Candidaturas de policiais minam a Segurança Pública

Eduardo Gomes

@ andradeeduardogomes

eduardogomes.ega@gmail.com

Desde que Jair Bolsonaro anunciou que disputaria a Presidência em 2018, houve uma corrida de policiais militares às candidaturas Brasil afora. Todo cidadão tem direito de concorrer a pleito eletivo, desde que satisfaça às exigências da legislação eleitoral. Porém, é imperativa a criação de uma regra que impeça o militar e o policial da ativa disputar eleição. A quantidade de candidatos mato-grossenses saídos dos quartéis e das delegacias é preocupante.

Citando Cuiabá para exemplificar, 13 candidatos que pediram registro usando o nome de Sargento Tal, um subtenente, um tenente-coronel, um coronel e um policial federal, além da candidata a vice-prefeita pelo PL, tenente-coronel Vânia Garcia Rosa. O número é ainda maior, pois alguns nao utilizam o posto, patente ou cargo na Polícia Civil, para se identificar. Este cenário multiplica-se nos demais municípios, a exemplo de Barra do Garças, onde o delegado da Polícia Civil Adilson Gonçalves (União) tenta a reeleição para prefeito.

Importante é observar que eleição após eleição alguns policiais militares estão no palanque atrás de votos, não se deixando esmorecer pelas derrotas. Como procede um policial militar que disputou votos ontem e os quer hoje? Numa blitz, qual será a conduta do mesmo se na fila para abordagem estiver um eleitor seu?

Candidatura de policial, sim, mas é preciso que sejam estabelecidas regras para tanto. Nenhum oficial, praça, policial rodoviário federal, policial federal, policial civil, bombeiro militar e militar das três Forças Armadas poderia concorrer estando na ativa, e após deixá-la deveria cumprir uma quarentena. Esta regra, ainda utópica, deveria ser aplicada a todos os membros e servidores do Judiciário e Ministério Público.

Uma boa forma de demonstrar a insatisfação popular contra esta prática que esvazia quartéis, partidariza as forças militares e policiais pode ser dada pelo voto, pelo bem da democracia e o fortalecimento da Segurança Pública que está fragilizada em suas entranhas pelo perigoso vírus da vaidade pessoal que não respeita hierarquia nem disciplina.

Foto: Meramente ilustrativa