Bruna Paes a menina que Rondonópolis amava

Eduardo Gomes

@andradeeduardogomes 

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Com leveza e sincronia de movimentos. Bruna Paes com a raquete era a imagem do tênis. Uma bela imagem desde garotinha, quando aos nove anos, puxada pelo treinador do Caiçara Tênis Clube, de Rondonópolis, José Arnoldo Cavalcante Vilaça, o Tatinho, descobriu que seu universo era uma quadra que tanto podia ser de saibro ou dura.

Assim era Bruna Paes, a menina amada por Rondonópolis, e que a todos encantava com a mística de seu sorriso, o brilho do olhar e um quê de autoafirmação, como se repetisse incessantemente: dentro e fora das quadras sou a mesma vencedora até quando o resultado teima em não aparecer.

Naquele mundo de esporte, encantamento e magia, Bruna Paes foi a número 1 do tênis brasileiro aos 10, 12, 14 e 16 anos. Aos 14 e 16 anos ficou entre as três melhores da América do Sul.

Em 2005, pelo Circuito Mundial da International Tennis Federation (ITF), Bruna Paes alcançou sua melhor posição no ranking, com o 237º lugar.

Nas quadras, em competições nacionais e internacionais, Bruna Paes divulgou Mato Grosso pelo Brasil afora, na América do Sul e nos quatro cantos do mundo.

Aos 18 anos Bruna Paes tinha em mãos convites de 11 universidades do exterior para jogar tênis e estudar. Ela optou pela California State University, em Fresno, na Califórnia, onde fez o curso de International Business.

Durante quatro anos, com um olho nas quadras e outro nos estudos, a tenista rondonopolitana integrou a seleção da California State University, que ficou entre os 15 melhores times dos Estados Unidos na divisão mais forte da liga universitária daquele país.

Com o diploma debaixo do braço voltou para o Brasil e logo em seguida encerrou a carreira de tenista.

Na noite do domingo, 21 de agosto de 2016, Bruna Paes seguia de Cuiabá, onde trabalhava, para Rondonópolis, onde passaria férias com a família. Viajava no banco traseiro de seu automóvel, pela rodovia BR 163/364. Por volta de 20h40, quando trafegava no Km 267, no município de São Pedro da Cipa, seu veículo foi atingido por um caminhão canavieiro, que procedente de uma estrada vicinal entrou na rodovia e tentou fazer uma conversão rumo à Jaciara, no sentido oposto ao qual Bruna Paes seguia. Houve um choque entre os dois carros, e o dela ficou prensado nas ferragens da carroceria canavieira.

O motorista que dirigia o carro de Bruna Paes e o caminhoneiro Hyugner Talles de Oliveira Bereta, da Usina Porto Seguro, saíram ilesos.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) a encaminhou ao Hospital Municipal de Jaciara, próximo ao local do acidente, mas a menina amada por Rondonópolis perdeu a luta pela vida.

Beretta e a Usina Porto Seguro foram condenados pelo juiz da 4ª Vara Cível de Rondonópolis, Renan Carlos Leão Pereira do Nascimento, ao pagamento de uma indenização por danos morais aos pais e a uma irmã de Bruna Paes.

Rondonópolis, que tanto comemorava as vitórias de Bruna Paes, consternada, vestiu-se de luto. Seu corpo foi sepultado no Cemitério de Vila Aurora, em Rondonópolis.

ELA – A tenista Bruna Mendes de Paes nasceu em Rondonópolis no dia 8 de janeiro de 1987.

Era filha de Daniel Costa Paes, empresário do ramo automobilístico, e da diretora pedagógica e administrativa da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), Karla Paes.

Reverenciando a memória de Bruna Paes, o Caiçara Tênis Clube, onde sua carreira começou, deu seu nome ao conjunto de quadras em sua sede. No mesmo clube acontece uma das etapas do Circuito Mato-grossense de Tênis, que recebeu o nome de Bruna Paes Open de Tênis.

Infografia: Marco Antônio Raimundo

Fotografia: FMTT

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