O município de Ipiranga do Norte foi instalado em janeiro de 2005. Sua colonização é um dos capítulos da ocupação do vazio amazônico.
Grandes rodovias trancadas. Agências do Banco do Brasil isoladas por tratores. A Esplanada dos Ministérios tomada por um mar de chapéus, tratores, colheitadeiras e caminhões. A gigantesca manifestação levou o país a refletir sobre a importância da agricultura, do agronegócio e do produtor rural. Era o Grito do Ipiranga. O ano: 2006. A razão? A busca desesperada por uma política agrícola justa e que oferecesse reais garantias jurídicas a quem produz. Aquele movimento nasceu em Ipiranga do Norte, município à época com um ano de instalação.
O Grito levou o nome do município onde surgiu. À sua frente o prefeito e empresário rural Ilberto Effting, o Alemão.
De Ipiranga do Norte o movimento espalhou-se pelos estados produtores e figuras do meio político e sindical usurparam a liderança de Alemão deixando-o em plano secundário.
A cidade é plana, parcialmente pavimentada, com amplas avenidas, belas residências, recolhe o lixo, mas não trata o esgoto. Seus principais eventos festivos são realizados no Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Herança Nativa. De acordo com o calendário agrícola ora a soja ora o milho safrinha a abraçam. O município, instalado em 1º de janeiro de 2005, tem 3.467,051 km² e figura no time dos 11 maiores produtores de soja em Mato Grosso.
Com 7.171 residentes em 2017 sua densidade demográfica é de 1,47 habitante por quilômetro quadrado. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,727.
O Produto Interno Bruto (PIB) é de R$ 500.860.000 e a renda per capita é de R$ 78.912,83. Mesmo com grande produção agrícola Ipiranga do Norte ainda não entrou no mercado internacional.
O município banhado pelo Teles Pires e seu afluente rio Verde, emancipou-se de Tapurah em 29 de março de 2000 por uma lei de autoria do deputado José Riva, aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo governador Dante de Oliveira.
Ipiranga do Norte pertence à comarca de entrância especial de Sorriso. Pela Rodovia Geraldo Francisco Cella (MT-242) a cidade é interligada à BR-163 na zona urbana de Sorriso distante 80 quilômetros. A MT-242 é pavimentada e pedagiada. Ipiranga do Norte e Itanhangá são os dois municípios mais novos de Mato Grosso.
MEMÓRIA – Ipiranga do Norte nasceu da reforma agrária. Começou em 1990 com o embrião do Projeto de Assentamento Ipiranga, na fazenda do mesmo nome, em Tapurah. Os parceleiros em sua maioria eram oriundos de vários estados e em acampamentos aguardavam a distribuição de lotes pelo Incra; parte deles acampou-se em Nobres.
A vila que mais tarde seria a cidade foi inaugurada pelo Incra em 15 de março de 1995 numa área de 200 hectares e sua população predominantemente era formada por parceleiros.
Em maio de 2007 seu primeiro prefeito Ilberto Effting, o Alemão, foi afastado do cargo por decisão da Câmara Municipal e do Tribunal de Contas do Estado (TCE). O vice-prefeito Orlei José Grasselli, o Graxa – ex-parceleiro – assumiu a prefeitura. Um ano e três meses depois a Justiça devolveu o mandato a Alemão, mas ele permaneceu pouco tempo no cargo. Debilitado e emocionalmente ferido pela condenação, à qual não teve direito de defesa – como atesta sua absolvição judicial – em 5 de setembro de 2008 sofreu um infarto em seu gabinete; foi atendido na emergência em seu município e removido para o Hospital Regional de Sorriso, mas não resistiu. Alemão fechou os olhos para sempre. Levou a marca da injustiça que o fulminou. Deixou a chama da luta dos produtores rurais por seus direitos.
EDUARDO GOMES extraído de seu livro ”NORTÃO BR-163: 46 ANOS DEPOIS”
Fotos: 1 EDUARDO GOMES
2 e 3 – ARQUIVO