Aroldo Marmo, 37 anos depois do seu adeus

Cinco pessoas a bordo. Pesado, o avião decola na curta pista no município de Paranatinga. O comandante Tinoco fez o que estava ao alcance, mas tocou numa cerca na cabeceira. A aeronave caiu. Explodiu. O piloto e dois passageiros morreram. O calendário estampava a sexta-feira, 19 de setembro de 1980. Naquela data fatídica Aroldo Marmo de Souza entrou para a história.

No final dos anos 1960 e começo da década seguinte Rondonópolis parava para ouvir e se informar com o “Homem do Plá”, na Rádio Branife AM. Aroldo era esse personagem titular de um programa jornalístico que tinha audiência absoluta na cidade e região.

O microfone tornou Aroldo conhecido e o arrastou ao mundo político. Jornalista formado pela Universidade Casper Líbero, de São Paulo – capital, onde nasceu – seu encontro com Rondonópolis não foi casual. Em 1968 chegou à cidade que o adotou e foi por ele adotada para assumir a gerência-geral da Branife – emissora que ganhou esse nome porque seu dono, certa feita, voou para os Estados Unidos num avião da Braniff e gostou da companhia aérea.

Dinâmico, com invejável capacidade de raciocínio, boa voz e excelente oratória, Aroldo passou a acumular o escritório da gerência com o estúdio.

O ano de 1970 marcou a vida de Aroldo. Casou-se com a professora Maria Janice Logrado, que incorporou o sobrenome “Souza” e fundou aquele que se tornaria um dos mais importantes jornais do Centro-Oeste, o “A Tribuna”, que também é um dos mais antigos diários em circulação nessa região.

Aroldo e Janice mal desceram do altar e mergulharam no sonho de transformar o embrionário A Tribuna no referencial da Comunicação em Rondonópolis.

Em 1972, Aroldo candidatou-se a vereador por Rondonópolis, pela Aliança Renovadora Nacional (Arena), recebendo 2.337 votos. Proporcionalmente foi o mais votado do Brasil naquele pleito e somente em 1996 – 24 anos depois – esse quantitativo de votos foi superado por uma candidatura ao mesmo cargo naquele município. Desencantado com a política, renunciou.

Circulando ininterruptamente desde 7 de junho de 1970, A Tribuna alcançou um patamar maior do que aquele sonhado por Aroldo e Janice quando de sua fundação: virou patrimônio de Rondonópolis e do povo rondonopolitano incorporando-se de tal modo à cidade, que se funde e se confunde com ela. Desde o adeus do fundador, A Tribuna é dirigida por Janice e seu irmão e sócio Samuel Logrado – ele, além de jornalista é engenheiro civil.

Rondonópolis reverencia a memória do fundador do Jornal A Tribuna. Anualmente a Câmara Municipal outorga a “Medalha Aroldo Marmo de Souza” aos comunicadores que se destacam na divulgação e que prestam relevantes serviços ao município.

O Rotary Club Rondonópolis Leste também reverencia Aroldo – que pertenceu aos quadros dos associados do Rotary Club Rondonópolis – e concede o “Troféu Aroldo Marmo de Souza” aos seus membros com 100% de presença anual.

No âmbito familiar Aroldo deixou a viúva Janice e os filhos do casal: Margareth, Aroldo Júnior e Elizabeth. No horizonte de Rondonópolis seu legado é uma página de ousadia, coragem, luta, determinação e competência que se renova todas as manhãs, em cores, nas páginas do jornal que é porta-voz do povo da cidade que com seu nome reverencia o Patrono das Comunicações do Brasil.

PS: O acidente aéreo em Paranatinga, que custou a vida de Aroldo, também levou o comandante Odilon Tinoco e o produtor rural e fiscal da Secretaria de Estado de Fazenda, Luziano Borges Muniz. O comerciante Zildo Rodrigues Machado e o médico-veterinário Ivo Ferreira Mendes sofreram queimaduras, mas sobreviveram; Ivo morreu posteriormente, de causas naturais.

Quando de sua fundação o Jornal A Tribuna chamava-se “Tribuna do Leste”. Em 1978, após a divisão territorial para a criação de Mato Grosso do Sul, ganhou a atual denominação.

 

Da REDAÇÃO