Candidatos ao Senado ensaiam casamentos políticos com prefeitos

Eleição para prefeito, sim, mas a data somente Deus sabe. O que se tem conhecimento é que com ou sem pandemia a votação acontece dentro dos mandatos em curso, que terminam em 31 de dezembro, conforme quer o Tribunal Superior Eleitoral. Neste ano, em Mato Grosso, além da escolha de prefeito, vice e vereadores, os 2.207.635 eleitores ainda votarão para uma cadeira no Senado, no pleito suplementar que será paralelo à disputa municipal. O casamento do voto ao Senado com o prefeito terá muito peso. Nas 15 maiores cidades, que reúnem 1.251.319 (56,6%) eleitores oito prefeitos podem disputar novo mandato. Longe do olhar da população,candidatos ao Senado costuram dobradinhas que defendam os seus e os interesses do aliados municipais ou o que se chama de casamento político.

 

Em ordem decrescente, os 15 maiores eleitorados se concentram em: Cuiabá (377.965), Várzea Grande (160.289), Rondonópolis (155.677), Sinop (98.029), Tangará da Serra (59.279), Cáceres (55.890), Sorriso (55.561),  Lucas do Rio Verde (46.114), Primavera do Leste (45.341), Barra do Garças (39.726), Alta Floresta (36.010), Juína (31.921), Pontes e Lacerda (30.471), Campo Verde (29.788) e Nova Mutum (29.258).

No grupo dos 15 maiores municípios, oito prefeitos podem concorrer à reeleição: Emanuel Pinheiro/MDB (Cuiabá), Zé Carlos do Pátio/SD (Rondonópolis), Rosana Martinelli/PL (Sinop), Ari Lafin/PSDB (Sorriso), Luiz Binotti/PSD (Lucas do Rio Verde), Leonardo Bortolin/MDB (Primavera do Leste), Altir Peruzzo/PT (Juína) e Alcindo Barcelos/PRB  (Pontes e Lacerda). São inelegíveis: Lucimar Campos/DEM (Várzea Grande), Fábio Junqueira/MDB (Tangará da Serra), Francis Maris/PSDB (Cáceres), Roberto Farias/MDB (Barra do Garças), Asiel Bezerra/MDB (Alta Floresta), Fábio Schroeter/PSB (Campo Verde) e Adriano Pivetta/PDT (Nova Mutum).

Troca de apoio, com uma ou outra exceção é o toma lá da cá, o que deixa boa parte das alianças em aberto para serem formadas após os compromissos ao fio do bigode ou entre quatro paredes sem direito a testemunha ou gravação. Mesmo assim, por laços de consanguinidade, composições locais e afinidade partidária, alguns prefeitos candidatos ou não à reeleição, já definiram seus nomes ao Senado;

Emanuel Pinheiro, em nome da cuiabania apoiará o democrata Júlio Campos ao Senado. Lucimar Campos também subirá ao palanque de Júlio, que é seu cunhado e correligionário. Roberto Faria literalmente é Júlio desde criancinha; seu pai, Wilmar Peres, foi vice-governador de Júlio, e sua mãe, Cândida Farias (MDB) é segunda suplente do senador Jayme Campos (DEM), que por sua vez é irmão de Júlio.

Rosana Martinelli apoiará o tucano Nilson Leitão ao Senado. Leitão foi prefeito de Sinop e tem presença política no município. Dependendo do andar da carruagem Rosana encabeçará uma chapa feminina tendo Renata Leitão (PSDB), mulher de Leitão, enquanto vice. Francis Maris é entusiasta da candidatura de Leitão.

Luiz Binotti pertence ao grupo liderado pelo senador, seu correligionário e morador em Lucas, Carlos Fávaro, que ora exerce mandato biônico, mas quer se efetivar na cadeira que foi da cassada senadora Selma Arruda (Podemos).

Adriano Pivetta é irmão do vice-governador e candidato ao Senado Otaviano Pivetta (PDT); dispensável dizer qual será seu nome ao Senado.

Altir Peruzzo é petista de carteirinha e não poderia deixar de apoiar seu correligionário – companheiro, como eles dizem – Valdir Barranco, deputado estadual e candidato ao Senado.

Ari Lafin é tão tucano quanto seu vizinho de município, Leitão, e o apoiará.

Analistas acreditam que Alcindo Barcelos apoiará Otaviano Pivetta. Quanto aos demais, somente o tempo dirá – quer dizer, os entendimentos dirão.

 

Reeleição, sim

 

Emanuel na cena do paletó

Todos os elegíveis deverão concorrer, até mesmo Emanuel Pinheiro, que ganha blindagem com a pandemia do coronavírus, pois desvia as atenções do eleitorado pra bem longe da imagem deixada pelo vídeo da TV Globo, que o exibiu recebendo dinheirama de Sílvio Corrêa, então chefe de gabinete do à época governador Silval Barbosa. Esse episódio, que lhe tendeu o apelido de Paletó – um pacote de dinheiro caiu do bolso do paletó – aconteceu quando o prefeito de Cuiabá exercia mandato de deputado estadual. Em delação premiada ao Ministério Público Federal com homologação pelo Supremo Tribunal Federal, Silval sustentou que se tratava de pagamento de propina. Em cenas semelhantes, a TV também exibiu os deputados e ex-deputados Airton Português, Ezequiel Fonseca, Alexandre Cesar, José Domingos Fraga Filho, Hermínio Barreto e Luciane Bezerra embolsando maços de notas de reais.

Redação blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 – Meramente ilustrativa

2 – Sobre imagem da TV Globo

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