Brasil à deriva ou não?

Encontro do Brasil com o Brasil. Assim será o dia 24 deste janeiro, data em que a 8ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, em Porto Alegre, julgará o recurso da defesa de Lula da Silva, condenado em julho de 2017, a 9 anos e 6 meses de prisão, pelo juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Ainda sobre o TRF, o julgamento será conduzido pelo relator da Lava-Jato na segunda instância, desembargador João Pedro Gebran Neto, e por seus pares, Victor Luiz dos Santos Laus e Leandro Paulsen.

Acrescentar mais sobre o julgamento seria o mesmo que fugir do tema deste editorial. Porém, pra que não paire dúvida, o ex-presidente foi condenado no rumoroso escândalo do tríplex no Guarujá. E, caso a condenação não caia, Lula estará inelegível para a disputa presidencial deste ano, pois será alcançado pela Lei Ficha Limpa – aquela da condenação colegiada que expurga da vida pública, por bom tempo, o condenado.

O caso Lula no TRF em Porto Alegre expõe feridas que o jeitinho brasileiro teima em manter sob o tapete. Figuras que defendem a luta de classes pela criação de um Estado totalitário de esquerda saem da sombra, invadem as redes sociais, ocupam as mesas de bares, promovem reuniões e fazem das tripas coração pela absolvição do ex-presidente, sob pena de uma reação sanguinária.

O Brasil presencia os rumores sobre a reação caso Lula se torne inelegível. Como conter isso? Que tipo de ação o Estado está disposto a empreender caso se faça necessário o emprego de força? A população bate cabeça e não é capaz de entender o que poderá acontecer.

Lula em sua imagem quase cotidiana

Os falastrões em defesa da elegibilidade de Lula saíram na frente no confronto com o Estado de Direito. Se o ex-presidente for absolvido dirão que pressionaram o Judiciário. Em caso contrário, cuspirão fogo e marimbondos e o que ocorrerá, nem Deus sabe nesse momento.

O caso Lula chegou ao ponto onde se encontra, pela morosidade e fragilidade da legislação processual brasileira. O ex-presidente chefiou o governo mais corrupto da história política desse país secularmente corroído por políticos. Ministros, diretores de estatais e seu partido, o PT, surrupiaram os cofres públicos. Parte da dinheirama saqueada foi devolvida pelos gatunos graças a Lava Jato. Réus confessos, provas cabais, evidencias, sinais exteriores de riqueza, comprovação internacional com a ajuda de órgãos de outros países etc. Tudo isso deixa claro que o governo Lula foi caracterizado pela bandalheira. Quem estava à frente do poder – Lula – não sabe de nada, nada viu nem notou. No poder, ônus e bônus são irmão siameses. Não seria preciso esperar muito para julgar o verdadeiro chefe do esquema da ladroagem. No caso Lava Jato bastaria os primeiros passos do Ministério Público Federal, para que Lula virasse réu, fosse condenado com amplo direito de defesa e imediatamente passasse a conviver do lado interno dos muros penitenciários.

O que será julgado não será o Lula que idealizou e realizou programas sociais. O réu também não responderá pela chefia do esquema que é uma das mais vergonhosas páginas nos meios políticos mundiais. Sob as togas da 8ª  Turma do TRF gaúcho, apenas a velhacaria sobre o tríplex do Guarujá.

Nossas Forças Armadas parecem menino pego em travessura. Estão encolhidas, na caserna, com o olhar-coruja sobre a realidade. Essa postura tem que mudar, antes que a insanidade revolucionária bote fogo nesse belo país. Que no dia 24 os militares cumpram seu dever constitucional em Porto Alegre ou em qualquer outro lugar onde surgir a labareda que as viúvas do comunismo soviético teimam em manter no peito.

O Brasil nunca será menor pela insensatez dos que defendem o chefe do esquema criminoso que solapou os cofres públicos. Porém, se as Forças Armadas não usarem ao máximo sua capacidade militar contra tais figuras certamente seremos um grande país com Forças Armadas menores em todos os sentidos.

O Brasil precisa se encontrar com o Brasil. O dia 24 é a data indicada para isso. Tenhamos paciência. Falta pouco para sabermos se estamos à deriva ou não.

 

Eduardo Gomes de Andrade
Editor

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