Todos no mesmo barco e denunciados pelo Ministério Público (MP) por associação criminosa, peculato e destruição de documentos públicos. Quem são eles? Eduardo Botelho, José Riva, Zeca Viana, Wancley de Carvalho, Nininho e Emanuel Pinheiro. Além deles, oito figuras do baixo clero também foram denunciadas por supostamente terem participado de um esquema com eles. O que fizeram? Da Assembleia Legislativa receberam verba indenizatória (VI) irregularmente – com comprovação de despesas feitas por meio de notas fiscais frias – num montante de R$ 600 mil, entre 2012 e 2015, segundo o MP. Mais alguma coisa? Quando o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) passou a investiga-los por esses supostos crimes, a documentação que fundamentava a emissão de notas fiscais para pagamento de VI tomou Doril e não foi encontrada na Assembleia, onde deveria estar.
Personagens da VI irregular
Botelho (DEM) é o presidente da Assembleia.
Riva durante 20 anos controlou a Assembleia com mão de ferro revezando em sua presidência e primeira secretaria. Alcançado pela lei Ficha Limpa o ex-deputado foi impedido de disputar eleição em 2014 e depois sofreu condenações em primeira instância por improbidade administrativa.
Zeca (PDT) foi deputado no período investigado, tentou a reeleição em 2018, mas ficou pelo caminho.
Wancley (PV) foi parlamentar na legislatura de 2015 a 2018. Por razões de saúde o ex-deputado não disputou mandato em outubro do ano passado.
Nininho (PSD) esteve (continua lá, pois foi reeleito) na Assembleia durante o período em que os pagamentos foram feitos.
Emanuel (MDB) foi deputado estadual em parte do período investigado: no final de 2016 renunciou para assumir a prefeitura de Cuiabá, para a qual foi eleito prefeito.
O deputado Walter Rabello faleceu no final de 2014, mas entre 2011 e sua morte, teria participado do recebimento irregular de VI. O Gaeco descobriu 27 notas fiscais frias no montante de R$ 192.756,70 que teriam permitido que ele recebesse tal importância.
Acusações
Segundo o Ministério Público, por meio de 89 notas fiscais frias, os deputados (alguns agora, ex-deputados) teriam movimentado as seguintes cifras:
Botelho, com cobertura de uma nota fiscal fria, R$ 7.143.
Wancley, com duas notas fiscais frias, R$ 11.252.
Riva, com oito notas fiscais frias, R$ 56.200,10
Emanuel, com 13 notas fiscais frias, R$ 91.740,69.
Nininho, com 16 notas fiscais frias, R$ 93.590,35.
Zeca Viana, com 23 notas fiscais frias, R$ 149.545.
A denúncia feita pelo MP foi divulgada na noite desta terça-feira, 26 e blogdoeduardogomes não conseguiu ouvir os denunciados, mas na fase inicial das investigações pelo Gaeco todos juraram inocência.
Arraia-miúda
Oito servidores da Assembleia ligados ao denunciados também estão na mira do Gaeco. Três são figuras conhecidas em Mato Grosso.
A advogada Renata Viana é sobrinha de Zeca Viana, coordenava o PDT e o gabinete do tio; em 2018 Renata candidatou-se a deputada federal, sem sucesso.
Geraldo Lauro foi uma das figuras mais próximas de Riva na Assembleia. Seu nome aparece em outras investigações sobre o ex-deputado.
Tschales Franciel Tschá foi o braço direito de Nininho na Assembleia, quando o deputado participou da mesa diretora enquanto primeiro-secretário (2015/16).
Os demais denunciados: Carmilo Rosa de Melo, Ricardo Adriene de Oliveira, Vinícius Prado Silveira, Ivone de Souza e HIlton Carlos da Costa Campos.
Os oito ligados aos principais denunciados não foram localizados por blogdoeduardogomes.
Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 A 5 – Arquivo Assembleia Legislativa
6 – Sobre imagem da TV Globo