Política também é a arte da composição. O senador republicano Wellington Fagundes é pré-candidato ao governo liderando uma frente oposicionista que entre outras siglas tem o MDB e o PTB. Ontem, em Cuiabá, o senador pelo Paraná e presidenciável Álvaro Dias (PODE) botou as cartas na mesa para que seu partido apoie o colega mato-grossense: quer uma das vagas de candidaturas ao Senado para José Medeiros, seu colega de bancada e correligionário.
A proposta de Álvaro Dias é a ratificação do posicionamento do PODE regional. Os dois partidos discutirão a questão na próxima segunda-feira, num encontro em Cuiabá, que será ampliado com a participação de outras siglas de frente de oposição.
Wellington vê com simpatia o nome de José Medeiros, mas não caberá a ele bater o martelo, porque na frente que lidera foram colocados à apreciação os nomes do ex-vice-governador Carlos Fávaro (PSD), da empresária Margareth Buzetti (PTB) e da ex-reitora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Maria Lúcia (PCdoB).
A questão dos nomes ao Senado terá que ser conduzida com paciência, pondera uma fonte do PSD, que defende Fávaro, observando que até mesmo a composição partidária da frente ainda não está definida e que ainda poderá receber outras siglas.
Uma coligação com dois dos três cabeças de chapa sendo da mesma cidade pode sofrer desgaste por questões regionais. Wellington e José Medeiros são de Rondonópolis. Considerando-se os nomes até agora em cogitação, Maria Lúcia e Margareth Buzetti são de Cuiabá, e Carlos Fávaro, de Lucas do Rio Verde.
Enquanto costura nomes ao Senado e guarda a sete chaves a composição de sua chapa do governo, Wellington divide o tempo entre o plenário no Senado e viagens por Mato Grosso. Sua fala a jornalistas sobre essa questão aconteceu numa coletiva da Federação da Agricultura e Pecuária (Famato). No mesmo local, mas em outro recinto, Álvaro Dias tratou de temas nacionais, de assuntos do interesse mato-grossense e falou sobre o projeto do PODE para as eleições em Mato Grosso.
Após a fala com os jornalistas Álvaro Dias, Wellington e José Medeiros se reuniram a portas fechadas numa sala da diretoria da Famato, com o presidente anfitrião, Normando Corral; o empresário Jorge Pires de Miranda, presidente do Sindicato Rural de Cuiabá; e lideranças ruralistas de vários municípios, que apresentaram uma pauta de reivindicações do setor ao presidenciável.
PRESIDENCIÁVEL – O pré-candidato a presidente da República, senador Álvaro Dias, afirmou que Mato Grosso precisa ser colocado como prioridade, pois é Estado celeiro do país. Por isso, disse ter vido a Cuiabá, para ouvir e apresentar as propostas ao agronegócio. “Lançando semente que deverá germinar e produzir bons frutos, contamos muitos com esse solo fértil que é Mato Grosso”, disse o parlamentar, durante coletiva, na Famato.
Álvaro Dias disse que as propostas ao agro precisam ser uma política de Estado e não de governo. Fala em superar as dificuldades em logística, bem como a falta de armazenamento das colheitas. Acredita ainda que a política tributária, com taxas de juros elevadas “esmaga” o setor produtivo do país.
Diante disso, o senador pontua que pretende reduzir as taxas de juros, criando o seguro agrícola porque o governo não terá que subsidiar taxas de juros. “Temos que olhar o campo com a importância que tem e a força motora do nosso desenvolvimento”, disse.
O pré-candidato, que é agricultor, critica o fato de pessoas que governam o país só “conhecerem o feijão na mesa, na hora da refeição” e nunca terem colocado os pés descalços no chão barrento. Lembra que enquanto governador do Paraná criou o programa Paraná Rural, com intuito de fomentar o campo.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
FOTO: Dinalte Miranda