Mato Grosso rezou pela cartilha do presidente Michel Temer e somente Ságuas Moraes (PT) votou pela admissibilidade da denúncia contra ele e dois ministros. A oposição não conseguiu dois terços necessários para o afastamento do presidente, pois os governistas cravaram 251 votos engrossados com 25 ausências e duas abstenções e a base aliada foi bem além dos 172 votos que garantiriam Temer no cargo. Em resumo: 251 para Temer, 233 contrários, 25 ausências e 2 abstenções. O presidente Rodrigo Maia (DEM/RJ) não tem direito a voto.
Os deputados que votaram com Temer na verdade referendaram o relatório de Bonifácio de Andrada (PSDB/MG) na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que o acolheu e sugeriu ao plenário que o aprovassem.
Com Temer votaram os deputados mato-grossenses Carlos Bezerra (Foto 2) e Rogério Silva (ambos do PMDB), Adilton Sachetti e Fábio Garcia (os dois sem partido), Victorio Galli (PSC), Ezequiel Fonseca (PP) e Nilson Leitão (PSDB), Ságuas votou contra Temer. Rogério Silva é suplente e ocupa da cadeira de Valtenir Pereira (PSB), dentro do chamado rodízio parlamentar pago pelo contribuinte.
Com o arquivamento – o segundo – Temer respira e somente passará a responder pelas acusações de obstrução de justiça e organização criminosa, que a Procuradoria Geral da República (PGR) lhe faz, após o término de seu mandato em 31 de dezembro do próximo ano. Na mesma ação, mas sem a inclusão de obstrução de justiça, os ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) também são acusado.
MEMÓRIA – Após a divisão territorial que criou Mato Grosso do Sul, os deputados federais mato-grossenses participaram de três momentos históricos da democracia nacional; os senadores, de um.
Os deputados mato-grossenses participaram de três votações relacionadas à Presidência da República.
Em 1984 a emenda de Dante de Oliveira (PMDB) que pedia eleição direta para presidente dividiu a bancada de seu Estado com quatro votos favoráveis e outro tanto contrário.
Em 1992, por sete a um os parlamentares de Mato Grosso pediram a cabeça do presidente Fernando Collor de Mello.
Em 2016, seis dos oitos votos foram pela admissibilidade do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Dante foi autor da emenda que pedia eleição direta para presidente. Essa proposta mobilizou o Brasil arrastando milhões às ruas para grandes comícios nas principais cidades.
Levada à votação em 25 de abril de 1984 os deputados a barraram, pois a mesma não alcançou os dois terços ou no mínimo 320 votos necessários à aprovação.
A emenda recebeu 298 votos, 65 foram contrários e 113 não compareceram ao plenário. Quatro mato-grossenses defenderam a volta da eleição direta, três não votaram e um defendeu a continuidade da escolha indireta do presidente.
A bancada mato-grossense do PMDB composta por Dante, Gilson de Barros, Milton Figueiredo e Márcio Lacerda fechou questão com a eleição direta. Bento Porto, Jonas Pinheiro e Ladislau Cristino Cortês (Lalau), do PDS não compareceram à votação para dificultar o quórum, o que golpeava a emenda; Maçao Tadano (PDS) votou contra a proposta de Dante.
COLLOR – O ano de 1992 foi um teste para a redemocratização conseguida em 1985. Em 29 de setembro a Câmara votou pelo impeachment de Collor pedido pelo presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Barbosa Lima Sobrinho, e pelo jurista Marcelo Lavenère.
Por 411 votos favoráveis, 38 contrários, 23 ausências e a abstenção de Gastone Righi (PTB/SP) os deputados empurraram Collor para a guilhotina no Senado, mas ele renunciou antes da decisão dos senadores.
Sete dos oito parlamentares mato-grossenses votaram pela degola: Augustinho Freitas, Rodrigues Palma e Joaquim Sucena (todos do PTB); Jonas Pinheiro (PFL); e Tampinha, Wilmar Peres e Wellington Fagundes (todos do PL). João Teixeira (PL) tinha compromisso com Collor e não compareceu ao plenário.
O vice-presidente Itamar Franco concluiu o mandato e criou o Plano Real.
Em 31 de agosto de 2016 numa sessão presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, por 61 votos favoráveis e 20 contrários o Senado aprovou o pedido de impeachment da presidente e o vice Michel Temer assumiu o poder.
Os três senadores mato-grossenses Wellington Fagundes e Cidinho Santos (ambos do PR) e José Medeiros (PPS) ficaram com a maioria.
DETALHES – O suplente José Augusto Silva Curvo, o Tampinha, participou de ambas as votações de pedidos de impeachment. Da primeira vez substituindo Oscar Travassos, que se encontrava licenciado para ocupar o cargo de secretário de Segurança Pública no governo de Jayme Campos. Da segunda, na cadeira de Ezequiel Fonseca (PP), que fazia o chamado rodízio parlamentar.
Seis dos 22 parlamentares que participaram na Câmara, das votações anteriores a dessa quarta-feira, morreram: Milton Figueiredo, Bento Porto, Gilson de Barros, Dante, Jonas Pinheiro e Lalau.
Oito foram prefeitos: Dante e Palma, em Cuiabá; Augustinho Freitas, em Pedra Preta; Ságuas Moraes, em Juína; Nilson Leitão, em Sinop; Wilmar, em Barra do Garças; e Bezerra e Adilton Sachetti, em Rondonópolis. Três foram governadores: Wilmar, Bezerra e Dante.
Quatro chegaram ao Senado: Márcio Lacerda, Bezerra, Jonas Pinheiro e Wellington – que cumpre mandato. Rodrigues Palma é segundo suplente do senador Blairo Maggi (PP), que está licenciado para exercer o cargo de ministro da Agricultura; o primeiro suplente de Blairo, Cidinho Santos, ocupa sua cadeira.
Dos titulares ausentes nas votações, o senador licenciado e ministro da Agricultura Blairo foi governador em dois mandatos consecutivos; Ezequiel foi prefeito de Reserva do Cabaçal em dois mandatos consecutivos.
Cidinho Santos, que votou pelo impeachment de Dilma, foi prefeito de Nova Marilândia em três mandatos.
EDUARDO GOMES/blogdoeduardogomes
FOTOS 1 – Wilton Júnior/AE
2 e 3 – Arquivo