2002 foi derrotado na tentativa de reeleição. Em 2006 retornou à Assembleia. Em 2010 e 2014 novamente foi derrotado, mas assumiu o cargo no primeiro dia da legislatura em curso por conta da morte do deputado Walter Rabello, do qual era suplente.
Gilmar está nas listas de Riva e Silval. Neste ano permaneceu preso preventivamente por 40 dias a pedido do Ministério Público Federal que o acusa de obstrução de Justiça numa ação que investiga lavagem de dinheiro.
Gilmar foi condenado a 6 anos e 8 meses de prisão por suposto desvio de R$ 1,5 milhão quando presidente da Assembleia. O deputado recorre em liberdade.
Gilmar é aposentado pelo Fundo de Assistência Parlamentar (FAP) da Assembleia.
Oscar Bezerra
Oscar Bezerra foi prefeito de Juara. Em 2010 a Justiça o impediu de concorrer a Assembleia e sua mulher Luciane Bezerra elegeu-se para o cargo. Em 2014 chegou à Assembleia. Em 2016 Luciane elegeu-se prefeitura de Juara, sofreu afastamento judicial e depois foi cassada pela Câmara sob acusação de improbidade administrativa.
Oscar não foi delatado. Não responde a nenhuma ação, mas Silval o acusa de tentativa de extorsão de R$ 15 milhões para não prejudica-lo na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia que investigava obras da Copa do Mundo.
Saturnino Masson
Saturnino Masson foi vice-prefeito, prefeito e prefeito eleito indiretamente pela Câmara em Tangará da Serra. Foi suplente de deputado federal. É estreante na Assembleia.
Saturnino não é delatado nem denunciado. Não responde a nenhuma ação.
Daltinho
Adalto de Freitas, o Daltinho elegeu-se deputado em 2006 e perdeu a reeleição em 2010. Em 2008 e 2012 disputou sem sucesso a prefeitura de Barra do Garças. Em 2014 ficou na suplência na Assembleia, mas assumiu o cargo com a eleição de Zé do Pátio para prefeito de Rondonópolis.
Daltinho está na lista de Riva. Silval o acusou. O ex-governador disse que o deputado gravou reunião do Colégio de Líderes da Assembleia, onde se discutia entre quatro paredes a forma de ‘tomar‘ mais dinheiro dele (Silval) e que Daltinho teria extorquido colegas para permanecer em silêncio.
Wagner Ramos
Suplente de deputado em 2002 Wagner Ramos manteve essa condição em 2006, mas chegou ao cargo com a nomeação de Humberto Bosaipo para conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Em 2010 e 2014 foi reeleito.
Wagner Ramos está nas listas de Riva e Silval. O ex-governador também o acusa de tentativa de extorsão para aprovação de suas contas após deixar o Palácio Paiaguás.
Mauro Savi
Mauro Savi por duas vezes foi vereador por Sorriso e presidiu o time de futebol local, que tem o mesmo nome da cidade. Cumpre o quarto mandado consecutivo de deputado e presidiu a Assembleia num curto período substituindo o titular José Riva, que foi afastado.
Savi está nas listas de Riva e Silval. Neste ano permaneceu preso preventivamente por 107 dias acusado pelo Ministério Público de chefiar uma organização criminosa que teria desviado mais de R$ 30 milhões do Detran.
Romoaldo Júnior
Romoaldo Júnior foi vereador por Alta Floresta. Em 1990, 1994 e 1998 venceu a disputa para deputado. Em 2000 foi prefeito de Alta Floresta. Em 2010 retornou para a Assembleia e se reelegeu em 2014.
Romoaldo está na lista de Silval. O Ministério Público o acusa de pertencer a organização criminosa que teria desviado mais de R$ 30 milhões do Detran. Seu ex-chefe de gabinete, Francisvaldo Mendes Pacheco foi preso acusado de formação de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.
Romoaldo é aposentado pelo FAP.
Zeca Viana
Zeca Viana foi candidato a primeiro suplente de senador na chapa de Pedro Taques, em 2010, mas desistiu cedendo vaga para José Medeiros. Naquele ano concorreu e venceu a eleição para a Assembleia e se reelegeu em 2014.
Zeca é investigado em inquérito do Ministério Público Federal que apura suposto desvio de R$ 2 milhões da Assembleia por um grupo de deputados que apresentava notas fiscais frias para acobertarem prestação de contas sobre verbas indenizatórias.
Silvano Amaral
Silvano Amaral antes de ser deputado foi secretário municipal em Sinop. Eleito pela primeira vez, foi denunciado por Silval que o acusa de tentativa de extorsão para aprovação de suas contas após o término de seu governo.
Pedro Satélite
Pedro Satélite foi vice-prefeito de Guarantã do Norte. Em 1990 foi suplente de deputado e se elegeu ao cargo quatro anos depois. Em 1998, 2002, 2006 e 2010 ficou na suplência, mas sempre chegava ao plenário graças ao rodízio parlamentar pago pelo contribuinte. Em 2014 se elegeu.
Pedro Satélite está nas listas de Riva e Silval. É aposentado pelo FAP.
Negativas
Todos os deputados negam todas as acusações, delações e denúncias que sofrem. Todos rebatem os inquéritos e ações , alegando inocência.
Reeleitos
Foram reeleitos, Janaína Riva (MDB), com 51.546 votos; Nininho (PSD com 37.501), Max Russi (PSB com 35.042), Eduardo Botelho (DEM com 33.788), Guilherme Maluf (PSDB com 29.959), Dilmar Dal’Bosco(DEM com 28.827), Sebastião Rezende (PSC com 25.683), Valdir Barranco (PT com 21.970), Allan Kardec(PDT com 18.629) e Wilson Santos (PSDB com 14.855).
Russi, Barranco e Allan Kardec não integram o grupo que está na mira da Justiça.
Max Russi foi vereador e duas vezes prefeito de Jaciara; disputou a Assembleia e perdeu; foi secretário de Trabalho e Assistência Social, e chefe da Casa Civil em parte do governo Pedro Taques, em curso. Cumpre o primeiro mandato.
Valdir Barranco foi prefeito de Nova Bandeirantes e chefiou o Incra em Mato Grosso; Barranco travou disputa judicial com o então deputado Pery Taborelli (PSC) e passou a ocupar uma cadeira em setembro de 2016.
Allan Kardec foi vereador por Cuiabá; assumiu a cadeira na Assembleia em dezembro de 2016, com a eleição do então deputado Emanuel Pinheiro (MDB) para prefeito de Cuiabá.
Os sete na mira da Justiça
Sebastião Rezende responde a duas acusações por suposto recebimento de mensalinho. O ex-governador Silval Barbosa o delatou ao Ministério Público Federal com homologação pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux. O ex-presidente da Assembleia, José Riva o acusou de receber mensalinho pago por ele; a acusação foi em depoimento à então juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, e agora senadora eleita, Selma Rosane Arruda.
Sobre mensalinho, Nininho sofreu a mesma delação e acusação que atingem Sebastião Rezende. Ele, também é acusado juntamente com outros seis deputados estaduais de envolvimento num esquema que teria desviado mais de R$ 30 milhões do Detran. E no STF Nininho é investigado num inquérito que apura crime de peculato, com a utilização de notas fiscais frias; também são investigados nesse inquérito os deputados estaduais Eduardo Botelho, Wancley Carvalho (PV), Zeca Viana (PDT); o prefeito de Cuiabá e à época deputado estadual Emanuel Pinheiro; e o deputado federal Ezequiel Fonseca (PP), que no período também era deputado estadual.
Nininho é réu na Justiça Federal por suposto pagamento de propina ao ex-governador Silval Barbosa, para ser ‘contemplado‘ com a concessão da rodovia MT-130 de Rondonópolis a Primavera do Leste. A concessão é da empresa Morro da Mesa, da qual o deputado é sócio. Investigado pela Operação Ararath por conta dessa suspeita ele deverá ser julgado em segunda instância pela Justiça Federal.
Dilmar Dal’Bosco é um dos delatados por Silval no tocante ao suposto mensalinho.
Wilson Santos é um dos sete acusados pelo desvio superior a R$ 30 milhões no Detran.
Wilson Santos tem bens bloqueados por suspeita de improbidade administrativa quando prefeito de Cuiabá, período em que sua administração respondeu pelas obras do Rodoanel Norte com recursos do governo federal. A construção não avançou e o Rodoanel está paralisado. A sabedoria popular apelidou o Rodoanel de Roubanel. O bloqueio foi determinado pelo juiz federal em Cuiabá Fábio Henrique de Moraes Fiorenza e atinge outros quatro acusados e duas empresas; o montante bloqueado é até R$ 22,9 milhões.
Wilson Santos também foi relacionado pela Controladoria-Geral da União (CGU) entre os sanguessugas da Máfia das Ambulâncias, que ganhou as manchetes em 2006 e envolveu mais de 70 prefeitos mato-grossenses e boa parte da bancada federal de então.
O juiz Luis Aparecido Bertolucci Júnior, da Vara Especializada de Ação Civil Pública e Ação Popular de Cuiabá, suspendeu os direitos políticos de Wilson Santos por seis anos. Da decisão cabe recurso.
Na mesma sentença Bertolucci condena Wilson a devolver aos cofres da prefeitura de Cuiabá, R$ 6 milhões e ao pagamento de uma multa também de R$ 6 milhões, por improbidade administrativa enquanto prefeito da capital. Segundo o Ministério Público, o então prefeito firmou Termos Especiais de Parceria com empresas para utilização de rotatórias e canteiros para publicidade, mas o fez sem licitação. Nessa manobra, as empresas devolveriam determinados valores ou até mesmo bens ou serviços pela ‘generosidade’ de Wilson Santos.
Guilherme Maluf é citado na delação de Silval e na denúncia de Riva, sobre suposto recebimento de mensalinho. No escândalo na Secretaria de Educação de Mato Grosso (Seduc), que teria resultado num desvio milionário, um dos participantes, Moisés Dias da Silva o assessorava na Assembleia e teria sido deslocado para a Seduc para atuar no esquema que foi desmantelado pela Operação Rêmora, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco). A suspeita levantada pelo Gaeco sobre Moisés Dias, pode ter contribuído para sua demissão da assessoria do deputado.
Eduardo Botelho preside a Assembleia. É um dos sete acusados pelo desvio superior a R$ 30 milhões no Detran e um dos investigados no STF no inquérito que apura desvio de recursos da Assembleia por meio de notas frias.
Janaina Riva é investigada pela Operação Lava Jato por suspeita de lavagem de dinheiro por meio de transações que envolveriam o empresário Valdir Piran e o lobista Lúcio Funaro. Janaína e seu irmão José Geraldo Riva Júnior, são donos da empresa Floresta Viva Exportação de Madeira e Terraplanagem, que seria o pivô das investigações que a envolvem com Piran e Funaro. Segundo Janaína, quem administra a empresa é seu pai, o ex-deputado José Riva, condenados em várias sentenças em primeira instância a dezenas de anos de prisão por diversos crimes de improbidade administrativa.
Os sete negam todas as acusações.
Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes
FOTOS: Assessoria de Comunicação da Assembleia Legislativa