Em meio aos atuais escândalos, embolado no noticiário com os possíveis malfeitos de Alan Malouf, Permínio Pinto, Pedro Nadaf, Éder Morais, Blairo Maggi, Paulo Taques e coronel Lesco, talvez muitos não percebam quem é Bosaipo e o que representou na política de MT. Nossa memória histórica é curta e, talvez por isso, vivamos repetindo nossos erros e nosso desespero.
Parceiro de Geraldo Riva, no início dos anos 2000, o jornalista Bosaipo, que já foi deputado estadual e conselheiro do Tribunal de Contas, vejam só, chegou a ser um dos grandes da política partidária deste Estado. Contam que fez o que também fiz durante 19 anos, assessorando políticos, até se decidir, ele mesmo, por um mergulho na representação política.
Vejam que, como presidente da Assembleia Legislativa, Bosaipo chegou a sentar na cadeira de governador, tal e qual acontece agora com o deputado Botelho. Foram, também, dois ou três dias de poder, mas que serviram para Bosaipo justificar, mais adiante, com as facilidades que a legislação oferecia, uma aposentadoria especial como governador, que depois viria a ser cassada em ação do Ministério Público.
Bosaipo sentou alguns dias na cadeira, e sonhou mesmo em ser governador, colocando, como se conta, toda a estrutura da Assembleia a serviço dessa sua gulodice política. Não deu em nada, mas ele esteve perto do poder.
O fato é que a prática de Bosaipo como gestor acabou por comprometer toda sua vida política e pessoal. Há poucos dias, a juíza Selma Arruda bateu o martelo, condenando Bosaipo, em 1ª instância, como resultado, segundo ela, da ganância que teria demonstrado no exercício do poder. Segundo a magistrada, Bosaipo se perdeu pela ganância, alimentada durante a parceria com Riva, hoje um corrupto confesso – ao contrário de Bosaipo que nunca deu com a língua nos dentes. Dizem que preferiu se converter em evangélico e se confessar diretamente com Jesus Cristo.
Condenado pela Selma, Bosaipo deve gastar os últimos anos nesse embate na Justiça, para se livrar da prisão, já que politicamente representa só um triste retrato na parede. O que vai fazer de sua vida não preocupa muita gente e, dessa forma, sua história segue mal contada. O que é uma forma de dizer que a própria História de MT e de suas lideranças continua a reclamar quem a documente com maior fôlego do que eu.
Enock Cavalcanti, jornalista e blogueiro, é editor de Cultura do Diário de Cuiabá